Rússia indicia outros ativistas do Greenpeace por ‘pirataria’
A justiça russa indiciou nesta quinta-feira por “pirataria” outros quatro ativistas do Greenpeace, em sua maioria estrangeiros, enquanto doze ainda esperam uma decisão. Na quarta-feira, quatorze ativistas, incluindo a bióloga brasileira Ana Paula Maciel, detida na semana passada ao lado de outros 25 integrantes da organização após uma ação contra uma plataforma de petróleo no […]
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A justiça russa indiciou nesta quinta-feira por “pirataria” outros quatro ativistas do Greenpeace, em sua maioria estrangeiros, enquanto doze ainda esperam uma decisão.
Na quarta-feira, quatorze ativistas, incluindo a bióloga brasileira Ana Paula Maciel, detida na semana passada ao lado de outros 25 integrantes da organização após uma ação contra uma plataforma de petróleo no Ártico, fora indiciados.
Na Rússia, o crime de pirataria pode ser punido com uma pena de entre 10 e 15 anos de prisão.
Kumi Naidoo, diretor executivo do Greenpeace International, denunciou uma decisão “irracional, que pretende intimidar e silenciar” a organização.
Nesta manhã, os dezesseis outros detidos a bordo do Artic Sunrise foram levados ao Comitê de Investigação de Murmansk (noroeste).
No início da tarde, quatro pessoas, a dinamarquesa Anne Mie Roer Jensen, o neozelandês Jonathan Beauchamp, o fotógrafo russo Denis Siniakov, e um porta-voz russo da ONG, Andre¯ Allakhverdov, foram acusados formalmente, segundo a conta do Twitter do Greenpeace.
A detenção de Siniakov, um fotografo free-lance que trabalhava no momento da operação do Greenpeace, provocou comoção na Rússia.
A imprensa russa expressou sua solidariedade com o fotojornalista que já trabalhou para a AFP e a Reuters.
Segundo a ONG, cerca de 800.000 pessoas, mais de 100 ONGs e personalidades como o ator britânico Ewan MacGregor e o cantor russo Iuri Chevtchuk, assinaram um pedido para a libertação dos ativistas.
Os advogados dos trinta militantes formularam um recurso contra a sua detenção, indicou um porta-voz do tribunal Leninski de Murmansk.
Os 30 ativistas estão detidos em Murmansk e proximidades, noroeste da Rússia, desde 19 de setembro, quando um comando da guarda costeira russa abordou o barco, o ‘Arctic Sunrise’, no qual navegava pelo mar de Barents (Ártico russo).
Vários ativistas tentaram escalar uma plataforma petroleira da empresa russa Gazprom para denunciar o risco ecológico da atividade petroleira.
O Comitê de Investigação russo, responsável pelas investigações criminais, iniciou processos por pirataria.
Os militantes negaram as acusações e atribuíram à Rússia uma ação ilegal no barco em águas internacionais.
O presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu na semana passada que os militantes não são piratas, mas violaram “as normas da lei internacional”.
Após as declarações, o comitê de investigação informou que as acusações poderiam ser reduzidas durante a investigação.
Contudo, um porta-voz do Kremlin advertiu quarta-feira à noite que Putin expressou “sua opinião pessoal”, mas que ele “não é nem investigador, nem procurador, nem juiz, nem advogado”.
O governo brasileiro anunciou na terça-feira que instruiu o embaixador do país em Moscou, Fernando Mello Barreto, a assinar uma carta de garantia que “deverá contribuir para o encaminhamento positivo do caso”.
O ministério das Relações Exteriores informou à AFP que a carta de garantia assegura que Ana Paula Maciel comparecerá a todas as audiências da investigação.
De acordo com Alexander Morozov, chefe de redação do site Rousski Journal, “a severidade das acusações está relacionada com o fato do Kremlin estar convencido que, por trás das ações do Greenpeace, se desenvolve um ‘complô mundial’”.
“As autoridades russas acreditam que não se trata de associações civis, e sim de artimanhas da CIA, que é um ‘comando’”, declarou à AFP.
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