Grupo que representa empresas brasileiras nos EUA vai acabar

Em meio à guerra comercial patrocinada pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o BIC (Brazil Industries Coalition), principal grupo de defesa de empresas brasileiras em Washington, vai fechar. O motivo é a redução de investimentos para financiar os trabalhos da associação, criada em 2000, segundo segundo pessoas próximas ao BIC. Embraer, Instituto […]

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Em meio à guerra comercial patrocinada pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o BIC (Brazil Industries Coalition), principal grupo de defesa de empresas brasileiras em Washington, vai fechar.

O motivo é a redução de investimentos para financiar os trabalhos da associação, criada em 2000, segundo segundo pessoas próximas ao BIC.

Embraer, Instituto Aço Brasil, CNI (Confederação Nacional da Indústria), Apex (promotora de exportações) e associações dos setores elétrico e têxtil são algumas das empresas e entidades que são ou já foram ligadas ao BIC.

A diretoria do grupo está vaga desde a saída de Antonio Josino Meirelles, em fevereiro. A equipe de funcionários ficou mais enxuta. O site oficial do BIC não está mais no ar.

As alternativas para as empresas são buscar escritórios de lobby nos EUA -onde é atividade legal, ao contrário do Brasil- ou associações americanas do setor para defender seus interesses, o que poderia ser mais oneroso.

“O BIC não deveria ser extinto, somos contra”, disse o presidente-executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes.

O grupo teve papel importante nas negociações com o governo americano em meio à guerra comercial, trabalhando com advogados, Mdic (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços) e embaixada brasileira.

O Brasil acabou isento da tarifa de 25% sobre o aço imposta a países da União Europeia, Canadá e México.

“O grupo tem credibilidade para se comunicar com o Executivo e o Legislativo. Não é possível marcar uma agenda em Washington sem experiências passadas”, diz Lopes, que tentará buscar uma solução financeira para evitar o fechamento.

A situação agora está mais estável no que diz respeito ao aço. “Mas seria uma visão de curto prazo imaginar que vamos deixar de ter pauta com os EUA”, afirma Lopes.

A CNI, uma das principais associadas, afirmou que a participação de empresas brasileiras em associações no exterior tornou-se onerosa por causa de crise econômica, dólar caro e alta tributação sobre remessas internacionais.

Disse, no entanto, que o mercado norte-americano continua como prioridade para a indústria brasileira.

A Apex-Brasil disse que sempre colaborou com as atividades do BIC e que acatou a decisão “tendo em vista os crescentes problemas de financiamento de suas atividades”.

A falta de recursos não é novidade para a associação, segundo Welber Barral, consultor de comércio internacional e ex-presidente do conselho do BIC. “E aí começa um ciclo vicioso: com poucos recursos, oferece poucos serviços e tem menos associados”, diz.

Apesar disso, reconhece que a BIC tem papel importante na defesa dos interesses brasileiros e que costumava organizar eventos junto a universidades e centros de pesquisa.

A Abinee (associação da indústria elétrica e eletrônica), outra associad, deu menos peso ao papel do grupo. Afirmou que usava pouco os seus serviços e que a embaixada brasileira dá conta de ajudar nas missões.

O BIC não se pronunciou oficialmente sobre a mudança ou sobre a data de encerramento das atividades.

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