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Cotidiano

Leite e carne: 10 mães foram presas em um ano por furtar para alimentar filhos em Campo Grande

Número chamou atenção e trabalhadores do comércio confirmam aumento de casos para esse tipo de crime
Lethycia Anjos -
mercado
(Foto: Natalia Alcântara / Jornal Midiamax)

Último recurso para quem precisa alimentar os filhos, pequenos furtos de leite e mistura têm se tornado cada vez mais recorrentes em . É o que mostram os dados da de Mato Grosso do Sul. Conforme o levantamento, de dez mulheres presas por furtar alimentos no último ano, todas eram mães que alegaram roubar para alimentar os filhos.

Conforme os dados, alimentos mais furtados são leite e misturas como carne bovina ou de frango. Também aparecem na lista itens classificados como ‘guloseimas’ e embutidos.

O aumento da pobreza e a insegurança alimentar estão entre os fatores que contribuem para o crescimento de casos de furto de alimentos. Mato Grosso do Sul é o estado da região Centro-Oeste com o maior número de domicílios com algum grau de insegurança alimentar.

Os dados são do “2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da no ”, realizado pela Rede PENSSAN (Rede Brasileira de em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional).

‘Quanto mais pobre, maior é a chance de passar fome em MS’. A pesquisa mostra que a probabilidade de passar fome é maior entre aqueles com renda familiar menor. Em Mato Grosso do Sul, 47,4% dos que recebem até meio salário mínimo estão na faixa de insegurança alimentar moderada e grave.

Segundo o levantamento elaborado pelo Nucrim (Núcleo Criminal) e pela Coordenadoria de Pesquisas e Estudos da Defensoria Pública, no período de um ano, 28 pessoas passaram por audiência de custódia por furto de alimentos em Campo Grande.

Ao analisar os dados é possível observar um recorte que reflete a realidade de milhares de mães brasileiras. No período de 1 de julho de 2022 a 30 de junho de 2023, todas as mulheres que constam no estudo eram mães e foram pegas furtando alimentos, como leite e mistura.

Para o defensor público Daniel de Oliveira Falleiros Calemes esse tipo de furto é completamente diferente dos casos em que a pessoa se apropria de algo para lucrar.

“Os dados apontam que essas pessoas flagradas com alimentos furtaram para consumo próprio e de familiares, ou seja, sobrevivência. Vale lembrar que esse número pode ser maior já que esses casos são subnotificados”, explicou.

Conforme o levantamento, das 28 pessoas autuadas no último ano, duas eram reincidentes, ou seja, furtaram comida mais de uma vez neste período. Uma era adolescente e não passou por audiência de custódia.

O que chama a atenção é que dos alimentos furtados um figurou pela primeira vez no tipo de estudo: leite e derivados. Durante o levantamento, foram pelo menos oito itens listados.

Contudo, o tipo de alimento mais furtado continua sendo a “mistura”. Do total de pessoas autuadas, 17 foram pegas na posse de carne bovina ou frango.

Em 2022, a mesma análise divulgada pela instituição identificou que 32 pessoas haviam passado por audiência de custódia na Capital pelo mesmo motivo, o que para o núcleo demonstra uma média entre os anos.

Acusado tentou sair sem pagar (Foto: Divulgação)

Furto famélico

O furto famélico consiste no crime cometido por uma pessoa que está em situação de penúria ou extrema necessidade, como é o caso da fome e da insegurança alimentar.

Dados da Segurança Pública não detalham o furto famélico como uma tipificação de crime e por isso não há como quantificar se houve aumento deste tipo de crime nos últimos meses em Campo Grande.

Contudo, em reportagem realizada pelo Jornal Midiamax em agosto de 2022, trabalhadores do setor do comércio relataram que cada vez mais casos desse tipo ocorrem em estabelecimentos na Capital.

Dentre o perfil das pessoas que cometem esses furtos, a maioria são homens. Dentre os casos registrados pela Defensoria Pública, 16 eram do sexo masculino, 10 do sexo feminino e um se identificou como LGBTQIA+. Um adolescente não teve o sexo divulgado.

Em relação à faixa etária, a maioria dos furtos foi cometido por pessoas com idade entre 31 e 40 anos.

Vale destacar que 20 dos custodiados se autodenominavam pardos, seis como brancos e um como preto. Todos com nacionalidade brasileira. Em relação ao grau de escolaridade, a maioria tinha ensino fundamental incompleto.

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