Tucanos ainda alimentam esperança de chapa Serra-Aécio

Um dia após rejeitar formalmente a possibilidade de compor a chapa presidencial encabeçada pelo governador de São Paulo, José Serra, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, voltou a ser alvo de especulações sobre uma possível dobradinha tucana para as eleições de outubro. Embora tenha dito não ao convite de Serra, a impressão geral é […]

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Um dia após rejeitar formalmente a possibilidade de compor a chapa presidencial encabeçada pelo governador de São Paulo, José Serra, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, voltou a ser alvo de especulações sobre uma possível dobradinha tucana para as eleições de outubro. Embora tenha dito não ao convite de Serra, a impressão geral é que o assunto não chegou a ser arquivado e está apenas temporariamente fora da agenda da oposição.

Em Brasília, nesta quinta-feira, 4, membros da oposição próximos ao governador paulista ainda apostavam que o mineiro poderá mudar de ideia até junho, prazo fatal para a composição da chapa. A prioridade agora, defendem, é o lançamento oficial da candidatura de Serra à sucessão de Lula, que deverá ocorrer daqui a três semanas.

“A definição do vice não é uma sangria desatada. Isso tem até 30 de junho para ser decidido”, afirmou o deputado Jutahy Magalhães Júnior (PSDB-BA). Partidários da chapa Serra-Aécio ainda têm esperança de que até junho o mineiro faça uma reflexão sobre a vice e reconsidere o convite. “Temos de dar tranquilidade para o Aécio decidir por ele. Não adianta pressioná-lo”, disse o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ).

Após se reunirem em Brasília na quarta-feira, 3, Serra e Aécio voltaram a se encontrar nesta quinta, durante a inauguração da Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves, em Belo Horizonte. Presentes no evento, líderes do PSDB e do DEM se alternaram na cobrança para que o governador de São Paulo assuma logo a condição de presidenciável.

“Precisamos sair da inércia e ir para a rua com um candidato à Presidência”, reivindicou o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Cotado como um possível plano B na composição de uma chapa puro-sangue, Tasso se esquivou das especulações envolvendo seu nome e ressaltou que não é possível ficar discutindo quem será o vice se ainda não há um pré-candidato declarado.

Fiel aliado de Aécio e secretário-geral do PSDB, o deputado Rodrigo de Castro (MG), foi na mesma linha e disse que cabe ao partido primeiro definir o candidato a presidente. “A ordem não pode ser inversa”, observou. “O próximo passo é o governador José Serra dar o sim ao PSDB. É isso que nós estamos esperando”.

Aécio alimenta esperanças

Embora Castro e outros aliados de Aécio procurem tratar a questão da candidatura a vice como um assunto encerrado, o próprio governador de Minas alimenta as esperanças dos aliados. Ao repetir que seu caminho natural é o Senado e que um “homem público que não resiste a pressões, não merece fazer política”, Aécio disse que continuará no seu rumo se suas convicções “não se alterarem”.

“Se alguém me convencer, em um determinado momento, do contrário, obviamente tenho que avaliar. Mas estou absolutamente convencido que a melhor forma de ajudar ao nosso projeto é estando em Minas Gerais. E provavelmente como candidato ao Senado da República”.

A ideia é não melindrar o mineiro, já que a decisão pode ser empurrada para meados do ano. “Falar de vice agora é arrumar briga, arrumar confusão. Ninguém é doido de tratar disso agora”, observou o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). Para o deputado ACM Neto (DEM-BA), só estarão encerradas as chances de Aécio ser vice quando a chapa for apresentada. “Em política, quando se tem prazo, tudo é possível”, ressaltou.

Chapa puro-sangue

Ainda que a Aécio não faça dobradinha com Serra, há consenso no PSDB que a chapa à sucessão de Lula tem de ser puro-sangue. Hoje, o nome mais falado é o do senador Tasso Jereissati (CE) por ele ser do Nordeste – região em que o PSDB leva forte desvantagem sobre PT da candidata governista Dilma Rousseff – e ter trânsito junto ao empresariado. Pesa contra Tasso, o fato de ele e Serra não serem próximos. Isso, porém, não é visto como empecilho. “O fato de eles não serem melhores amigos não é impedimento”, avaliou um aliado de Serra.

Outra hipótese de vice de Serra dentro do PSDB é a senadora Marisa Serrano (MS), vice-presidente do partido. Seu nome não causa, no entanto, entusiasmo, além dela já ter sinalizado que pretende disputar o governo do Mato Grosso do Sul.

DEM quer a vice

No entanto, diante do atual cenário, o DEM já procura marcar posição em relação à chapa majoritária. “Esperamos que o governador Serra anuncie que é candidato. Depois disso vamos discutir as outras posições da chapa. Se Aécio não for, a vaga é do Democratas”, enfatizou o presidente do partido. “Se o governador Aécio aceitar ser vice, o Democratas abre mão completamente da pretensão de indicar. Se ele não aceitar, então o Democratas reivindicará a posição”, reforçou ACM Neto.

Corroborada pelo governador mineiro, a hipótese de Tasso assumir o posto de vice e reforçar o palanque das oposições no nordeste foi tratada com ironia pelo deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), desafeto declarado do governador de São Paulo. Na saída de um almoço oferecido às autoridades no Palácio da Liberdade, Ciro abraçou Tasso e disparou: “Não é possível que você vai me obrigar a votar no Serra”.

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