#CGR115: Bem longe da ‘modernidade’ da cidade, cinema transmitia filmes de Faroeste na Capital
Quem vê e passa pela movimentada Avenida Júlio de Castilho, em Campo Grande (MS), nem imagina que um dia a via não tinha asfalto e contava com fluxo de carros de bois, em vez de ônibus e outros veículos. Um cenário tão distante do atual e, da mesma maneira, difícil de imaginar que nas imediações […]
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Quem vê e passa pela movimentada Avenida Júlio de Castilho, em Campo Grande (MS), nem imagina que um dia a via não tinha asfalto e contava com fluxo de carros de bois, em vez de ônibus e outros veículos. Um cenário tão distante do atual e, da mesma maneira, difícil de imaginar que nas imediações havia um cinema.
Atualmente o antigo cinema deu lugar a casas e comércios no Bairro Santo Amaro, mas em 1970 era endereço do Cine Estrela, que funcionou por seis anos. Mesmo, até então, distante do centro da cidade, o cinema atraía muita gente.
O engenheiro Celso Higa, de 60 anos, era um desses frequentadores assíduos. Da época, ele lembra a ‘saga’ para chegar até o Cine Estrela. “Eu e uma turma de amigos tínhamos que pegar um ônibus na Praça Ary Coelho, local ainda não asfaltado e poeirento. Na época ficava longe. Era uma aventura assistir a filmes lá”, recorda-se.
Na grade de filmes, os de faroeste eram a grande atração. Acabava que a falta de modernidade somava aos efeitos especiais do filme. “Devido à precariedade no sistema de ventilação, o cinema deixava as duas portas laterais abertas. Quando passava uma cena de corrida, em que levantava poeira, parecia que víamos a poeira, mas na verdade era apenas a poeira do Santo Amaro”, brinca.
De acordo com o livro “Salas dos Sonhos”, das jornalistas Marinete Pinheiro e Neide Fischer, em virtude da falta de programas e atividades de lazer na cidade, ainda pouco explorada, a ida ao cinema distante se tornava muita atrativa.
Diferentemente de hoje em dia, que os cinemas atuais exibem determinado filme por semana, quem queria assistir alguma produção tinha que correr, pois os filmes no Cinema Estrela eram substituídos a cada três dias.
Com pouca estrutura, o Estrela contava com poucos funcionários. O operador do projeto era o mesmo que atendia a bilheteria, por exemplo. O ‘ar’ interiorano, relembra Higa, era bem presente no cinema, mas atraía muita gente e enfrentava a concorrência das salas do centro da cidade.
O improviso existia e dava certo. Quando o cinema ficava cheio, o dono do cinema pedia cadeira emprestava para o vizinho, segundo a jornalista.
Ao ser questionado sobre o cinema, Celso Higa se lembra desde as idas ao cinema até o motivo do nome. “O cinema ficava do lado de uma padaria, que ainda existe hoje, com outro nome, que se chamava Estrela, na época”, conta.
O Cine Estrela, fechado em 1978, tornou-se mais uma casa, dentre outras tantas na região, agora já asfaltada e movimentada. O cinema ficava a uma quadra da Júlio de Castilho, na Rua Oiapoque.
#CGR115: aniversário de Campo Grande
Em comemoração do aniversário dos 115 anos de Campo Grande, o Midiamax realizou uma série de reportagens sobre pontos e características da Cidade Morena. Ao longo da semana serão publicadas reportagens especiais sobre os cinemas da Capital.
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