Construtores de casas para venda reclamam que demora da Prefeitura já causa prejuízo

Emissão de documento municipal estaria enrolando fechamento de negócios e entrega de casas construídas para venda financiada, segundo empreendedores.

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Emissão de documento municipal estaria enrolando fechamento de negócios e entrega de casas construídas para venda financiada, segundo empreendedores.

O plano de aposentadoria de Zilfa Gomes Andrekowisk, uma pequena construtora que trabalhou a maior parte da vida na iniciativa privada e resolveu construir casas para vender, está ameaçado. O negócio é lucrativo quando o ciclo com obras, venda e entrega consegue agilidade. Mas, em Campo Grande, assim como ela, outros construtores alegam enfrentar uma demora na liberação do ‘habite-se’. A burocracia tem atrapalhado as vendas.

“Entrei nesse ramo para construir a minha estabilidade na aposentadoria, mas em 2013 ficou uma atividade bem difícil. Já construí 50 casas para vender e nesse negócio preciso de rapidez na entrega, pois busco essa agilidade até na obra, que termino com uma média de cinco meses. Contudo para até a entrega a burocracia só me deixa a casa pronta com mais outros sete meses. O que está acontecendo em relação ao Habite-se em Campo Grande não existe”, desabafa Zilfa.

A empresária, em seu Facebook, também denunciou no dia 25 de outubro que teria sofrido cobrança indevida por parte da Águas Guariroba em ligações de água e esgoto nas casas que construiu no Jardim Itamaracá. De acordo com Zilfa, a concessionária lhe cobrou R$ 297,69 em cada ligação no asfalto, e R$ 165,09 nas residências que ficam na parte onde a rua é de terra.

Das 14 casas que construiu na Rua Padre Mussa Tuma, onze receberam a ligação e três ficaram sem, pois não teriam como ter acesso à rede. Entretanto a concessionária cobrou da empresária a taxa por todas as residências. A entrega das que faltaram, porém está programada apenas para o final de junho.

“As casas estão prontas, tem gente que casou e espera receber as chaves, mas não consigo entregar por conta do Governo. E falo Governo em vários sentidos. A prefeitura nunca demorou tanto para liberar o Habite-se, a Águas Guariroba com esse problema nas ligações, e os bancos que agora elevaram a entrada no financiamento. Sem financiamento ninguém compra. Para uma casa de R$ 130 mil eles querem no mínimo R$ 30 mil, e para me pagar, fazem isso quando querem”, reclama a empresária.

O atraso do sonho

Não é apenas Zilfa que enfrenta problemas com a demora na liberação do Habite-se. De acordo com proprietários do Residencial Ciudad de Vigo, da MRV, engenheiros da obra chegaram a afirmar para alguns dos ‘futuros moradores’ que estaria ocorrendo um boicote ao prefeito por parte de funcionários do órgão respónsável pela emissão do documento

A construtora tem um atraso de quase dois anos na entrega das chaves. Metade dos blocos não está com o Habite-se liberado e outros processos de fiscalização ainda precisam ser feitos pelo poder público municipal na obra. Em virtude do impasse, a MRV negocia desde setembro indenizações com parte dos clientes que compraram imóveis do residencial.

A reportagem questionou a Prefeitura sobre a reclamação. Em resposta, a assessoria de imprensa enviou o link de um texto publicado no dia 18 de outubro que fala sobre as expedições de alvarás de construção e a Carta de Habite-se, onde relata que foram 936 documentos de habite-se expedidos nos últimos quatro meses.

Em relação ao problema da liberação do documento da cidadã e construtora, nada foi informado.

*Material editado às 15h30 para correção de informações

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