Falta de competitividade leva consumo de gás natural a cair 26%

O ano de 2009 foi marcado pela retração do mercado de gás natural devido ao alto preço, cenário que mostrou a instabilidade acarretada pela crise econômica e a falta de competitividade com as demais fontes de energia. A avaliação é da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás). De acordo com os dados […]

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O ano de 2009 foi marcado pela retração do mercado de gás natural devido ao alto preço, cenário que mostrou a instabilidade acarretada pela crise econômica e a falta de competitividade com as demais fontes de energia. A avaliação é da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás).

De acordo com os dados estatísticos que a entidade divulgou hoje (27) o volume médio diário de gás natural consumido no ano passado foi de 36,7 milhões de metros cúbicos – uma queda de 26% em relação à média de 2008.

Em nota, a Abegás avalia que “a escalada dos preços de custo do gás natural, somada à falta de política do governo federal, tornou-se um problema em nível nacional, acarretando perda de competitividade frente aos outros energéticos”.

Somaram-se a esses fatores a desaceleração da produção industrial e o uso em menor escala de usinas térmicas em decorrência do nível satisfatório dos reservatórios das hidrelétricas. “Com o mercado desestimulado, o consumo caiu, refletindo a falta de planejamento”.

O setor industrial continuou sendo o principal consumidor do gás natural, com uma demanda média de 23,5 milhões metros cúbicos por dia – uma queda de 15,30% com relação ao período anterior. O consumo automotivo registrou uma queda ainda maior: 12,98% em relação a 2008, com uma demanda média diária de 5,7 milhões de metros cúbicos.

Os dados da Abegás indicam que as termelétricas também consumiram menos: 65,10%, caindo de 13,3 milhões metros cúbicos por dia para em 2008 para 4,6 milhões metros cúbicos por dia de gás natural em 2009. Já o segmento comercial viu seu consumo diminuir 2,87%.

As únicas exceções foram os setores residencial e de co-geração, que apresentaram crescimento de 2,3% e 7,59%.

Segundo a associação, a expressiva queda no consumo derrubou as importações de gás boliviano e a oferta interna de gás nacional, tendo como consequência “um substancial aumento na queima do gás natural”.

Estimativas da própria Abegás indicam que há hoje uma disponibilidade não aproveitada da ordem de 27 milhões de metros cúbicos por dia, “número que atesta que o setor passou da condição de competitividade para a de atratividade momentânea com a realização dos leilões que a Petrobras realizou ao longo de 2009”.

Mesmo com esse panorama, as empresas continuaram investindo em infra-estrutura para disponibilizar o gás natural em todas as regiões do país. “O número de extensão de redes ultrapassou os 18 mil quilômetros e o número de clientes, em todos os segmentos de consumo, já soma mais de 1,7 milhão em todo o Brasil. O crescimento acumulado do número de consumidores de 2008 para 2009 foi de 21,35%, enquanto que o de rede foi 7,87%”, informa a nota da Abegás.

O Sudeste continua como maior consumidor, com uma demanda de cerca de 25 milhões de metros cúbicos de gás por dia, seguida pelas regiões Nordeste (7 milhões) e Sul (3,5 milhões). As regiões Centro-Oeste e Norte consumiram juntas pouco mais de 200 mil metros cúbicos.

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