Eldorado Brasil é multada em R$ 270 mil pelo Imasul por mau cheiro
A Eldorado Brasil, indústria de celulose de Três Lagoas, foi multada em R$ 270 mil pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) por não cumprimento de algumas condicionantes previstas na licença ambiental. O valor da autuação foi anunciado na noite de ontem, em coletiva à imprensa coordenada pela fiscal do Imasul, […]
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A Eldorado Brasil, indústria de celulose de Três Lagoas, foi multada em R$ 270 mil pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) por não cumprimento de algumas condicionantes previstas na licença ambiental.
O valor da autuação foi anunciado na noite de ontem, em coletiva à imprensa coordenada pela fiscal do Imasul, Délia Villamayor Javorka. De acordo com ela, a autuação foi resultado de uma série de estudos, análises de relatórios e também vistorias nas principais indústrias de Três Lagoas , iniciada na primeira quinzena de setembro, quando um mau cheiro tomou conta da cidade e levou dezenas de pessoas ao hospital.
O Imasul, explicou a fiscal, não conseguiu autuar a empresa pelo acidente registrado na data, 16 de setembro por falta de uma legislação específica para odores no Brasil. Entretanto, durante as vistorias, a equipe técnica detectou que a empresa seria a única naquela que foi chamada ‘rota do odor’, além de apresentar alterações nos equipamentos de monitoramento – a rede de percepção de odores da Eldorado Brasil não funcionou à contento como deveria no dia do acidente – , entre outras condicionantes previstas na licença ambiental.
A inversão climática registrada naquele dia, em que os ventos trouxeram o cheio para o perímetro urbano também foram apontados como determinantes para o acidente. “Talvez, se não tivéssemos aquelas condições climáticas, de inversão térmica, com nuvens espessas, poderíamos nem ter sentido o mal cheiro”, completou.
Investigação
A constatação do Imasul foi por exclusão. Quando do registro do mal cheiro, o instituto reuniu relatórios de todas as grandes indústrias da cidade. Em seguida, especialistas afirmaram que o produto responsável pelo mau cheiro era o Metanol. Com isso, a investigação passou a concentrar-se em três indústrias que trabalham com o produto: Cargill, Fibria e Eldorado Brasil.
Mas, foi a localização das unidades que fez com que o Imasul apontasse a Eldorado como a responsável pela produção do mal cheiro. “A roda do odor foi traçada a partir do cruzamento de informações obtidas junto ao Corpo de Bombeiros, Samu, polícias e secretarias de Meio Ambiente e Saúde. Em seguida, analisamos os dados das três estações de monitoramento da qualidade do ar: Parque São Carlos, da Fibria; no Senai, da Petrobras e outra na 1ª DP, da Eldorado, sendo que esta foi a que apresentou alterações, assim como aquela região foi onde mais reclamações foram registradas”, esclareceu.
As investigações duraram cerca de um mês. Nesse período, o Imasul chegou a solicitar da empresa de consultoria Poÿry uma analise sobre o caso. Entretanto, esta recusou o convite por questões pessoais – a empresa de consultoria é a autora do Estudo de Impactos Ambientais (Eia-Rima) do processo de ampliação e construção da segunda linha de produção da Eldorado Brasil.
O metanol, informou a fiscal, é utilizado no processamento da celulose. A suspeita é de que o mal cheiro tenha sido resultado de uma falha no processo de queima desse produto. “O metanol é um subproduto da celulose. Depois de gerado no processo fabril, ele é queimado, tanto para que se tenha um abatimento desses gases mau cheirosos quanto para o ganho energético.
Trata-se de um processo normal, realizado na área de evaporação. Os relatórios de emissão mostraram alterações ao equipamento de monitoramento. Uma vez que não tem regularidade nessas emissões, pode ter acontecido, embora esteja dentro dos parâmetros legais, essa emissão do odor”.
A empresa terá o prazo de 20 dias para recorrer da decisão. Caso queira comprovar ao Imasul que não partiu dela o mau cheiro, a Eldorado terá de contratar uma empresa de consultoria e apresentar os resultados ao Imasul. Além da multa, a Eldorado Brasil terá de readequar todas as condicionantes em que foram encontradas falhas pelo Instituto do Meio Ambiente.
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