Copa ‘esquenta’ aplicativos de paquera no Brasil

O canadense Clayton James, de 22 anos, está no Brasil com mais três amigos para a Copa do Mundo. Eles vieram não só para acompanhar algumas partidas do torneio e aproveitar o clima de festa, mas também para matar a curiosidade sobre as brasileiras. Para isso, James lançou mão de um aplicativo. Há um ano, […]

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O canadense Clayton James, de 22 anos, está no Brasil com mais três amigos para a Copa do Mundo. Eles vieram não só para acompanhar algumas partidas do torneio e aproveitar o clima de festa, mas também para matar a curiosidade sobre as brasileiras. Para isso, James lançou mão de um aplicativo.

Há um ano, ele usa o Tinder, um programa para celular em que pessoas avaliam os perfis umas das outras e indicam aquelas que despertam seu interesse. Se a atração for mútua, os usuários trocam mensagens entre si para se conhecerem melhor e até marcar um encontro.

“Como a Copa do Mundo atrai um público predominantemente masculino, assim fica mais fácil conhecer garotas”, diz James, que chegou a sair com algumas brasileiras que conheceu pelo aplicativo.

“O meu perfil diz que sou do Canadá e isso parece atrair muitas meninas. Uma delas inclusive parecia mais disposta a me encontrar do que o normal porque disse que nunca tinha conhecido um canadense.”

Paquera

James não é exceção. Muitos dos brasileiros e dos 600 mil estrangeiros esperados no país durante a Copa do Mundo estão recorrendo a aplicativos de paquera. O número de usuários só do Tinder no Brasil aumentou quase 50% desde o começo da competição.

“Esperávamos um aumento, mas não tão alto assim”, diz Rosette Pambakian, porta-voz do Tinder, que não divulga números exatos. “Isso fez com que o país superasse a Austrália como o nosso terceiro maior mercado, atrás dos Estados Unidos e do Reino Unido”.

Foi por causa da Copa que a paulista Valentina (nome fictício), de 33 anos, resolveu dar mais uma chance ao programa. Ela conta que usou o Tinder quando o aplicativo ficou conhecido por aqui no ano passado, mas que estava quase abandonando o programa porque “o nível caiu muito de uns tempos para cá”.

“Mudei de ideia porque a Copa do Mundo é uma chance de conhecer gente do mundo inteiro”, diz ela.

“Adoro conhecer pessoas de outros países e ajudá-las quando estão por aqui. Tentei ser voluntária. Como não consegui, resolvi usar o aplicativo.”

Valentina se encontrou com um suíço e um americano, mas diz ter ficado só no bate-papo nas duas ocasiões.

“Não tem tanto aquela coisa de pegação. Com o suíço, ele levou um amigo e eu, uma amiga, para assistirmos a um jogo num bar. A noite acabou só de manhã, mas na padaria, com todo mundo tomando café da manhã junto”, diz.

Superando barreiras

O inglês Stuart Pennycook, de 25 anos, considera que uma das vantagens de um programa de paquera é superar a barreira do idioma.

Isso porque é possível usar um tradutor online para traduzir mensagens e se comunicar com pessoas em outra língua, algo nada prático em um encontro cara a cara.

“Fica bem mais fácil bater papo, mas não resolve tudo. Demorei para entender que ‘rsrs’ significa ‘risos’”, diz ele.

Pennycook se inscreveu no Tinder em março e resolveu usá-lo por aqui não só para conhecer brasileiras, mas também para descobrir os melhores lugares para sair à noite. A estratégia vem dando certo.

“Bem mais meninas retribuíram meu interesse aqui do que na Inglaterra”, diz ele.

Pennycook nunca tinha se encontrado com uma mulher que conhecera pelo programa até vir ao Brasil para a Copa. Quando estava em Brasília, levou seus amigos para seu primeiro encontro com uma moradora da cidade e suas amigas. Mas nem sempre a tecnologia garante uma boa noite.

“Foi divertido. Mas também foi mais estranho do que pensava que seria quando conversávamos pela internet. Uma das meninas disse que meu amigo era a cara do príncipe Charles, o que deixou ele bem bravo. Na verdade, ela queria dizer príncipe William, o que é só um pouquinho melhor”, diz Pennycook.

“Também tive problemas porque só tinha internet Wi-Fi no celular, então, quando uma menina marca com você na Vila Madalena [bairro boêmio de São Paulo escolhido com ponto de encontro de muitos torcedores durante a Copa], fica inviável.”

A paulista Loana Alves, de 32 anos, também tentou a sorte no Tinder, mas acabou não se encontrando com ninguém. Ela diz que os estrangeiros “são mais lentos” do que os brasileiros.

“Ou estão muito bêbados quando você fala com eles”, diz ela.

Fora do armário

Não foram só os torcedores heterossexuais que recorreram a programas de celular durante a Copa. Aplicativos como o Grindr e o Hornet são voltados para o público gay. O Grindr teve um aumento de 31% de usuários no Brasil nas últimas duas semanas.

“Isso não me surpreende”, diz Joel Simkhal, criador do Grindr. “Há cada vez mais jogadores saindo do armário, então, sejam torcedores ou atletas, há gays entre eles.”

Que o diga o gaúcho Douglas Rodriguez, de 22 anos. Ele diz que, desde que a Copa começou, tem saído “três ou quatro vezes por semana” com homens que conheceu pelo Grindr.

“Tem argentino brotando do chão em Porto Alegre, mas também muitos franceses e americanos, todos muito gentis e bonitos”, diz ele.

“Não sou de sair para a balada nem para bar, então, usar o aplicativo pra mim é mais cômodo.”

Nesse encontro com diferentes nacionalidades, Rodriguez notou algumas diferenças em relação aos estrangeiros.

“Os brasileiros enrolam demais antes de um encontro, mas depois somem e nem querem saber seu nome. Os estrangeiros são mais objetivos, mas trocam contatos, convidam você para conhecer o país deles. Parecem menos preocupados com o que os outros vão achar.”

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