AGENDA BRASIL: Lula defende reformas para elevar o crescimento

O candidato do PT à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, foi o quarto e último entrevistado do projeto AGENDA BRASIL, iniciativa do Jornal do Brasil, em parceria com a revista Forbes, O Dia e o Grupo Bandeirantes- , que discute soluções para o país nos próximos 25 anos. Lula disse que apóia uma minirreforma […]

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O candidato do PT à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, foi o quarto e último entrevistado do projeto AGENDA BRASIL, iniciativa do Jornal do Brasil, em parceria com a revista Forbes, O Dia e o Grupo Bandeirantes- , que discute soluções para o país nos próximos 25 anos.

Lula disse que apóia uma minirreforma tributária. Defendeu também outras reformas, como a trabalhista, a previdenciária e a agrária. E frisou que apenas o PT poderá fazer no campo uma reforma ”pacífica, sem violência”.

Lula afirmou que o atual presidente da República age como se estivesse no último minuto de seu mandato. ”É preciso fazer como na Copa do Mundo de 1958. Pegar bola de cabeça erguida e ganhar o jogo.” Criticou as privatizações, os lucros dos bancos e a especulação financeira. Lula não bombardeou o acordo com o FMI, mas fez questão de pontuar a discussão. ”O Brasil é um país com imenso potencial de crescimento e não uma republiqueta das bananas, que tem de ficar esperando convênio com o FMI.”

O metalúrgico da Villares evita a todo custo o clima de ”já-ganhou”. ”A eleição está realmente começando agora, no dia 20, a próxima terça-feira, quando começar o programa gratuito na televisão e no rádio”, diz Luiz Inácio Lula da Silva. E reforça que o candidato tucano, José Serra, tem ”quase um latifúndio” de 10 minutos, enquanto o PT tem a metade.

Nem mesmo a posição dianteira nas pesquisas eleitorais faz o candidato petista avaliar que já está – finalmente – quase subindo a rampa do Palácio do Planalto, em Brasília. ”Estamos fazendo tudo para ganhar esta eleição. Mas ainda falta muita estrada para ser percorrida.”

Com a experiência de ex-parlamentar constituinte (que se assustou com plenários vazios e sonolentos), Lula avalia que será possível avançar nas reformas – tributária, previdenciária e trabalhista. Mas não vê necessidade de fazer tudo a toque de caixa. ”Queremos ouvir a sociedade sobre questões importantes, como as mudanças na aposentadoria e na área trabalhista”, explica.

Um dos pontos mais martelados por Lula foi a necessidade de mudar o eixo do modelo econômico, do setor financeiro para o produtivo. ”Chega de só encher os cofres dos bancos.” Ele defendeu o modelo de cooperativas de crédito e agrícolas para os pequenos empresários e agricultores. E reforçou que, se fosse o comandante do país, não deixaria a situação financeira ter chegado ao ponto atual, favorecendo os atuais solavancos do mercado financeiro.

Lula defendeu maior crescimento econômico e criticou as privatizações – ”o mais sensato seria chamar a iniciativa privada para parcerias com o Estado, senão, fica como está aí; venderam tudo e os grandes grupos fazem o que querem.”

Ao contrário da imagem do dono da voz rouca que inflamou multidões de estrelinha no peito nos últimos 25 anos nas portas de fábricas e passeatas, Lula procura transmitir a imagem serena de quem tirou lições e recebeu até polimento internacional. Usou expressão em francês – police de aproximité (policiamento ostensivo) – e brincou: ”Gostaram dessa, não foi?” O candidato petista procurou descontrair a platéia. Ao trocar de cadeira, Lula ficou feliz ao ver que o novo assento era vermelho. ”Essa é do PT!”, brincou.

SÔNIA ARARIPE, do JB

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