Nelson Trad: vou continuar gritando
“O PPS eu excluo. Loubet é ex-presidiário. O governador comanda a direita. Não quero saber de Marisa.”
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“O PPS eu excluo.
Loubet é ex-presidiário.
O governador comanda a direita.
Não quero saber de Marisa.”
Como está a formação da Frente Trabalhista?
Você sabe que ela foi articulada em busca de um objetivo que atendesse a determinação legal do Superior Tribunal Eleitoral, que justificadamente tomou uma resolução, respondendo a consulta de um parlamentar. De certa forma, para nós, ela começou aonde deveria ter terminado a reforma política que o Congresso Nacional, por questões múltiplas, entretanto sem justificativa plausível, não fez.
Houve uma demora do Congresso?
É. E nós estamos pagando caro. Todos nós. Independente dos que atualmente se encontram com direito de propor dentro da Câmara, ou do Senado, alterações necessárias para uma vida partidária higienizada.
Por que o senhor diz que a resolução do TSE começou por onde o Congresso tinha terminado?
Pela absoluta convicção de que os partidos políticos, hoje no Brasil, todos sem exceção, estão promiscuídos.
O senhor inclui o PTB nisso?
Todos. É uma prostituição universal no Brasil, em termos de partido político. E isso está tão demonstrado na intenção de se nacionalizar os partidos. A Constituinte conceituou partidos políticos como nacionais, fugindo daquela velha e corrompida situação de alguns anos, das oligarquias, das determinações paroquiais, que eram quem influenciava a vida política.
Isso trouxe dificuldades?
Eu estou percebendo que nós vamos ter momentos mais difíceis ainda a partir de 2003. Você repare nos seguintes exemplos para justificar a minha situação. Quando esta resolução do Tribunal Superior Eleitoral verticalizou as coligações, determinou a federalização das eleições: eu caso aqui em cima e vocês lá embaixo deverão casar com a mesma ninhagem ideológica. Alguns entenderam que isso foi de uma extrema sadia posição do TSE para higienizar os partidos. Eu acho que não.
Complicou mais na opinião do senhor?
Muito. Quando se fala que o Ciro Gomes é candidato de um partido da expressão mínima do PPS. Veja, sem nenhum desdouro o milímetro que estou colocando no PPS, mas é um partido, cuja ascendência tem história, porque é fruto do partido mais antigo do Brasil, o Partido Comunista Brasileiro, que em 1922 já estava nas ruas. Coisa que não tinha época.
Mas, e hoje?
Muito bem. Hoje é PPS que lança um candidato. Não tem força nacional, inclusive porque ele nasceu de uma fratura múltipla de diversas organizações. Mas, o Ciro Gomes é o candidato. E PTB de imediato adotou a candidatura. Na ocasião eu inclusive, membro do partido, fui contra, entendendo que aquilo era uma ação precipitada. Há um ano e meio, eu acho que estava com a razão. E devido à incompatibilidade existente entre o PT e PDT, em Estados de grande peso eleitoral, como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, o Leonel Brizola se alinhou à candidatura do Ciro. Na ocasião os três partidos unidos, PTB, PPS e PDT, entenderam que estavam no momento de se preparem para a unificação das legendas e a criação de um partido trabalhista.
Quer dizer que não era só uma coligação. Era a intenção de formar um novo partido?
Este é o projeto nacional da Frente Trabalhista. Terminadas as eleições 2002, ganhando ou não o Ciro, nós nos fundiríamos ou então nos incorporaríamos. Poderíamos não ter o PPS pela linha programática do partido. Mas, o PDT e o PTB inevitavelmente se juntariam.
O senhor acredita que isso é possível ainda?
É. Vai ser possível. Será o caminho natural. Vai demorar um pouco mais em função desta resolução do TSE, mas vai acontecer.
Sem o PPS?
O PPS eu excluo. Ainda direção do PPS é sectária. É radical. Você nota até o comportamento da direção nacional do partido, não querendo o PFL. Com PDT e PTB vai acontecer. Se for uma fusão, se não modificarem as regras atuais, nós temos que encontrar um nome. Se for incorporação, o Leonel Brizola já disse que aceita a legenda do PTB, a sigla é muito mais apelativa, tem apelo maior. Não ficaríamos mais com o 14, mas sim com o 12. E em compensação não mais PDT, mas PTB.
Hoje no Estado, o PTB está desconfortável na Frente Trabalhista em Mato Grosso do Sul?
O único que está confortavelmente dentro desta frente trabalhista aqui é o PTB. Porque o PTB prega o que costuma praticar. Eu tenho dito e afirmado que, aqui na paróquia, o PTB está bem e muito menos incomodado com a resolução do TSE. Só na aparência estamos parecendo mortadela do sanduíche, exprimida pelos dois (PPS e PDT). Mas na realidade aderíamos a um projeto futuro e nacional.
A idéia é pensar na eleição de Ciro Gomes, e não as daqui de Mato Grosso do Sul?
