Aumento de produção e baixa demanda faz área de algodão reduzir em 2014/2015
O setor encara a próxima safra com cautela.
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O setor encara a próxima safra com cautela.
O algodão está na lista de commodities que tiveram queda de preço em 2014. Com excesso de oferta no mercado externo e demanda fraca da indústria nacional, o setor encara a próxima safra com cautela.
A área cultivada é menor para a colheita que vem, depois de um ano em que a produção da pluma cresceu mais de 30% no país. Os cotonicultores estão desanimados com o cenário para a safra 2014/2015.
– Demanda fraca, preço internacional também fraco. Não se consegue exportar. A paridade está muito ruim. Enfim, nós estamos trabalhando com uma expectativa não muito boa. Mas temos que manter a coisa funcionando – relata o produtor da Bahia Roni Reimann.
A perspectiva pouco otimista resulta em redução de 10% na área de cultivo de algodão para esta safra em comparação com a temporada passada. A estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de plantio em um milhão de hectares.
– Em Mato Grosso, como ele planta a soja precoce e depois planta o algodão na safrinha, ainda é uma incógnita. Porque o produtor agora plantou soja, ele vai colher a soja e depois ele pode plantar o milho e o algodão. A gente imagina que a redução da área de algodão não vai ser tão grande também – diz o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão, Marco Antônio Aluísio.
No mercado futuro, a cotação internacional caiu 30% no segundo semestre e recuou para a casa dos US$ 0,60 por libra peso. A queda do preço do algodão acontece por excesso de oferta e aumento dos estoques globais da pluma.
O Brasil, que é o quinto maior produtor, teve crescimento de 32% na safra 2013/2014, com produção de mais de um 1,7 milhão de toneladas. No mercado interno, a demanda da indústria não respondeu bem. O setor têxtil teve um ano difícil, com redução das vendas, demissões e fechamento de unidades.
Conquistas
Apesar das dificuldades, 2014 teve alguns avanços para o mercado de algodão nacional. O setor comemorou o reajuste do preço mínimo, depois de mais de uma década. A arroba da pluma passou de R$ 44,70 para R$ 54,90. Para a garantia do preço mínimo, o governo federal ouviu as reivindicações dos produtores e realizou três leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro), que deram subsídio à venda de 900 mil toneladas da pluma.
Na parte fitossanitária, os cotonicultores dos dois Estados com a maior produção, Mato Grosso e Bahia, conseguiram na Justiça a liberação do benzoato de emamectina. O inseticida é utilizado para o controle da lagarta Helicoverpa armigera, que se tornou uma das principais pragas da cultura. Ainda em 2014, Brasil e Estados Unidos entraram em acordo sobre o contencioso do algodão, na Organização Mundial do Comércio (OMC). Há mais de uma década, o Brasil questionava subsídios e créditos oferecidos aos cotonicultores norte-americanos. Com o acordo, o país desistiu de impor sanções aos Estados Unidos e o Instituto Brasileiro do Algodão recebeu o pagamento de US$ 300 milhões de dólares de indenização.
– Com esses recursos, nós vamos poder melhorar a cadeia do algodão, melhorar a infraestrutura dos produtores de algodão de uma maneira geral, especialmente na área de treinamentos, de formação de mão de obra. Hoje, o Brasil sofre muito com a mão de obra despreparada para trabalhar com os novos maquinários, com as novas tecnologias que nós temos para fazer nossas lavouras. Então, isso vai nos dar um alento muito grande e vai ajudar a melhorar nossa competitividade no mercado internacional – projeta o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), João Carlos Jacobsen Rodrigues.
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