No Dia Mundial da Psoríase, associação diz que é preciso superar preconceito contra pacientes

Distribuição de panfletos, apresentação de grupos de percussão e uma caminhada no Parque da Cidade mobilizaram na manhã de hoje (29) dezenas de pessoas para lembrar o Dia Mundial da Psoríase e promover uma campanha nacional de conscientização sobre a doença. A psoríase, uma doença crônica de pele que provoca lesões avermelhadas e descamação branca, […]

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Distribuição de panfletos, apresentação de grupos de percussão e uma caminhada no Parque da Cidade mobilizaram na manhã de hoje (29) dezenas de pessoas para lembrar o Dia Mundial da Psoríase e promover uma campanha nacional de conscientização sobre a doença.

A psoríase, uma doença crônica de pele que provoca lesões avermelhadas e descamação branca, afeta 3% da população brasileira e não é contagiosa.

O evento foi promovido pela Associação Brasiliense de Psoríase (Abrapse) e teve o objetivo de conscientizar a população para conviver com a doença sem preconceitos. Os participantes cobraram das autoridades o fornecimento gratuito dos medicamentos de alto custo utilizados no tratamento, segundo o médico Gilvan Alves, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia no Distrito Federal.

De acordo com a Abrapse, no Brasil mais de 5 milhões de pessoas são portadoras de psoríase, que afeta mais de 125 milhões em todo o mundo. Uma dessas pessoas é o pedreiro Pedro da Silva, de 50 anos, que estava na manhã de hoje no Parque da Cidade. Segundo Silva, a doença o impede de trabalhar, pois ele é pedreiro e não pode ter contato com o pó de cimento, que agrava o ressecamento de pele e provoca coceira.

“Já tive 11 internações por causa de febre alta e doenças como pneumonia, tuberculose e sinusite. Quando me estresso, fico pior, além da vermelhidão da pele, o corpo todo começa a descascar. E uma das coisas que me estressam é o preconceito, as pessoas me olharem de uma maneira desagradável”, contou ele, que usa pomadas e medicamentos específicos para a doença, orais e injetáveis.

A universitária Mariana Scarpelini também sofre com a psoríase. Ela foi ao Parque da Cidade pela manhã ajudar na campanha e contou que há 11 anos descobriu ser portadora da doença. “No começo foi muito difícil, passei por vários médicos até encontrar o tratamento adequado. A doença atingia o corpo todo e levou quatro ou cinco anos para eu acertar o tratamento. Hoje, estou bem melhor”, disse ela, que, assim como Pedro da Silva, considera a psoríase uma doença que tem a ver com o estado emocional do paciente.

Coordenadora do Setor de Psoríase do Hospital Universitário de Brasília (HUB), a médica Gladys Aires Martins informa que há 300 pacientes cadastrados na unidade. Segundo ela, a média de atendimentos é 30 casos a cada manhã de quinta-feira.

O grande problema de lidar com a doença na rede pública, de acordo com Gladys, “é que a psoríase afeta a pele e as articulações, mas não mata, por isso não é vista como um problema grave”. “Entretanto, ela causa um grande impacto social, pois afeta a qualidade de vida das pessoas, causando preconceito e discriminação inclusive no trabalho, pois muitas vezes as lesões na pele não podem ser escondidas”, acrescentou.

Os tratamentos para a doença variam conforme o caso, segundo a médica do HUB. Podem ser usadas desde pomadas, nas formas mais brandas, a remédios mais caros por vias oral e injetável, além da aplicação de radiação ultravioleta, que em Brasília só é feita no HUB. A psoríase, de acordo com os especialistas no assunto, não tem cura, mas pode ser controlada para que o paciente leve uma vida normal. O diagnóstico é feito pelo exame clínico e algumas vezes com a realização de biópsia.

Para isso, é fundamental procurar um dermatologista caso surjam lesões avermelhadas e descamação da pele principalmente nos cotovelos, joelhos, no couro cabeludo, nas unhas, palmas das mãos e plantas dos pés ou nas articulações, causando dor e inchaço. O dermatologista Gilvan Alves lembra que a psoríase é uma doença inflamatória crônica da pele, de predisposição genética, e não é transmitida por contato com o portador. “É possível conviver com ela sem nenhum dano”, destacou.

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