Ativista social critica Belo Monte e pede a Dilma que desista da usina

A ativista social e ambiental Bianca Jagger fez duras críticas neste sábado (24) ao projeto da usina de Belo Monte, no Pará, e pediu à presidente Dilma Rousseff que interrompa a construção desta e de outras hidrelétricas. Em entrevista coletiva concedida durante o Fórum Mundial de Sustentabilidade, em Manaus (AM) Bianca, que mantém uma fundação […]

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A ativista social e ambiental Bianca Jagger fez duras críticas neste sábado (24) ao projeto da usina de Belo Monte, no Pará, e pediu à presidente Dilma Rousseff que interrompa a construção desta e de outras hidrelétricas.

Em entrevista coletiva concedida durante o Fórum Mundial de Sustentabilidade, em Manaus (AM) Bianca, que mantém uma fundação de defesa dos direitos humanos e é embaixadora da boa vontade do Conselho Europeu, disse que Belo Monte terá efeitos “catastróficos” para as comunidades locais do rio Xingu e causará “danos irreversíveis”.

– Peço que os impactos dessas usinas sejam reconsiderados, pois trarão consequências irreversíveis para a vida dos povos indígenas e para o meio ambiente. Esse governo será conhecido como o governo que destruiu um patrimônio verde. Segundo ela, o País deveria buscar alternativas para que não seja necessário ampliar seu conjunto de hidrelétricas, já que este tipo de construção tem um alto impacto e acabam por sacrificar “pessoas, comunidades e o meio ambiente”.

– Esse não é o único jeito de trazer energia. Poderia ser usada a energia renovável. Estudos mostram que a energia renovável pode substituir Belo Monte.

Nesta sexta (23), também durante o fórum, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso já havia dito que, embora reconheça que o Brasil precisa de mais energia, vê com restrições a opção pela matriz hidrelétrica.

– Nunca fui muito entusiasta dessa fúria de barragens. Acho que deviam estudar com mais cuidado a matéria, mas temos de entender que um País como o nosso precisa de energia. Acho que seria demagógico dizer que, em tese, o Brasil não precisaria [de hidrelétricas].

O ex-presidente recomendou o investimento em fontes renováveis e políticas para reduzir o consumo e evitar desperdícios.

– Eu me recordo do tempo em que era presidente e tinha o risco do apagão, o consumo [de energia] caiu muito, e durou algum tempo esse consumo mais baixo. O esforço que nós fazemos para reduzir o consumo desnecessário é muito pequeno. Às vezes é mais fácil você construir mais uma hidrelétrica, inundando mais uma área de floresta.

O Fórum Mundial de Sustentabilidade, uma iniciativa do Lide – Grupo de Líderes Empresariais, termina hoje.

O projeto

Quando ficar pronta, a usina de Belo Monte será a segunda maior hidrelétrica do País, atrás apenas da usina binacional de Itaipu, que fica no Paraná e tem a gestão compartilhada por Brasil e Paraguai.

De acordo com o Ministério de Minas e Energia, sua capacidade de produção será de 11 mil MW (mega watts). A expectativa é que entre em operação em 2015, colocando no sistema elétrico brasileiro 4.571 MW médios de energia, o suficiente para suprir 40% do consumo residencial do País.

O governo alega que o projeto da usina, mundialmente criticado por ativistas, leva em conta uma série de fatores ambientais. Além disso, diz que estudos já realizados permitiram reduzir a área a ser inundada, minimizando o impacto sobre as condições de vida das comunidades da região do Xingu.

A justificativa para a construção de Belo Monte é a necessidade de elevar a oferta de energia elétrica para os próximos anos e seu custo vantajoso em relação a outras matrizes. O investimento previsto é de R$ 19 bilhões.

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