Aqui, e eu sempre me preocupei e disse aos dois aliados (PPS e PDT) vocês têm que pensar no 23 e não 13.
Existe interesse de outras frentes, como a liderada pela deputada Marisa Serrano, de atrair o PTB em função do PPS e PDT apoiarem a reeleição do governador?
Eu não tenho dado nenhuma manifestação em nome do PTB de que seja a preocupação única e primeira a candidatura da Marisa, do PSDB. Não senhor. Eu não quero, não posso e não devo pensar em Marisa ou no Zeca. Eu devo pensar na Frente Trabalhista. Teremos candidato (ao governo)? Podemos ter.
O projeto é mais amplo então?
Não queremos ganhar uma eleição única e exclusivamente. Coisa que a direita em Mato Grosso do Sul está fazendo. Aí você fala qual direita, e eu digo esta direita que está no governo. Essa direitaça, comandada pelo atual governador.
Mas, não são de esquerda?
Só no discurso. Só no vocabulário. Só na retórica. Tudo fantasiado e falsificado. A direita hoje é governada pelo Zeca do PT. Por isso, existe uma corrente forte e contrária contra Zeca dentro do próprio partido dele. É o chamado campo minoritário.
Seriam o que chama de xiitas?
Sim os xiitas. Isso que é a verdade. Eles mentem de forma desbragada. Em tudo. O coordenador da política direitista do governo do Estado de Mato Grosso do Sul, do PT, é um ex-presidiário, em regime sursis, que cometeu crime, que o Código Penal prevê no capítulo especial, como contra a fé pública. Um homem condenado a dois anos de reclusão, violando princípio do direito penal.
O Tribunal de Justiça tomou na quarta-feira uma decisão que o isenta.
Mentindo o noticiário, porque processo não é extinto. Esse processo dele transitou em julgado já em São Paulo. Ele de qualquer forma é um ex-sentenciado. Cumpriu regime em liberdade pela primariedade dele e pelo tempo de reclusão, pois estava condenado só a dois anos. Todo mês, ele tinha que ir lá (em SP), dizendo estou aqui, estou cumprindo bem pena. Agora, ineligibilidade dele é o que está na verdade sendo contestada judicialmente.
São os caminhos da Justiça.
O princípio constitucional não foi regulamentado. Mas, é isso. Isso são firulas de Direito Penal de Doutrina. Só não é firula sabê-lo condenado pela Justiça de São Paulo por crime de uso de documento falso, que está inserido no Código Penal como crime contra fé pública. Um homem, que dirige uma política no Estado de cúpula e coordena a política de um partido, condenado por má fé quer transmitir àqueles que, sustentando sua cidadania, tem o poder de delegar a terceiros o direito de nos dirigir. É esta direita de Vander Loubet, de quem estou falando, de Zeca do PT. Essa direita que quer meter no mesmo saco o PFL, PTB e PDT, desrespeitando as regras do Tribunal Superior Eleitoral.
A transgressão às regras da verticalização pode ser alvo de denúncias?
Por isso que eu tenho vergonha de dizer que o PTB quer marchar com a Marisa. Eu primeiro quero resolver o problema da Frente Trabalhista. Eu não tenho que esperar o PT dizer: “vocês têm as duas vagas (para Senado), mas o meu preço é este”. Porque tanto PDT e PPS submetendo-se a isso, eu não me submeterei. Aí eu vou escolher o meu caminho.
Qual?
A lei me faculta e eu tenho saída. Eu tenho o PFL que não tem candidato a presidente da República, eu tenho PPB, eu tenho o PST, que também não tem candidato a presidente da República. Vou conversar com estas três siglas e vou sentir se eles, na realidade, estão indignados como eu estou pelo despudor de se fazer política desta forma. Eu vou continuar gritando.
Seria uma chapa proporcional?
Pois é. E não quero saber de Marisa, não quero saber do Zeca. Evidentemente não vou cercear os companheiros de votar em Marisa. E duvido que alguns deles votarão no Zeca, depois desta exigência toda e constatação que na realidade a direitaça está sendo dirigida pelo PT.
E PMDB, o que acontece?
O PMDB não conseguiu lançar candidato em 1998. O próprio André Puccinelli foi vítima deste processo promíscuo. Um homem que fala o que ele falou, publicamente numa manifestação política (o encontro do PSDB no dia 25), com as lideranças totais do Estado, 42 prefeitos, vereadores, falar aquilo o que ele falou ali, na realidade, só não se percebeu na evidência a resposta que o André deu àqueles que perguntavam: por que o senhor deixou de ser candidato? Ninguém agüenta.
Seria a pressão do governo em cima de políticos?
Ninguém agüenta. A pressão, se eu pudesse ser incongruente, eu diria, colocando uma aspa, é legítima, porque está indo buscar no meio que eles sabem apodrecido. É igual pacu, quando você joga um coração podre, ele vem lá ocorrendo e você pega pacu à vontade.
Hudson Corrêa
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