Para ministro de Berlusconi, Governo pode cair

O dividido governo italiano manteve a Europa esperando nesta terça-feira por reformas há muito atrasadas, na véspera de uma cúpula para elaborar uma estratégia para enfrentar a piora da crise de dívida da zona do euro. Apenas 24 horas antes de líderes da União Europeia adotarem um plano para reduzir a carga de dívida da […]

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O dividido governo italiano manteve a Europa esperando nesta terça-feira por reformas há muito atrasadas, na véspera de uma cúpula para elaborar uma estratégia para enfrentar a piora da crise de dívida da zona do euro.

Apenas 24 horas antes de líderes da União Europeia adotarem um plano para reduzir a carga de dívida da Grécia, fortalecer os bancos europeus para suportar perdas em bônus, e aumentar o escopo do fundo de resgate da zona do euro para impedir o contágio do mercado, todos os olhares estavam voltados para Roma.

O gabinete dividido em facções do primeiro-ministro Silvio Berlusconi fracassou em chegar a um acordo em uma sessão de emergência na segunda-feira à noite sobre o aumento da idade de aposentadoria, uma das principais reformas econômicas exigidas pelos parceiros da Itália na UE como condição para dar suporte a seus bônus.

Berlusconi respondeu de forma desafiadora à pressão pública do presidente francês, Nicolas Sarkozy, e da chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, em um encontro da UE no domingo, dizendo em comunicado que ninguém poderia dar lições à Itália.

Com seus parceiros da coalizão populista Liga do Norte sendo contrários ao aumento da idade de aposentadoria de 65 para 67, aumentaram os comentários de que uma crise do governo poderia levar à antecipação das eleições gerais. O líder da Liga Norte, Umberto Bossi, disse a jornalistas que o gabinete de centro-direita estava em risco com as exigências de reforma da UE e a alternativa seria novas eleições.

“A situação é difícil, muito perigosa. Este é um momento dramático”, disse Bossi.

Ao mesmo tempo que os partidos da coalizão realizavam reuniões separadas, o presidente Giorgio Napolitano dizia em comunicado que a Itália deve fazer de tudo para reduzir o risco para os títulos do governo, tornando seu compromisso de cortar a dívida pública mais crível e estimulando o crescimento.

A terceira maior economia da zona do euro está no centro da tempestade, apesar da intervenção do Banco Central Europeu para comprar seus bônus, porque a Itália precisa emitir cerca de 600 bilhões de euros em títulos nos próximos três anos para refinanciar a dívida em vencimento.

Mas a Itália não era o único item não resolvido na agenda da cúpula e o presidente do Banco da Inglaterra, Mervyn King, expressou o ceticismo de fora da zona do euro sobre se os líderes da região serão capazes de encontrar soluções.

“Mesmo em 21 de julho houve um pacote que eles apresentaram como sendo a solução. Os problemas essenciais não mudaram e não vão mudar”, disse King à comissão da área de finanças da Câmara dos Comuns.

Dívida Grega
Duras negociações estavam em andamento entre os governos da zona do euro e detentores privados de títulos da Grécia sobre o tamanho da baixa contábil que eles terão de aceitar no valor de mercado da dívida grega em carteira.

Os governos exigem que bancos e seguradoras aceitem um corte no valor dos bônus de 60 por cento, como parte do segundo pacote de resgate para tornar a montanha de dívida de Atenas mais sustentável. A dívida deve atingir 160 por cento da produção do país este ano.

Os negociadores dos bancos ofereceram um ajuste no valor de 40 por cento e alertaram que forçá-los a aceitar perdas maiores levaria a um default forçado com consequências devastadoras para o sistema financeiro europeu.

Diplomatas da UE afirmam que o resultado desse jogo de braço entre governos e bancos era incerto, mas alguns previam um acordo no último minuto para um ajuste de 50 por cento.

Também persistem muitas incertezas sobre as opções complexas para aumentar o poder de fogo do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (EFSF, na sigla em inglês) de 440 bilhões de euros (600 bilhões de dólares), para evitar um contágio da Grécia para Itália e Espanha.

O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, que se aposenta na semana que vem, havia sinalizado que o banco central estava buscando sair da política controversa de compra de bônus assim que o EFSF ganhasse um novo poder de intervir nos mercados de bônus.

Mas autoridades da UE contam com o sucessor Mario Draghi, da Itália, para continuar as compras enquanto for necessário para estabilizar os mercados de bônus.

 

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