Tragédia no Egito completa 1 ano sem respostas ao mundo
Há exatamente um ano, 1° de fevereiro de 2012, o Egito era palco de uma das maiores tragédias já ocorridas em um campo do futebol. Em meio ao jogo entre Al-Masry e Al-Ahly, realizado no Estádio Bür Said pelo Campeonato Egípcio, uma briga generalizada entre os torcedores dos dois lados deixou 74 mortos, além de […]
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Há exatamente um ano, 1° de fevereiro de 2012, o Egito era palco de uma das maiores tragédias já ocorridas em um campo do futebol. Em meio ao jogo entre Al-Masry e Al-Ahly, realizado no Estádio Bür Said pelo Campeonato Egípcio, uma briga generalizada entre os torcedores dos dois lados deixou 74 mortos, além de mais de mil feridos e uma grande dúvida na comunidade internacional: qual a origem da tragédia, que seguramente poderia ter sido evitada?
Na ocasião, Al-Masry e Al-Ahly se enfrentavam pelo Campeonato Egípcio. O time visitante abriu o placar aos 11min do primeiro tempo, com gol do brasileiro Fábio Júnior. No entanto, após o intervalo, o Masry virou e venceu por 3 a 1, com dois gols de Momen Zakaria (27min e 38min) e um de Abdoulayé Cissé (47min). Marcada pela tensão entre os dois lados desde antes do pontapé inicial, a partida viu uma invasão de campo após o apito final se transformar em briga generalizada.
O fato em Port Said aconteceu justamente no momento em que o Egito era o foco da chamada Primavera Árabe. Iniciada em dezembro de 2010, a onda de democratização se iniciou na Tunísia, passou por Argélia, Iêmen, Jordânia e outros países entre o Norte da África e o Oriente Médio. Em meio aos egípcios, o epicentro dos protestos aconteceu em 11 de fevereiro de 2011 com a renúncia do presidente Hosni Mubarak, no poder desde 1981. O país passou a ser governado pelo Marechal Mohamed Hussein Tantawi, apontado por um corpo de oficiais do exército para assumir a presidência – a qual só deixou em junho de 2012, após a eleição de Mohamed Morsi.
Mas quais as reais razões da tragédia no futebol? Do lado do Al-Ahly, as opiniões apontam a uma rixa esportiva entre os torcedores dos times do Cairo (caso da equipe) e os das outras cidades (como o Al-Masry), justamente em um momento já complicado para a população. Do lado do Al-Masry, a acusação acrescenta aos argumentos um levante governamental, promovido por partidários de Hosni Mubarak.
Mas a crise não parou por aí. Diante dos problemas em Port Said, a justiça egípcia julgou e condenou 21 responsáveis. Resultado: mais protestos na cidade, com 30 mortos – o que não surpreende quem estava no estádio no dia do jogo.
“Eu estava com um diretor do clube dois dias antes do jogo. Veio o secretário de segurança da cidade na minha frente e falou: tem portões em tal lugar, tem que ser fechado. Esse cara está preso hoje”, disse o empresário egípcio-brasileiro Mohamed Darwich, 29 anos, nascido em Port Said. Em depoimento, Mohamed alertava antes dos julgamentos do último dia 26, no Cairo, para a tensão esperada.
“As famílias dos mortos juraram que, se o julgamento não tiver morte, eles vão invadir e vão matar eles (juízes). O negócio está insuportável. O clima está de muita tensão lá. O negócio vai ser injusto”, disse. “Como é que um julgamento como esse é feito? Não teve câmeras que registraram quem estava matando essas 70 pessoas. Não teve nenhuma câmera. Eles utilizaram versões de pessoas – é só trazer outras pessoas pra desmentir. Não tem lógica nisso. Infelizmente, eles estão utilizando essas pessoas que estão presas agora para um julgamento político. Deveria ser um julgamento individual.”
Ainda que associe o Al-Ahly a Mubarak, uma vez que o antigo presidente demonstrava preferência pela equipe, o empresário garante que não houve participação de jogadores dos times em qualquer momento do incidente – os atletas da equipe de Cairo inclusive ajudaram nos socorros às vítimas e tentaram ajudar a conter os ânimos da torcida. Não por acaso, o Ahly – que conquistou a Liga dos Campeões da África na temporada – foi ao Mundial de Clubes no Japão buscando sua reconstrução dentro dos gramados, pregando respeito às vítimas e deixando de lado a política.
“Passamos por uma situação crítica no Egito, com muitos mortos da nossa torcida. Decidimos representar a alma dessas pessoas na Liga dos Campeões da África e vencemos”, comentou o técnico Hossam El-Badry, que substituiu o português Manuel José em maio de 2012 – José era o treinador da equipe na época do incidente. “Foi uma tragédia o que aconteceu, muitos de nossos fãs morreram e isso foi um acontecimento para se esquecer no futebol egípcio”, reforçou Magdy Tdba, dirigente da equipe.
Passado um ano do desastre, o Egito ainda é palco de protestos em busca de democracia. Por cidades como Cairo, Suez, Alexandria e Port Said, milhares de manifestantes tomam as ruas. O esporte egípcio ainda busca uma reconstrução. E o esporte mundial espera uma resposta: o que exatamente aconteceu naquele dia 1º de fevereiro de 2012, dentro e fora do Estádio Bür Said?
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