Sem apoio, Lugo terá duas horas para se defender de impeachment
O destino do presidente paraguaio, o ex-bispo Fernando Lugo, deve ser decidido ainda hoje em quatro sessões relâmpago no Senado paraguaio. Lugo está correndo contra o relógio para evitar um impeachment, mas seus opositores no Congresso parecem decididos a afastá-lo do poder até o fim do dia. Ao meio-dia no Paraguai (13h de Brasília), ele […]
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O destino do presidente paraguaio, o ex-bispo Fernando Lugo, deve ser decidido ainda hoje em quatro sessões relâmpago no Senado paraguaio. Lugo está correndo contra o relógio para evitar um impeachment, mas seus opositores no Congresso parecem decididos a afastá-lo do poder até o fim do dia.
Ao meio-dia no Paraguai (13h de Brasília), ele deve comparecer ao Senado com seus advogados para responder às acusações de que teria responsabilidade em um conflito entre policiais e camponeses que deixou 18 mortos há uma semana, no Departamento de Canindeyú.
Segundo informações do jornal paraguaio ABC Color, sua defesa deverá ser apresentada em duas horas e logo em seguida haverá outras duas sessões de uma hora cada: a primeira para a apresentação de provas contra o presidente e a segunda para as considerações finais da acusação e da defesa. Às 16h30, o Senado deve votar se Lugo permanece ou não no cargo.
Ação na Justiça
Miguel López Perito, secretário pessoal de Lugo, disse à imprensa paraguaia que representantes do presidente paraguaio também abririam logo pela manhã uma ação de inconstitucionalidade em tribunais do país contra o processo político que pode levar ao seu afastamento do poder.
O Paraguai mergulhou em uma crise política na quinta-feira, quando 76 dos 80 parlamentares da Câmara dos Deputados votaram a favor da abertura de um processo de impeachment contra Lugo. Na ocasião, apenas um deputado apoiou o presidente e três se abstiveram da votação.
A Constituição paraguaia estabelece que o presidente e outras autoridades podem ser processados por “mau desempenho de suas funções, por delitos cometidos no exercício de seus cargos ou por delitos comuns”. Lugo é acusado de responsabilidade nos confrontos em Canindeyú.
Aliados do líder paraguaio, porém, dizem que a rapidez com a qual o processo de impeachment está tramitando no Legislativo o configuraria como um “golpe branco”.
Votação e protestos
Para aprovar o impeachment a oposição paraguaia precisa dos votos de 30 dos 45 senadores, mas como apenas 3 membros da Casa apoiam Lugo, isso não seria um problema para eles. Dentro e fora do Paraguai, porém, já há movimentações em favor do presidente paraguaio.
De um lado, países da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) estão acompanhando o processo de perto e podem impor sanções ao Paraguai no caso “de ruptura ou ameaça de ruptura da ordem democrática”. Do outro, movimentos sociais e aliados de Lugo prometem tomar as ruas de Assunção para protestar caso ele seja afastado.
De acordo com o ABC Color, cerca de 1,5 mil manifestantes acamparam nas imediações do Congresso para pressionar os deputados a rejeitarem um impeachment. Hoje, mais 70 ônibus com aliados de Lugo devem chegar a Assunção vindos de diversas partes do país, segundo o governador da província de São Pedro, José “Pakova” Ledesma.
Já na quinta-feira à tarde diversos comércios fecharam as portas no centro de Assunção por medo de confrontos. A expectativa é que muitos não abram hoje.
Lugo foi eleito em 2008 com 41% dos votos, mas não há clareza sobre os seus índices de aprovação hoje. Segundo o instituto de pesquisas paraguaio Enrique Taka Chase, sua popularidade teria caído de 58% para 38% desde então. Uma pesquisa do Centro de Estudios y Educación Popular Germinal, porém, ainda lhe dava 58% de aprovação em janeiro.
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