Criados no Mercadão, eles hoje trabalham nos mesmos espaços que um dia foram dos avôs
Desde pequeno ele anda pelos corredores do Mercadão Municipal de Campo Grande. Ronald Kanashiro de Alem, empresário, conta que ainda muito menino a mãe o trazia para o Box cedinho quando ela começava a trabalhar. Era por volta das 3, 4 horas da manhã quando o táxi os deixavam na porta do Mercadão para dona […]
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Desde pequeno ele anda pelos corredores do Mercadão Municipal de Campo Grande. Ronald Kanashiro de Alem, empresário, conta que ainda muito menino a mãe o trazia para o Box cedinho quando ela começava a trabalhar. Era por volta das 3, 4 horas da manhã quando o táxi os deixavam na porta do Mercadão para dona Nésia começar o batente.
Enquanto ela organizava os legumes e as verduras, Ronald dormia em um colchonete estendido no chão. Hoje com 43 anos, o bem-sucedido empresário se lembra do tempo em que a mãe – a japonesa mais bonita de Campo Grande – assumiu o negócio dos avôs, que ia de mal a pior. “Minha mãe começou a trabalhar com 23 anos. Os negócios não iam bem. Tinha muitas dividas. Então ela assumiu, e meus avôs deixavam de trabalhar”, conta.
O hortifruti que começou ainda na época em que o Mercadão era uma feira livre foi perdendo força, mas dona Nésia assumiu a banca e logo a freguesia começou a voltar. Kanashiro conta que a simpatia e a beleza da mãe sempre foram pontos fortes e em pouco tempo eles vendiam um caminhão de batatas inglesas por semana. “A mãe era muito bonita e muito simpática. Chamava a atenção. Muita gente vinha só para comprar com a Nésia do Mercadão”, diz.
O menino foi crescendo, em meio aos legumes, as frutas e as brincadeiras no corredor. “Eu estudava na Mace. Ai eu saia da escola, tomava banho de canequinha no bar da esquina, que era da dona Isabel”, conta.
E assim ele cresceu até completar 18 anos e ir para o Japão. Lá ficou até 1996, quando veio de férias e acabou ficando. “Após os 7 anos de muito trabalho conseguiu juntar um bom dinheiro. Comprei um Kadett, zerinho. Fiquei me achando, tava com carro zero, com grana. Ai eu troquei o Kadett pelos boxes 47,48 e 49. Que são o meu negócio hoje”, conta.
A foto do carrão, que era sonho de consumo de muita gente na época, ela guarda em um álbum como lembrança de tudo que o carro se transformou. O açougue hoje vende 100 vacas por semana, são 18 toneladas de carne, e emprega 27 pessoas com carteira assinada.
Primeira geração diplomada
Orlando Cândido de Siqueira Filho, de 24 anos, vai ser o primeiro da família a ter um curso superior. O jovem que desde os 14 anos ajuda o pai no box do Nilo vai se formar em educação física e conta que não pretende deixar de ajudar a família. “Vou tentar conciliar. Quero dar aula, mas sempre que puder vou estar aqui ajudando”, conta.
O Box que hoje é do pai dele, do tio e do avô, ocupa três espaços do corredor direito, para quem entra pela Rua 26 de Agosto. Mas o lugar já foi bem menor. Eles, assim como muitas famílias ali, começaram pequeno, foram crescendo aos poucos e toda a família é inserida no negócio.
Olimpio Candido de Siqueira, de 76 anos, conta que começou com apenas um Box há tanto tempo que ele já nem se lembra mais. De inicio, tinha um sócio, que depois desistiu do negócio e ele tocou sozinho, até os filhos o acompanharem.
Hoje, os filhos e o neto que tocam o Box que vende os mesmos produtos de sempre: queijo, manteiga, rapadura de leite, de cana, geleia de mocotó, são os principais atrativos. E tem não troca a barraquinha por nada.
Dona Marisa de Castro Alves Sá, de 78 anos, conta que o pai adorava comprar na barraquinha do Nilo, e hoje, ela mantém a tradição. “Papai só comprava aqui. O queijo e o requeijão do Nilo ele mandava de presente para os parentes de fora. Era o mimo do Mato Grasso do Sul”, diz.
A qualidade sempre perfeita são as marcas do boxe, diz Olimpio, que desde o inicio não troca de fornecedor e cuida para que tudo seja com sempre foi.
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