Assembleia obedece o governo e sob protesto de servidores aprova PCC da Iagro

Por maioria, deputados aprovaram projeto e arrancaram lágrimas de servidores que apelavam pela rejeição da proposta por gerar prejuízos à categoria

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Por maioria, deputados aprovaram projeto e arrancaram lágrimas de servidores que apelavam pela rejeição da proposta por gerar prejuízos à categoria

Por maioria, a Assembleia Legislativa aprovou, nesta quarta-feira (23), o PCC (Plano de Cargos e Carreira) da Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal) e arrancou lágrimas de servidores que apelavam pela rejeição da proposta por gerar prejuízos à categoria. A decisão dos parlamentares atende ordem do governador André Puccinelli (PMDB) para aprovar a matéria, independentemente da vontade dos servidores.

Antes da votação, mais uma vez funcionários da Iagro subiram à tribuna para elencar os prejuízos da proposta do Executivo à categoria. “Esperamos cinco anos pelo PCC e nos causa uma revolta muito grande o fato de o governo apresentar uma proposta que desvaloriza o servidor”, desabafou Luiza Helena Haddad, gestora agropecuária.

Segundo ela, o projeto atende os interesses de apenas 70 dos 641 funcionários da Iagro. “A proposta tira o adicional de capacitação”, citou. “Não entendemos porque estão fazendo isso com a gente”, acrescentou.

O apelo, no entanto, não convenceu a maioria dos 24 deputados estaduais e prevaleceu a ordem do Executivo. “Vou votar com o governo”, disse sem pestanejar o líder do PMDB na Assembleia, deputado Eduardo Rocha. Ele até admitiu que a proposta não atende à categoria. “Concordo que precisa melhorar, mas é melhor ter uma lei do que não ter nada”, emendou.

Evidentemente constrangidos, demais integrantes da base evitaram a imprensa e calaram-se diante de questionamentos. Foi o caso do líder do governo, Júnior Mochi (PMDB) e dos deputados Londres Machado (PR) e Antônio Carlos Arroyo (PR).

Debate ocorreu, mas sem sucesso

Na hora da votação, os deputados Paulo Duarte (PT), Pedro Kemp (PT), Cabo Almi (PT), Marquinhos Trad (PMDB) e Alcides Bernal (PP) tentaram convencer os colegas de Casa a mudar o voto, mas em vão.

“Não tenho coragem de olhar para minhas filhas e dizer que voto a favor da redução de seus salários”, comparou Marquinhos, em relação ao apelo dos servidores. No mesmo sentido, petistas destacaram que está em jogo a vida das pessoas. “É complicado quando você está em uma carreira e não vê perspectivas de crescimento”, comentou Duarte.

Para Kemp, Almi e Bernal, o governo quis retaliar a categoria. “Só tem um sentido esse plano, punir a categoria. Lamento a falta de vontade política de o governo discutir”, disse Kemp. “O governador quer mostrar que quem manda aqui é ele e esquece que vivemos em um regime democrático”, acrescentou Almi. “Tem gente que se acha mais importante que o povo sul-mato-grossense”, reforçou Bernal.

O fato é que na hora da votação venceu a maioria. Votam pela aprovação do PCC os deputados Junior Mochi, Eduardo Rocha, Londres Machado, Antônio Carlos Arroyo, Paulo Corrêa (PR), Márcio Monteiro (PSDB), professor Rinaldo (PSDB), Dione Hashioka (PSDB), Mara Caseiro (PTdoB), Márcio Fernandes (PTdoB), George Takimoto (PSL), Felipe Orro (PDT), Jerson Domingos (PMDB), Diogo Tita (PPS) e Zé Teixeira (DEM).

Por outro lado, atenderam o apelo dos servidores Marquinhos Trad, Alcides Bernal, Lauro Davi (PSB) e os petistas Paulo Duarte, Pedro Kemp, cabo Almi e Laerte Tetila.

Choro e revolta

A decisão da maioria dos parlamentares levou às lágrimas alguns servidores que acompanhavam a votação. Foi o caso de Glauci da Conceição Ortiz, presidente do Sifems (Sindicato dos Fiscais Estaduais Agropecuários). Em meio às lágrimas, ela disse que a decisão desmotiva a categoria e lamentou a falta de coragem de alguns deputados.

“Teve intransigência por parte do governo e falta de coragem de parlamentares”, opinou. Agora, segundo ela, o sindicato dará publicada a decisão da Assembleia.

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