No Dia do Quadrinho Nacional profissionais refletem sobre a influência da internet
Para que o quadrinho nacional tivesse um dia, foi necessário um movimento, na década de 80, que uniu quadrinhistas como Henfil, Laerte, Paulo e Chico Caruso, como explica Worney Almeida. Eles foram contrários à ideia da editora Ebal, que em 1983, queria que a data fosse aquela em que começou a ser publicado o suplemento […]
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Para que o quadrinho nacional tivesse um dia, foi necessário um movimento, na década de 80, que uniu quadrinhistas como Henfil, Laerte, Paulo e Chico Caruso, como explica Worney Almeida. Eles foram contrários à ideia da editora Ebal, que em 1983, queria que a data fosse aquela em que começou a ser publicado o suplemento juvenil no Brasil, em 1934.
“O pessoal que trabalhava com quadrinho na época achou injusto, já que o suplemento foi responsável pela avalanche de publicações estrangeiras no país. Nós procuramos uma data que homenageasse o quadrinho nacional e escolhemos aquela em que, em 1869, foi publicado o primeiro quadrinho com personagem fixo e de continuidade. No caso, As aventuras de Nhô Quim ou as Impressões de uma Viagem à Corte”, pelo italiano naturalizado brasileiro Ângelo Agostini, foi um marco.”
Para o quadrinhista Alex Leal, atualmente não existe uma cultura nacional forte de quadrinhos, embora o país tenha grandes nomes. Para ele, o grande personagem de quadrinhos nacional é o Amigo da Onça, de Pericles Maranhão, publicado durante 30 anos. Ele cita também Carlos Zéfiro, responsável pelos quadrinhos eróticos, e que influenciou toda uma geração. Alex acredita que no Brasil não se conseguiu criar uma cultura forte nessa área. Ele lembra os Mangás, de origem japonesa e que já influenciam quadrinhistas brasileiros. Mas concorda com Worney ao dizer que “hoje, a internet é uma grande forma de ajudar na divulgação dos quadrinhos”.
Worney Almeida acredita que o futuro do quadrinho nacional está em pessoas que se profissionalizarão também na arte gráfica em geral e que vão continuar publicando suas revistas alternativas. “A gente não vê muita perspectiva na distribuição de revistas de grande tiragem de grandes editoras. A quantidade de revistas deve diminuir nas bancas de jornais ou livrarias, mas deve persistir esse mercado alternativo [internet] que é também de experimentação, onde há muita ficção, quadrinhos policial e até de faroeste.”
Há cerca de dez anos o quadrinho nacional se restringe ao estúdio de Mauricio de Souza, com sua Turma da Mônica, e a iniciativas independentes. “Hoje em dia não se tem mais grandes editoras que banquem novos autores ou revistas novas, cada autor se autoproduz. São revistas de boa qualidade com tiragem de mil a dois mil exemplares e a distribuição é alternativa. A profissão de quadrinhista no Brasil tem pouquíssimo espaço”, conclui Worney Almeida.
As comemorações do Dia Nacional dos Quadrinhos ocorrem com uma extensa programação em gibitecas e livrarias de todo o país, como o lançamento de publicações independentes, palestras e oficinas. Além disso, a associação de Cartunistas de São Paulo entrega no dia 5 de fevereiro o troféu Angelo Agostini aos melhores do quadrinho nacional de 2010.
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