França é criticada por expulsar estudante de 15 anos para o Kosovo

O governo francês, num esforço para evitar mais constrangimentos diante de reações generalizadas de ultraje, disse na quarta-feira que está investigando o tratamento dado a uma garota de 15 anos detida pela polícia diante de seus colegas de classe para que ela e sua família pudessem ser expulsas a Kosovo como imigrantes ilegais.

A garota disse à televisão francesa que quer retornar à França e à escola. Ela descreveu a vergonha que sentiu quando foi levada pela polícia de um ônibus escolar, na volta de uma viagem de estudos da escola.

De acordo com o ativista Jean-Jacques Boy, a família Dibrani deixou Kosovo cinco anos atrás porque é cigana e enfrentava discriminação e poucas oportunidades. Boy trabalha com famílias imigrantes na região de Doubs, no leste da França, onde a família vivia.

O Ministério do Interior disse na quarta-feira que o pedido de asilo dos Dibrani foi rejeitado, portanto eles não tinham mais direito de ficar no país. A família teria se negado repetidas vezes a partir, então em 8 de outubro a polícia deteve o pai e o expulsou para Kosovo. A polícia também deteve a mãe e cinco filhos do casal, mas uma das filhas estava viajando com a escola.

O Ministério diz que a polícia estava à espera do ônibus da escola quando ele retornou da viagem. A garota, Leonarda, de 15 anos, estava chorando e aflita. “Ela estava desanimada quando desceu do ônibus”, disse Boy, e os professores e outros alunos também teriam ficado consternados com o incidente.

Leonarda, seus irmãos e sua mãe foram mandados para Kosovo em 9 de outubro. Falando ao telefone com a emissora de TV francesa BFM desde Mitrovica, no norte de Kosovo, na quarta-feira, Leonarda descreveu como foi escoltada do ônibus.

“Uma professora me mandou dizer adeus a meus colegas. Falei a ela que não era justo.” Leonarda disse que sua vida virou um pesadelo e que só o que ela quer é voltar para a França com sua família.

O primeiro-ministro pediu uma investigação sobre o modo como ela foi detida e disse que, se forem constatadas abusos, a família será trazida de volta à França para mais investigações.

A rede Educação Sem Fronteiras descreveu a expulsão como revés para seus esforços para manter imigrantes ilegais na escola e protegê-los contra intervenções policiais.

O incidente também é um constrangimento para o presidente socialista François Hollande e seu governo, que retrata a França como refúgio seguro para os oprimidos do mundo e distanciou-se da política intransigente de seu predecessor conservador, Nicolas Sarkozy, em relação aos rom e outros imigrantes.

Conservadores defenderam a expulsão, dizendo que a polícia estava apenas aplicando a lei. O ministro da Educação disse que as escolas devem oferecer refúgio, e não expor menores de idade à possibilidade de serem detidos.