Superintendente interino do Dnit/MS diz que não vai compactuar com interferências
Diretor fez afirmação ao responder questionamentos sobre irregularidades graves nas rodovias do MS apontados pelo TCU
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Diretor fez afirmação ao responder questionamentos sobre irregularidades graves nas rodovias do MS apontados pelo TCU
Assim que entrou nos corredor da sede do Dnit no MS para entrevistar o recém-empossado Antonio Carlos Nogueira, chefe do setor de Engenharia, e que agora exerce, interinamente, o comando do órgão, a reportagem não pode deixar de notar os quadros pendurados na parede.
Com aparência de estarem ali por muitos anos, os três do corredor que dá acesso à diretoria mostram obras das empreiteiras Rodocon, CGR, e Sanches Tripoloni no estado. Nada demais, apenas o que chama atenção é que a acusação de favorecimento e corrupção à Rodocon foi a causa de demissão de toda a cúpula do DNIT/MS pelo ministro Sérgio Passos, dos Transportes.
E que a CGR, agora em recuperação judicial, figure na Operação Uragano como indiciada por corrupção ativa. E que a Sanches Tripoloni tenha sido motivo de reportagem de capa da revista Istoé, onde figura Edson Giroto, por ter financiado campanhas do PR, partido que controla o ministério dos Transportes.
A cúpula do PR do ministério e do Dnit e da Valec (ferrovias) foi toda exonerada pela presidente Dilma, por conta das denúncias de altos e indevidos preços de aditivos em licitações. Marcelo Miranda e sua equipe também foram exonerados do DNIT/MS pelo ministro Sergio Passos, por não terem informado aos superiores ato de corrupção que envolveu justamente a Rodocon.
O novo chefe de engenharia enalteceu as qualidades da diretoria demitida, mas afirmou que com ele no cargo a história vai ser diferente. “Eu pretendo não pactuar com nada que venha a interferir no meu trabalho dentro da parte técnica das rodovias, que vão ser bem executadas, isso eu garanto”.
No entanto, mostrou incontida irritação ao ser lembrado das inúmeras irregularidades apontadas pelo TCU nas obras das rodovias federais do MS, como superfaturamento, sobrepreço, uso de materiais inadequados, falta de fiscalização e projeto básico inadequado. As BRs 359, 163, 060, 158 e 262 foram enquadradas no Fiscobras em 2009 e 2010 por estes motivos. É importante lembrar que o interino dirigia o Dnit na região de Anastácio.
Veja o que diz o Antonio Carlos Nogueira, e chefe de Engenharia, a esse respeito:
Reportagem – Do ponto de vista das irregularidades encontradas pelo TCU, superfaturamento, sobrepreço, falta de qualidade, rodovias entregues e que logo apresentam infiltrações, ondulações e buracos, que o sr. pretende fazer?
ACN – Tomar conhecimento do que realmente aconteceu nesses trechos, porque se fosse um trecho que eu tivesse conhecimento saberia o que fazer. O CREMA 1 e 2 são decisões da superintendência que eu não participava.
Reportagem – Uma estrada revitalizada, e mesmo nova, restaurada, deve durar quantos anos, em sua opinião?
ACN – Os projetos do Crema 1 são mais de revitalização, você não vai fazer uma restauração completa.
Reportagem – Mas o preço do km revitalizado é alto.
ACN – É alto, dependendo do serviço que você vai colocar nele. Não é a obra toda. Se o trecho estiver estourado, o preço sobe, tem mais gastos para revitalizar.
Reportagem – E quanto tempo tem que durar uma obra dessas?
Dnit – O Crema 1 é para dois anos e depois você entra com outro período de revitalização.
Reportagem – E as obras de restauração?
Dnit – Essas obras aqui é de três ou quatro anos que eu acredito que elas durem porque o Estado ficou muitos anos com estradas sem arrumar, esburacadas, e você não vai pensar que vai arrumar no primeiro ano. O estado das rodovias era deplorável, elas estavam acabadas. Então houve investimento grande aqui no estado, para revitalização, mas tem obras que você não conserta no primeiro contrato.
Reportagem – Tem obras de restauração como o custo de R$ 1 milhão por quilômetro construído. O sr. acha que a esse custo só dá para fazer uma obra que dure três anos ou quatro anos?
Dnit – Dependendo do que você vai colocar no projeto… eu não estou aqui com esses números para te dizer que “uma obra de um milhão por quilômetro” tem que ficar um brinco e durar dez anos. Eu não sei o que está por baixo, o Dnit não faz construção nessas rodovias já existentes. De repente você tem problemas sérios.
Reportagem – Mas a restauração não refaz a base da estrada?
Dnit – A restauração sim, pega até a base.
Reportagem – Então porque dura tão pouco?
Dnit – Tô te dizendo, tem problemas que estão abaixo da base, estão na estrutura do pavimento.
Reportagem – Mas o projeto de engenharia não prevê a reforma da estrutura?
Dnit – Aí é que está, teria que contemplar. Mas agora é o seguinte: esses preços que você tá dizendo, sobrepreço, obras caríssimas, esse é o caso…
Reportagem – Não sou eu que estou dizendo, foi o Fiscobras do TCU.
Dnit – Tá ótimo, então, exatamente, esses aí, a partir do momento em que eu tiver condições de analisar, os casos que cair na minha mão, pode ter certeza que se vier alguma coisa que está fora daquilo que a gente se propõe aqui… eu não posso responder pelo passado.
Reportagem – Então vamos falar de coisas que o sr vai ter que tocar. As novas licitações do CREMA2 (conservação e manutenção, sem construção) vão ser abertas em fevereiro, as que foram lançadas pela antiga diretoria exonerada. Nós comparamos o custo das novas licitações com outras do país, e a diferença é muito grande, como nesse exemplo aqui ( com os extratos entregues para o entrevistado). Os preços do CREMA 2 (dois anos) da BR-163 no Mato Grosso são R$ 10 milhões por 110 km e aqui no MS, por 138 Km (cinco anos) são R$ 65 milhões. Não é grande a diferença?
Dnit – É grande… a diferença em valores financeiros que você está dizendo (olhando para os extratos), não vou falar para você que não é, porque de 10 milhões para 65 milhões é muita diferença. Mas eu preciso saber exatamente o que se está propondo fazer com R$ 10 milhões, e o que está se propondo a fazer com R$ 65 milhões , e o porquê. Eu ainda não tenho o conhecimento. Se você me paga aqui com mais tempo de casa eu poderia te responder, com certeza, algumas de suas indigações. Por enquanto eu tô chegando, mas me propus a tecnicamente desempenhar o melhor possível, dar qualidade às rodovias.
Por fim, quando informado com exibição de imagens de novos problemas como desmoronamentos, que estão surgindo nos trechos recém entregues da BR-359 (GCR Engenharia) ou na BR-267 (Construtora Sucesso) e resposta foi “ já estão assim”?. E completou: “Vou ver, eu pretendo não pactuar com nada que venha a interferir no meu trabalho dentro da parte técnica das rodovias, que vão ser bem executadas, isso eu garanto”
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