Comissão da Verdade de SP declara que JK foi assassinado pela Ditadura

A Comissão Municipal da Verdade de São Paulo, nominada “Comissão Vladimir Herzog” e liderada pela Câmara Municipal, declarou nesta segunda-feira (09) que não há dúvidas sobre o assassinato do ex-presidente da República, Juscelino Kubitschek, morto num acidente de carro em 1976. Em relatório que será apresentado nesta terça-feira (10) na Câmara, o presidente da comissão, […]
| 09/12/2013
- 23:15
Comissão da Verdade de SP declara que JK foi assassinado pela Ditadura

A Comissão Municipal da Verdade de São Paulo, nominada “Comissão Vladimir Herzog” e liderada pela Câmara Municipal, declarou nesta segunda-feira (09) que não há dúvidas sobre o assassinato do ex-presidente da República, Juscelino Kubitschek, morto num acidente de carro em 1976.

Em relatório que será apresentado nesta terça-feira (10) na Câmara, o presidente da comissão, vereador Gilberto Natalini (PV), diz ter mais de 90 indícios, evidências e provas de que o JK não sofrera apenas um acidente de carro que o vitimou em 22 de agosto de 1976, durante viagem de carro na Rodovia Presidente Dutra, no .

“Não temos dúvida de que Juscelino Kubitschek foi vítima de conspiração, complô e atentado político. Há provas documentais e testemunhos importantes, em mais de 29 páginas do relatório que será apresentado amanhã”, conta Gilberto Natalini.

 

Há cerca de um mês e meio, a Comissão da Verdade ouviu o depoimento do motorista Josias Nunes de Oliveira, hoje com 69 anos, apontado durante a Ditadura como o responsável pelo acidente que provou a morte do ex-presidente.

Na ocasião do depoimento, Oliveira disse que depois do acidente dois homens ofereceram, na delegacia e na casa dele, dinheiro para que assumisse a culpa pelo acidente de 76.

O motorista dirigia o ônibus Cometa que bateu contra o carro do ex-presidente, matando Kubitschek e o motorista do carro, Geraldo Ribeiro, que na época dirigia o Chevrolet Opala adorado pelo ex-mandatário brasileiro. “Eles foram na minha casa e disseram que se eu não aceitasse o dinheiro e assumisse a culpa, eles bateriam em mim”, declarou aos vereadores Josias Nunes de Oliveira.

 

Além de Josias, a Comissão Municipal ouviu Serafim , que era secretário particular de Juscelino naquela ocasião; Paulo Castelo Branco, que solicitou a reabertura das investigações do caso em 1996; Paulo Oliver, um dos 33 passageiros do ônibus dirigido por Oliveira; e Gabriel Junqueira Villa Forte, filho do proprietário do hotel no qual o ex-presidente ficou hospedado antes do acidente fatal daquela noite.

No depoimento dado à comissão em Agosto, Serafim Melo Jardim disse ter certeza de que JK vinha sendo vigiado. “Acompanhei o presidente desde que voltou do exílio. Sempre que viajávamos ele dizia: “Estão querendo me matar”, afirmou o ex-secretário, que acompanhou JK durante os últimos nove meses de vida.

Na época do acidente, Juscelino Kubitschek tinha 73 anos e havia recuperado os direitos políticos cassados pelo regime militar pouco tempo antes. Ele sempre fora tido como “inimigo dos militares” e “ameaça” à estabilidade política daquele período.

 

Segundo o vereador Gilberto Natalini, a partir desses quatro depoimentos a Comissão começou a investigar o caso e chegou ao veredicto: “Em cima desses depoimentos, fomos atrás de documentos que comprovassem as informações. Descobrimos laudos falsos, erros processuais e de perícia que nos levaram a declarar que Juscelino Kubitschek fora vítima de uma conspiração”, afirma o presidente da comissão.

Os documentos que comprovam a linha de raciocínio defendida pela comissão paulistana serão apresentados em reunião de amanhã, às 11h00 da manhã, na Câmara.

A partir do momento que o relatório for público, a Comissão Vladimir Herzog deve encaminhar esses documentos para , no intuito de que a comissão nacional também declare o assassinato de Juscelino Kubitschek. “É um caso de Justiça para com os brasileiros, a família do ex-presidente e a história do nosso país”, aponta Natalini, que também já foi perseguido político, torturado pelos militares na época do regime de exceção pela operação Oban.

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