Maioria na parte administrativa do Judiciário de MS é mulher
No Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul, são ao menos 3.300 servidores, a maioria é formada por mulheres. São 1.704 servidoras nas comarcas e 493 na secretaria do Tribunal de Justiça. Grande parte ingressou no serviço público nos últimos 5 anos – apenas 1,7% em 1980. De 1981-1985, o quadro feminino aumentou em 9,1%; de 1986-1990 houve acréscimo de […]
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No Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul, são ao menos 3.300 servidores, a maioria é formada por mulheres. São 1.704 servidoras nas comarcas e 493 na secretaria do Tribunal de Justiça. Grande parte ingressou no serviço público nos últimos 5 anos – apenas 1,7% em 1980.
De 1981-1985, o quadro feminino aumentou em 9,1%; de 1986-1990 houve acréscimo de 18,2% mulheres; de 1991-1995 mais 6,6%; de 1996-2000 somaram mais 6,8%; de 2001-2005, mais 24,1% e, de 2006-2010 mais 33,5% mulheres passaram a fazer parte do quadro funcional da justiça de MS.
Apesar de dispender tantas horas diárias para mostrar capacidade no trabalho, a mulher continua sendo mãe. Do total de mulheres do Poder Judiciário, 989 não possuem filhos; 415 têm apenas um filho; 576 são mães de dois filhos; 185 servidoras têm três filhos; 24 têm quatro filhos; quatro servidoras possuem cinco filhos e apenas uma elevou o número de filhos para seis.
Trabalhar, cuidar das tarefas domésticas, responsabilizar-se pela educação dos filhos. Com tantas tarefas, a mulher ainda deseja mais: destacar-se por sua qualificação profissional e encontrar tempo para estudar. Entre as servidoras da justiça sul-mato-grossense é possível encontrar apenas oito com o primário completo, 13 com primeiro grau incompleto, 28 com primeiro grau completo. Quanto maior o tempo passado nos bancos escolares, maior o número de servidoras: 53 apresentam o 2º grau incompleto contra 539 com 2º grau completo. E mais: 305 começaram a cursar faculdade e não terminaram e 1.086 possuem o superior completo.
Não satisfeitas, quatro são pós-graduandas, 115 são especialistas; uma é mestranda e, em pouco tempo, fará parte das cinco que já completaram o mestrado. Uma possui doutorado. Esses números mostram que mais da metade (55%) das mulheres possuem graduação completa.
O curso de Direito representa 39% do total (484), seguido por Letras (97), Administração (91), Serviço Social (71), Pedagogia (63), Ciências Contábeis (46), Psicologia (38), Licenciatura em Letras (25), Pedagogia (17) e Ciências Econômicas (16). Uma curiosidade: no Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul trabalha apenas uma mulher de nacionalidade síria – as demais são brasileiras.
Há quem não acredite que a mulher possa desenvolver tantas atividades e ainda ter tempo para a família. Os dados mostram que essa visão está equivocada, pois 958 são casadas e 900 solteiras.
São 125 divorciadas, 124 separadas, 20 viúvas e 37 em outros estados civis. Do total de servidoras, 65% são de MS, o que significa dizer que 1.417 nasceram no Estado.
Do restante, duas são de AL, sete da BA, oito do CE, nove do DF, cinco do ES, 19 nasceram em GO, uma no MA, 37 em MG, 31 são de MT, duas do PA, duas da PB, sete vieram do PE, uma do PI, 165 são do PR, 30 do RJ, duas do RN, cinco de RO, 77 de RS, 20 vieram de SC, uma de SE e 349 de SP. A média de idade das mulheres que trabalham no PJMS é de 39 anos.
Em números detalhados temos: 82 com até 20 anos; 496 na faixa entre 21 e 30 anos; 573 mulheres tem de 31 a 40 anos; 739 estão entre 41 a 50 anos; 282 já passaram dos 50 e se enquadram entre 51 a 60 anos e apenas 25 estão acima dos 60. Em porcentagem, contabilizados os números, descobre-se que 34% das mulheres estão na maior faixa, que é a dos 41 aos 50 anos. Com tantos dados não há como negar que a força de trabalho da mulher vem sendo mais valorizada e uma das inegáveis características femininas é a dedicação. A mulher é mais dedicada no trabalho, mais minuciosa, mais abnegada.
Ela se desdobra para vencer todos os desafios e recomeça tudo no dia seguinte. Ela está disposta a vencer a desigualdade de gêneros e não se conforma em ganhar menos pelo mesmo trabalho masculino. A mulher aprendeu a reclamar e não se deixa mais subjugar – basta ver o número de mulheres que não se permitem mais sofrer maus tratos e apelam para a Lei Maria da Penha.
A juíza Maria Isabel de Matos Rocha, titular da 3ª Vara da Fazenda Pública de Campo Grande, tem 25 anos de atuação no judiciário e reconhece que muito se conquistou nesse período de mais de duas décadas. “Basta ver que hoje a mulher tem 180 dias de licença-maternidade”, citou ela. Para a juíza auxiliar da presidência do TJMS, Elizabete Anache, não cabe discriminação na carreira da magistratura.
“Ao contrário, a mulher enfrenta qualquer trabalho. Ela não se intimida se precisa fazer uma inspeção judicial, se houver necessidade de visitar presídios. Ainda existe discriminação no mercado de trabalho privado, já que culturalmente a mulher assume mais responsabilidades domésticas, porque a sociedade cobra mais dela. Acredito que a igualdade é uma tendência e essa visão deve acabar”, opinou a juíza.
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