Morte por catapora é até 40 vezes maior em adultos do que em crianças

Os atuais surtos e mortes em decorrência da catapora mostraram que a doença não é tão inofensiva quanto parece. No Estado de São Paulo, 15 crianças diagnosticadas com a moléstia morreram neste ano, enquanto outras 14 pessoas morreram em Minas Gerais, representando quase o dobro de casos de um ano para o outro em cada […]

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Os atuais surtos e mortes em decorrência da catapora mostraram que a doença não é tão inofensiva quanto parece. No Estado de São Paulo, 15 crianças diagnosticadas com a moléstia morreram neste ano, enquanto outras 14 pessoas morreram em Minas Gerais, representando quase o dobro de casos de um ano para o outro em cada Estado.

Segundo os médicos consultados pelo R7, apesar de ser uma doença mais comum em crianças, adultos correm mais risco de morrer de catapora do que as crianças. Dados da OMS mostram que a morte por catapora em adultos saudáveis é de 30 a 40 vezes maior do que entre crianças de cinco a nove anos, faixa de idade comum da doença.

A catapora, também conhecida como varicela, é uma doença infectocontagiosa provocada pelo vírus VVZ (vírus varicela zóster), da família dos chamados herpesvírus. É altamente contagiosa por ser transmitida por secreções respiratórias e pela pele do doente.

Veja mitos e verdades sobre a catapora

De acordo com a pediatra Regina Célia Menezes Succi, do Centro de Atendimento Disciplinar de Infectologia Pediátrica da Unifesp, apesar do aumento da mortalidade, ela é considerada muito rara, já que as chances de cura chegam a 90%. Mas são estes 10% restantes que preocupam, pois representam os casos mais complicados da doença, que evoluem para sérios problemas de pele, pneumonia ou encefalite (inflamação aguda no cérebro), por vezes letais.

– Mais de 90% das crianças têm a doença sem qualquer problema, mas uma porcentagem que varia de 8 a 10% pode ter complicações. Isso acontece porque, no momento que elas adquirem a doença, estão em uma situação de desvantagem de saúde, seja saindo de outra doença, quando estão com a imunidade comprometida, quando são recém-nascidas, ou se pertencem às faixas etárias cuja doença pode ser naturalmente mais grave.

Estão na faixa “de risco” pessoas que têm problemas de imunidade, a exemplo de quem faz tratamento contra câncer ou Aids, adolescentes e adultos que não tiveram a doença na infância, explica o infectologista César Carranza, do Ministério da Saúde.

– O vírus da catapora, que é o mesmo do herpes, pode se espalhar para outras partes do corpo. Se a pessoa não tiver uma boa defesa [imunidade], o vírus chega a órgãos vitais como pulmão, sistema digestivo e cérebro, podendo comprometê-los e levar à morte.

De maneira geral, adolescentes e adultos que contraem a doença têm quadros com mais sintomas, ou seja, apresentam mais lesões (feridas) e febre mais duradoura. Isso porque o sistema imunológico (responsável pelo combate a infecções), que é mais rigoroso do que o de uma criança, reage de maneira mais agressiva ao vírus.

Vacina é a única forma eficaz de prevenção

Portanto, para, de fato, evitar a infecção, os médicos sugerem recorrer à vacinação. Não disponível para todos na rede pública de saúde, a vacina contra a catapora pode ser adquirida em clínicas privadas ou nos CRIEs (Centros de Referências para Imunobiológicos Especiais), que tratam portadores de deficiências imunológicas, onde também as doses estão disponíveis de graça somente para pacientes.

De acordo com o Ministério da Saúde, as vacinas não estão disponíveis para todos porque os surtos de catapora não são considerados um problema de saúde pública.

Dessa forma, a vacina é indicada para profissionais que trabalham em hospitais e creches em que os pacientes possam pegar a doença, e pacientes com imunidade comprometida, como portadores de HIV.

A vacina, produzida a partir do vírus varicela zóster atenuado, é considerada eficaz, com 97% de proteção contra o vírus.

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