Monitoradas por câmeras ‘trap’, onças-pintadas têm população estável em MS

O programa de monitoramento no Pantanal consegue detectar as áreas mais frequentadas pelos animais e sua densidade

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Monitoramento também detecta padrões de atividade e práticas de predação de bovinos.
Monitoramento também detecta padrões de atividade e práticas de predação de bovinos.

Rainhas das florestas brasileiras, as onças-pintadas já foram classificadas como espécie “quase ameaçada de extinção”, inclusive em Mato Grosso do Sul. A situação, atualmente, indica estabilidade na população dos felinos. É o que defende Diego Viana, médico veterinário e coordenador do Programa Felinos Pantaneiros do IHP (Instituto Homem Pantaneiro), para quem a quantidade de onças-pintadas no Mato Grosso do Sul é “equilibrada”.

Ao Jornal Midiamax, Viana explica que o monitoramento desses animais selvagens é feito pelo Programa Felinos Pantaneiros na região da Serra do Amolar e na fazenda BrPec, localizada na região de Miranda.

“O número de onças nessas duas áreas [que o programa atua] é estável, não aumentou, nem diminuiu. Nós registramos novos indivíduos, mas, também deixamos de registrar velhos indivíduos. Essa renovação da população é um fator perceptível desde 2016. Sempre aparecem indivíduos novos, mas também aparecem indivíduos mais velhos, principalmente machos, que também deixam de ser registrados nas câmeras ‘trap’”, explica o veterinário.

As operações de monitoramento ocorrem desde o ano de 2016, por meio de armadilhas fotográficas, em inglês ‘cameras trap’, que possibilitam a identificação das onças, a estimativa de quantidade de animais por área, seu padrão de atividades como o período em que caminham mais, e a relação de predação com os animais bovinos.

Segundo o coordenador do Programa Felinos Pantaneiros, o monitoramento mais recente em andamento no programa teve início em dezembro de 2021, com rádio colar GPS na onça-pintada Guató.

Diego descreve à reportagem como a tecnologia funciona. “Com as informações do rádio colar GPS é possível encontrar mais dados sobre as onças-pintadas, saber com mais precisão as áreas que elas mais andam, se elas ocupam as mesmas áreas e principalmente em casos de incêndios e desastres ambientais, é possível saber quais as principais áreas que as onças ocupam e assim, são pensadas maneiras para proteger essas áreas e evitar incêndios e desastres ambientais”, destaca.

O papel das políticas públicas 

Ainda de acordo com o médico veterinário, as políticas públicas que favorecem a conservação das áreas ambientais contribuem para a manutenção da população de onças-pintadas, por conservarem o habitat desses animais. No entanto, a pressão de caça ou situações de retaliações em que uma onça ataca o rebanho bovino ainda desencadeia a morte de onças-pintadas a tiros ou por envenenamento no Estado. “Temos casos recentes registrados na Serra do Amolar, uma onça morta, em junho do ano passado, com tiros e outra na região de atuação do Reprocon também foi encontrada envenenada”. Diego ainda ressalta que esses acontecimentos são fatores de atenção para os pesquisadores e para os tomadores de decisão.

Suporte para o programa 

O coordenador do Programa Felinos Pantaneiros destaca que as operações de monitoramento são de custo alto e que o apoio externo é importante para a manutenção das atividades. Caso tenha interesse em apoiar o projeto de forma financeira ou voluntária, entre no site.

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