Ex-presidente uruguaio condena Mercosul por não reconhecer governo paraguaio
O ex-presidente uruguaio Julio María Sanguinetti disse neste domingo que é “triste” a situação do Paraguai e condenou o que classificou como “intervencionismo” dos países do Mercosul e da Unasul, uma atitude “contrária a todas as tradições e normas da América Latina”, afirmou. Sanguinetti opinou que os países do Mercosul (Argentina, Brasil e Uruguai) “não […]
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O ex-presidente uruguaio Julio María Sanguinetti disse neste domingo que é “triste” a situação do Paraguai e condenou o que classificou como “intervencionismo” dos países do Mercosul e da Unasul, uma atitude “contrária a todas as tradições e normas da América Latina”, afirmou.
Sanguinetti opinou que os países do Mercosul (Argentina, Brasil e Uruguai) “não têm direito” de não reconhecer o novo governo paraguaio, “nem reivindicar eleições antecipadas”.
O ex-mandatário, advogado e líder histórico do Partido Colorado (tradicionalmente governante no Uruguai), assegurou em entrevista à rádio local “El Espectador” que o impeachment de Fernando Lugo “não configura um golpe militar”, mas “um episódio cívico institucional”.
Sanguinetti disse que a situação de Lugo foi definida pelos “deputados e senadores eleitos pelo povo”.
Após afirmar que a situação que se vive no Paraguai é “triste”, o ex-presidente afirmou que os países da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) estão praticando um ato de “intervencionismo contrário a todas as tradições e normas da América Latina em relação à situação interna de um país que atuou dentro de seus códigos”.
Sanguinetti, que governou o Uruguai por duas ocasiões, defendeu que quem deve avaliar se a cassação de Lugo não foi adequada são as “instituições paraguaias ou a Corte Internacional de Justiça, mas não o governo argentino, brasileiro ou uruguaio”.
O ex-presidente fez o comentário em referência às medidas tomadas pelos países-membros do Mercosul, que criticaram a decisão dos legisladores paraguaios e retiraram ou chamaram para consultas seus embaixadores em Assunção.
“Com que direito estão fazendo isso, desconhecendo uma situação e propondo que se faça inconstitucionalmente uma eleição imediata?”, refletiu Sanguinetti, para quem a postura dos governos da região representa um “perigoso precedente”.
Na opinião do ex-mandatário uruguaio, os governos da região atuam de forma ideológica pois veem Lugo como um companheiro de “suas orientações”.
Sobre a possibilidade do Paraguai ser excluído do Mercosul e deixar o caminho livre para o ingresso formal da Venezuela, bloqueado até agora pela postura contrária do Parlamento paraguaio, Sanguinetti assegurou que se o bloco regional der este passo será um erro gigantesco.
Previamente, o governo uruguaio emitiu uma declaração na qual afirmou que o processo de destituição de Lugo “não teve as garantias essenciais” e pediu que fosse convocado novas eleições “o mais breve possível”.
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