Cimi propõe reflexão à morte de líder indígena; para Conselho, situação é triste e complexa
O Cimi (Conselho Indigenista Missionário) propôs uma reflexão acerca da morte do indígena Ambrósio Vilhalva, liderança Guarani Kaiowá, assassinado, a facadas, na madrugada da última segunda-feira (2), na aldeia Guarikoká, em Caarapó, onde morava. Para o Conselho, a situação é “triste e complexa”. Na avaliação da entidade, “expor grosseiramente os fatos relacionados à morte de […]
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O Cimi (Conselho Indigenista Missionário) propôs uma reflexão acerca da morte do indígena Ambrósio Vilhalva, liderança Guarani Kaiowá, assassinado, a facadas, na madrugada da última segunda-feira (2), na aldeia Guarikoká, em Caarapó, onde morava. Para o Conselho, a situação é “triste e complexa”.
Na avaliação da entidade, “expor grosseiramente os fatos relacionados à morte de Ambrósio apenas fragiliza a imagem dos indígenas e reforça os estereótipos que a hegemonia da elite agrária sul-mato-grossense insiste em vincular aos povos Guarani”.
É preciso, diz o texto divulgado na página do Cimi, “ser mais complexo e justo com a história”. E é por isso que uma reflexão mais detalhada foi proposta. Segundo informações preliminares, Ambrósio teria sido assassinado por indígenas e não por pistoleiros.
O cacique, que vinha se tornando cada vez mais hostil com a comunidade, já havia sido alertado sobre os problemas com o uso compulsivo de bebidas alcoólicas, um dos pontos que o Cimi destaca e abre para discussão.
Os impactos do processo histórico, a luta constante e a perda de território, na interpretação do Conselho, são experiências traumáticas que transformaram, de maneira repentina, o modo de viver dos indígenas. No entender da entidade, a qualidade de vida e o sentido empregado a ela alteram-se profundamente.
Nesse contexto, o suicídio, bem como o uso exagerado de bebidas – uma das “armas” para suportar as tentativas de disciplinamento por parte do Estado – alastrou-se e atingiu centenas de Kaiowa. “Embriagar-se ou matar forjaram-se como saídas. E Ambrósio bebia muito”, informa o Conselho.
Descrito pela Aty Guasu como um líder justiceiro, íntegro, humilde, humorista, sorridente e defensor dos direitos humanos, Ambrósio Vilhalva era conhecido, internacionalmente, como filósofo e “intelectual nativo”.
Se, de uns anos para cá, a hostilidade tomou conta do cacique, pelas condições de vida imposta, a memória, por outro lado, prova que ele não era assim. O Cimi faz questão de destacar: “Ambrósio era um bom yvyra’ja (aprendiz e auxiliar) do pai, seu Papito, tekoa’ruvixa (ou ñanderu, o rezador tradicional Kaiowá) da comunidade”.
Era um bom Yvyra’ja e uma liderança empenhada. Não foi à toa que se tornou conhecido. Em 2008, Ambrósio, segundo divulgado pelo Cimi, foi, ao lado de Mateus Nachtergaele, um dos protagonistas do filme de ficção “Terra Vermelha”, co-produção italiana e brasileira que relata a tragédia Kaiowá. A obra teve cinco nominações e duas premiações.
Morte – Na madrugada do dia 2 de dezembro de 2013, o cacique Ambrósio Vilhalva, de 52 anos, morreu. “Foi assassinado a facadas, as oito e meia da noite do domingo, 1, em sua própria aldeia, a caminho de casa”, narrou o Conselho Indigenista, em sua página oficial.
O crime, de acordo com o jornal Dourados Agora, aconteceu na aldeia Guarikoká, em Caarapó, a 273 quilômetros de Campo Grande. Segundo a polícia, na noite anterior ao crime, Ambrósio estava com um grupo de pessoas, em uma confraternização dentro da comunidade. Horas depois voltou para casa sangrando, caiu no quarto e morreu.
Segundo o jornal, o indígena apresentava dois ferimentos, um no pescoço e outro no peito, provocados por objeto pontiagudo. Uma faca, supostamente utilizada no crime, foi apreendida. O caso ainda está sendo investigado.
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