Nadador brasileiro é suspenso seis meses por doping

A Fina não cancelou as medalhas ganhas pela equipe brasileira no Mundial e o país seguirá no topo da classificação

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A Fina não cancelou as medalhas ganhas pela equipe brasileira no Mundial e o país seguirá no topo da classificação

O nadador brasileiro João Gomes Junior foi suspenso por seis meses por ser pego em exame antidoping no Mundial de Piscina Curta de Doha (QAT), em dezembro de 2014. A decisão foi tomada em julgamento realizado nesta sexta-feira, na sede da Federação Internacional de Natação (Fina), em Lausanne (SUI).

Entretanto, a Fina não cancelou as medalhas ganhas pela equipe brasileira no Mundial e o país seguirá no topo da classificação, com sete ouros, uma prata e dois bronzes. João havia participado das eliminatórias em três revezamentos no qual o Brasil obteve a medalha de ouro na decisão: 4×50 m medley, 4x100m medley e 4x50m medley misto. A decisão pela manutenção das medalhas será explicada em breve pela Fina.

João, de 29 anos, foi flagrado no teste com Hidroclorotiazida, uma substância da classe dos diuréticos e mascarante de outros agentes.

A punição ao atleta brasileiro é retroativa, começando no dia 4 de dezembro, quando o exame foi realizado. Ele estará livre para competir a partir do dia 3 de junho.

O painel antidoping da Fina decidiu também que todos os resultados obtidos pelo atleta após o dia 4 de dezembro serão anulados, assim como todas as medalhas ganhas. Qualquer premiação financeira terá de ser devolvida.

Todos os custos do processo terão de ser arcados pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA).

O atleta e a CBDA  podem recorrer da decisão diretamente na  na Corte Arbitral do Esporte (CAS), também na Suíça, em um prazo de 21 dias. Porém, nenhuma das partes pretende entrar com recurso.

João Gomes Junior esteve no julgamento acompanhado do advogado da CBDA Marcelo Franklin, especialista em direito esportivo.

“Nossa meta era que a suspensão ficasse em até um ano para ele (João) poder participar da Rio-2016. A pena de seis meses é uma grande vitória, pois o novo código da WADA (Agência Mundial Antidoping) prevê penas de até quatro anos. Além disso, os resultados dos revezamentos ficaram mantidos, o que era praticamente impossível! O atleta está contente, aliviado e voltará ainda mais forte”, disse o advogado ao UOL Esporte.

“A CBDA recebe esta decisão de maneira tranquila. O doping impacta no resultado, mas não o desmerece, não tira o mérito de todo o trabalho que foi feito. A Fina preservou a CBDA tendo em vista que o doping ocorreu em função de um erro cometido pelo atleta. Ele será o mais prejudicado”, disse ao UOL Esporte, Ricardo de Moura, superintendente da CBDA.

O painel da Fina foi composto pelo presidente Robert Fox (SUI) e dois outros membros, Raymond Hack, da África do Sul, e Farid Ben Belkacem, da Argélia.

João está fora do Mundial de Kazan e do Pan de Toronto

Especialista no nado peito, João Gomes Junior não poderá disputar o Mundial de Desportos Aquáticos de Kazan (RUS), no qual as provas de natação ocorrerão entre os dias 2 e 9 de agosto.

Apesar de a punição acabar quase dois meses antes, ele não terá tempo hábil para a obtenção de índice. A última competição no qual os atletas brasileiros poderão carimbar o passaporte para a Rússia será o Troféu Maria Lenk, que começa no dia 6 de abril.

João havia assegurado índice para a disputa dos 50m peito (26s89) durante a disputa do Troféu Open, no fim de dezembro. A competição, entretanto, ocorreu após a realização do exame antidoping. A marca será cancelada.

Ele também não poderá representar o Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, em julho.

Prejuízo também será financeiro

No começo deste mês, o nome de João Gomes Junior havia sido colocado na lista de beneficiados do programa Bolsa Atleta do Governo Federal, que destina R$ 5 mil aos contemplados.

“O ministério precisa esperar a decisão sobre eventual punição ao atleta. De acordo com a Lei 10.891 – alterada pela Lei 13.051 –, o atleta sofrerá punição apenas se estiver cumprindo penalidade/suspensão imposta por tribunal de justiça, em sentença transitada em julgado [quando não houver mais possibilidade de recursos judiciais]”, informou na ocasião.

Já houve casos de atletas que receberam os repasses da bolsa mesmo após sancionado por doping, mas tiveram de devolver o dinheiro recebido quando o Ministério obteve a confirmação da suspensão pelo uso de substância proibida.

 

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