CDDH denuncia familiares e governo por abandono de doente psiquiátrico

Rapaz está detido e, por ser portador de doença mental, familiares recebem assistência financeira por ele; contudo, o dinheiro não favorece o detido

V. C.P.C., diz ter 18 anos de idade. Ele está preso em uma das celas provisórias da delegacia de Polícia Civil de Coxim. Até aí a história parece com a de milhares de outros presos. Porém, o rapaz tem problemas psicológicos, idade mental não compatível com a maioridade e faz suas necessidades fisiológicas na roupa. V. está detido por agressão. Sem assistência médica, o rapaz torna-se agressivo com familiares quando afetado por crises.

Mas, desde que foi detido, V.P.C. alega que não recebe assistência do familiar que tem sacado seu benefício. “Eu não ganho uma bolacha. Queria tanto comer uma bolacha”. A frase que beira a um comportamento e desejo infantil foi dita para representantes do Centro de Defesa dos Direitos Humanos que visitaram os presos no final da semana passada.

V.C.P.C., no dia da visita, estava em uma cela com outros 15 presos. Como não responde psicológicamente conforme sua idade de nascimento, são os “companheiros” de prisão que lavam suas roupas toda vez que ele faz as necessidades fisiológicas. “Ele só tem uma roupa e quando tiram para lavar, ele fica nu”, relata Paulo Angelo de Souza, do Centro de Defesa dos Direitos Humanos Marçal de Souza, que fez a visita acompanhado de representantes do CDDH Henrique de Melo Spengler, de Coxim.

O rapaz recebe na cadeia medicamentos que são encaminhados pelo Caps (Centro de Atendimento Psicossocial). Porém, o ideal, segundo o CDDH, é que ele tenha atendimento especializado em alguma unidade de saúde própria para este tipo de paciente. “As alternarivas são: alguém da família ser responsável por ele ou o Estado interná-lo”, diz representante do CDDH de Coxim.

O caso de V.C.P.C., segundo o CDDH, já foi encaminhado para conhecimento e providências do Ministério Público Etadual (MPE).

No ano passado o MPE determinou que o rapaz fosse colocado em uma cela sozinho, o que foi feito. Porém, ele não tem condições de cuidar de si. Por isto, a alternativa é que os outros detidos façam o trabalho de cuidadores.