EUA investigam operação ilegal na venda da Heinz a Warren Buffett e brasileiros
A Securities and Exchange Commission (SEC), órgão regulador dos mercados nos EUA, investiga uma negociação “incomum e altamente suspeita” de ações da empresa Heinz, feita no início da semana. Um volume elevado de papéis da Heinz foi negociado antes de o grupo anunciar ter sido vendido a fundos do bilionário Warren Buffett e dos brasileiros […]
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A Securities and Exchange Commission (SEC), órgão regulador dos mercados nos EUA, investiga uma negociação “incomum e altamente suspeita” de ações da empresa Heinz, feita no início da semana.
Um volume elevado de papéis da Heinz foi negociado antes de o grupo anunciar ter sido vendido a fundos do bilionário Warren Buffett e dos brasileiros donos da Ambev , na quinta feira (14), num negócio de US$ 28 bilhões. A suspeita é de que houve vazamento de informações privilegiadas sobre a aquisição.
A agência reguladora confirmou a investigação, após o encerramento do pregão desta sexta-feira nos EUA. “A SEC obteve uma ordem emergencial da corte para congelar ativos da conta de um operador em Zurique, Suíça, usada para alocar mais de US$ 1,7 milhão de negócios feitos antes do anúncio da aquisição da H.J. Heinz Company”, diz nota da agência.
Após o anúncio da venda, as ações da Heinz dispararam aproximadamente 20% nas bolsas americanas. No negócio, a empresa foi avaliada em US$ 72,50 por ação, bem acima da cotação no pregão anterior ao anúncio, quando os papéis eram negociados a US$ 60,48.
Dados da agência de informações Bloomberg mostram que negócios envolvendo “opções de ações” da Heinz dispararam na quarta-feira (13), véspera do anúncio da venda. As opções permitem que investidores apostem na alta de um papel, sem se comprometer a comprá-lo – eles, entrentanto, passam a ter direito a adquiri-lo por um preço pré-acordado, numa data futura.
Segundo a SEC, o volume dos negócios e a data em que foram feitos são “altamente suspeitos”. Os operadores investigados, cujos nomes não foram divulgados, não tinham histórico de comprar ações da Heinz nos últimos seis meses, informa a agência.
“Negócios irregulares e altamente suspeitos envolvendo opções de ações, feitos antes do anúncio de uma grande aquisição, são uma séria bandeira vermelha de que operadores se beneficiaram de informações que não eram públicas,” disse Daniel M. Hawke, chefe da divisão de investigação de abuso de mercado da SEC, em nota divulgada pelo órgão.
“Se as investigações se tornarem mais amplas, uma sombra poderá ser lançada sobre o negócio”, diz texto do jornal New York Times, primeiro veículo que divulgou a investigação. “As autoridades se voltarão para o pequeno número de pessoas envolvidas no processo que poderiam ter alertado operadores sobre a negociação”, afirma o jornal.
A medida tomada pela SEC garante que lucros potencialmente ilegais não sejam sacados enquanto a investigação da movimentação ilegal continuar. “Apesar dos desafios logísticos para investigar negociações envolvendo contas em outros países, nós agimos rapidamente para localizar e congelar os ativos destes operadores sob suspeita, que agora terão que se explicar à Justiça caso queiram a liberação dos valores”, diz Sanjay Wadhwa, diretor da SEC, em nota.
Segundo a agência Reuters, Jorge Paulo Lemman, fundador da 3G Capital, tem residência na Suíça desde os anos 1990. Ele não é citado em nenhuma irregularidade envolvendo o acordo desta semana.
As empresas e fundos envolvidos foram contatados pelo iG . A Heinz afirma que não vai comentar a investigação. O fundo 3G Capital, controlado pelos brasileiros donos da Ambev, e a Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, também afirmaram que não vão se pronunciar sobre o caso.
Outros episódios
Este é o segundo caso controverso em dois anos envolvendo a Berkshire. Em março de 2011, o conglomerado de Buffett fechou a compra da empresa química americana Lubrizol por US$ 9 bilhões. Menos de três semanas depois, a Berkshire comunicou que seu executivo David Sokol estava se demitindo, além de revelar que ele havia comprado ações da Lubrizol enquanto pressionava Buffett para levar o negócio adiante. A SEC arquivou a investigação do caso no começo do ano.
Além disso, em novembro, um investidor brasileiro que usou informação privilegiada para comprar opções de ações do Burger King , também adquirido pelos donos da Ambev pouco depois, acabou condenado a pagar mais de US$ 5,1 milhões.
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