Pais de menina morta por picada de escorpião reclamam de demora no atendimento

“Se tivessem colocado o soro logo o veneno não tinha se espelhado”, disse a mãe da menina Maria Eduarda, de 3 anos, que foi morta por picada de escorpião.

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“Se tivessem colocado o soro logo o veneno não tinha se espelhado”, disse a mãe da menina Maria Eduarda, de 3 anos, que foi morta por picada de escorpião.

“Se tivessem colocado o soro logo o veneno não tinha se espalhado”, foi assim que a mãe da menina Maria Eduarda, de 3 anos, Paula Fernanda Esquivel, 27 anos, resumiu a demora no atendimento que pode ter levado a filha  a morte.

O pai da criança, Valmir Ricci, 3 anos, contou que a menina estava sob os cuidados da avó quando foi picada. Ele explicou que assim que a avó percebeu que a criança foi picada ligou para ele para saber o que fazer. “Minha mãe não tem estudo. Na hora ela ficou desesperada e me ligou para saber o que fazer. Eu disse para ela ligar para o Samu [Serviço de Atendimento de Urgência] e pedir socorro”.

Segundo Ricci, ela ligou para o Samu e o serviço explicou que não tinha ambulância para buscar a menina e que a família deveria levá-la em veículo próprio. “Quando eles falaram isso, a mãe me ligou e disse o que eles falaram. Eu peguei o telefone e fui ver como prestar socorro à minha filha”.

Maria Eduarda foi levada ao UPA Coronel Antonino pelo pai de Valmir. Ao chegar ao posto, segundo Ricci, a criança foi medicada e muito bem tratada. Entretanto o que intrigou o pai da menina foi ver ambulâncias paradas no local.

“Ela foi bem atendida lá. Não posso reclamar disso, o que me revoltou foi chegar ao posto e ver três ambulâncias paradas. A minha filha precisando de socorro e nenhuma foi buscá-la”, questiona.

Paula Fernanda explica que apesar da filha ter sido medicada no UPA a medicação não estava tendo efeito e que somente por isso os médicos no posto encaminharam a menina para o Hospital Regional Rosa Pedrossian – local que é referência neste tipo de atendimento.

“Minha filha ficou umas duas, três horas lá no posto, quando viram que ela não estava reagindo encaminharam para o HR. Somente quando chegamos no hosputal minha filha tomou o soro. Eles disseram que se ela tivesse tomado o soro antes teria tido chance de sobreviver”, relata.

Demora

A criança foi picada por volta das 19h, na quarta-feira (28), na casa onde mora, no bairro São Francisco e levada para o UPA Coronel Antonino cerca de 30 minutos depous.

No UPA ela foi medicada. Segundo a mãe, aplicaram adrenalina e outra medicação que ela não soube informar. Às 22h30, a criança foi levada para o Hospital Regional e internada na UTI do hospital onde tomou o soro.

Entretanto, conforme a mãe, os médicos do HR informaram que o veneno já havia se espalhado pelo corpo e que o coração era o órgão mais afetado.

Civitox

O responsável clínico pelo Centro de Vigilância Toxicológica (Civitox), médico Sandro Benites, explicou que quando se trata de picada de escorpião é preciso ter em consideração três coisas: o peso da pessoa picada, quanto menor maior o risco; a toxicidade do escorpião, no caso o Tityus Confluens, que matou a menina, é o que causa mais óbitos no país e o tempo de demora no atendimento, quanto mais rápido for atendimento maior a chance de vida.

Segundo o médico as primeiras duas, três horas, logo após a picada, são fundamentais para que a vítima sobreviva.

Benites encerrou a entrevista deixando um alerta aos médicos: Não se pode tratar picada de escorpião como se tratava há dez anos. Com a entrada do Tityus Confluens em Campo Grande é preciso rever o procedimento. A conduta tem que ser diferente.

Limpeza

Para evitar que animais peçonhentos como o escorpião entre nas casas, Benites explica que uma maneira fácil e barata e jogar água sanitária nos ralos das pias, banheiros e privada. Segundo ela, essa simples medida pode evitar que os escorpiões entrem nas casas.

Ainda segundo o médico, o uso de inseticida não é recomendado, pois irrita o animal, o deixa nervoso o que pode provocar ataques.

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