Amazônia: desmatamento em junho chega a 94 campos de futebol
O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) registrou no mês de junho deste ano 843 quilômetros quadrados desmatados dentro dos limites da Amazônia Legal. Para se ter ideia de volume, isso quer dizer aproximadamente 94 campos de futebol de floresta a menos. Na análise estatística […]
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O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) registrou no mês de junho deste ano 843 quilômetros quadrados desmatados dentro dos limites da Amazônia Legal. Para se ter ideia de volume, isso quer dizer aproximadamente 94 campos de futebol de floresta a menos. Na análise estatística dos dados, o Imazon considera desmatamento a “supressão total da floresta para outros usos alternativos de solo”.
Esses 843 quilômetros quadrados representam um aumento de 358% em relação ao mesmo mês no ano passado, quando o SAD registrou 184 quilômetros quadrados desmatados.
A Amazônia Legal é uma área de abrangência de rios e vegetação amazônicos, envolvendo nove Estados brasileiros. Corresponde a 59% do território do País. Este conceito foi criado pela lei 1.806 de 6 de janeiro de 1953, para que o governo federal pudesse dar conta de criar políticas públicas protetiva e de uso consciente desse patrimônio natural.
Os dados de junho constam do último balanço divulgado esta semana pelo Imazon, que faz o monitoramento mensal do desflorestamento na Amazônia Legal. O Imazon lê os dados colhidos pelo satélite americano de observação da terra, da Nasa, o Landsat 8 (Landsat Data Continuity Mission), que transita na órbita terrestre desde fevereiro de 2013.
Para saber quanto do desmatamento captado pelo Landsat 8 representa a derrubada ilegal de árvores na Amazônia Legal, teria que ser feito um tratamento dos dados em todo o limite deste território. “Mas hoje em dia isso não está sendo feito e o que temos é uma falsa ideia de legalidade e controle”, assegura a cientista política francesa Alice Thuault, coordenadora da Transparência Florestal pelo Instituto Centro de Vida (ICV), em Mato Grosso.
Segundo Alice, preocupado com isso, o ICV solicitou as autorizações de desmatamento expedidas pela Secretaria de Meio Ambiente (Sema) em 2011 e 2012 e constatou que, no Estado, quase a totalidade do desmate dentro da Amazônia Legal é ilegal. “Fizemos o cruzamento de dados e detectamos que em 2011 o desmatamento ilegal na Amazônia Legal, dentro de Mato Grosso, foi de 98% e em 2012, 90%”. Para Alice Thuault, “essa falta de controle é um problema muito grande”. Ela diz ainda que o Imazon apenas articula os dados que o satélite disponibiliza, mas não com intuito de fiscalização ou de coibir a prática. “Isso é uma tarefa governamental”.
A superintendente de Geoinformação e Monitoramento Ambiental da Sema, Elaine Cursini, assegura que o governo do Estado faz o cruzamento de dados para consumo interno, mas não publica essas informações, porque isso demandaria outros investimentos. “Não temos pessoal nem tempo para produzir relatório de monitoramento, mas fazemos sim a análise de dados, para consumo interno e orientar políticas públicas.”
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