Com varíola do macaco em evidência, campo-grandenses procuram vacina ‘esquecida’ há 40 anos
Vacina para varíola não é aplicada na população há cerca de 40 anos, quando a doença foi erradicada
Wendy Tonhati –
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Com os casos de varíola do macaco em evidência em todo o mundo e cada vez mais perto, com suspeita da ocorrência da doença um jovem internado em Corumbá – cidade a 450 quilômetros da Capital – os campo-grandenses já começaram a procurar a vacina para varíola nas clínicas particulares.
O Jornal Midiamax consultou as clínicas de vacinação de Campo Grande. Em pelo menos duas delas, já foram recebidas ligações sobre a vacina da varíola. Porém, a vacina não está disponível ao público, seja na rede pública (Sistema Único de Saúde) ou na privada. Além disso, ainda não há uma vacina específica para o vírus monkeypox, causador da infecção popularmente chamada de ‘varíola dos macacos’. “Específica não existe. Existe para a varíola que provavelmente protege para a varíola dos macacos”, explica o infectologista Julio Croda.
Nacionalmente, a Abcvac (Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas) apontou que 73% dos associados relataram aumento na procura por um imunizante. Do total, 25% afirmaram que “há muita demanda”. Mesmo com o interesse recente, a produção de vacina para varíola é limitada em todo o mundo. Apenas profissionais de saúde, que possuem atividades específicas com risco para a doença, são imunizados.
A vacina da varíola parou de ser aplicada no Brasil em 1979 e, em maio de 1980 a doença foi declarada erradicada. Mesmo quem é mais “antigo” e tomou a vacina, pode não estar mais imunizado, uma vez que os estudos mostram que a imunidade dura cerca de 30 anos. Além disso, a varíola humana, que está extinta, era bem mais grave que a varíola do surto atual, a dos macacos.
Em debate em comemoração dos 122 anos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), realizada na terça-feira (30), o coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Rivaldo Venâncio da Cunha esclareceu algumas dúvidas sobre o vírus monkeypox, causador da infecção popularmente chamada de “varíola dos macacos”.
“Diversos surtos de monkeypox já foram registrados ao longo da sua história, desde a sua identificação, no final da década de 1950. Todos esses surtos foram registrados no continente africano. Esse que estamos tendo agora é peculiar, por conta de um mecanismo de transmissão que prescinde dessa ida ao continente africano e o contato com alguém que tenha ido ao continente”, explicou.
O pesquisador ainda ressaltou que, até o momento, não há recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) para vacinação em massa da população por conta da varíola do macaco. “Temos uma tranquilidade em saber que a vacina usada contra a varíola protege em torno de 85% a 90% dos casos de infecção contra o monkeypox. Uma dificuldade que temos é que quem tem a partir de 40 anos, no caso do Brasil, nunca foi vacinado contra a varíola, portanto não dispõe dessa proteção”, explica o pesquisador.
“Nesse momento, segundo a OMS, os estoques de vacina estão sendo reservados exclusivamente às pessoas comprovadamente expostas e a trabalhadores da área da saúde que estejam numa exposição claramente identificada. Não há qualquer recomendação de vacinação em massa contra a infecção pelo monkeypox neste momento”, afirmou.
Caso suspeito em MS
Avaliado por médico infectologista e dermatologista, o jovem de 16 anos, considerado o primeiro caso suspeito de varíola do macaco em Mato Grosso do Sul, segue isolado e foi indicado que ele pode estar com síndrome rara.
Em nota divulgada no fim da tarde de terça-feira (31), a Santa Casa de Corumbá ainda não descartou o diagnóstico de Monkeypox, popularmente conhecida como a varíola dos macacos.
“[O paciente] encontra-se clinicamente estável, isolado e monitorizado em ambiente de terapia intensiva e com conduta terapêutica adequada. De acordo com o histórico clínico do paciente, bem como as características das lesões, a equipe de profissionais médicos da Santa Casa de Corumbá acredita ser pouco provável a infecção pelo referido vírus”, diz trecho de nota.
Varíola do macaco
Originalmente conhecida como Monkeypox, a varíola dos macacos é uma doença endêmica da África e recentemente tem causado alerta no mundo por conta de infecções registradas desde o início de maio na América do Norte e Europa.
Conforme a Fiocruz, a doença geralmente é transmitida pelo contato com secreções das lesões cutâneas, gotículas por via respiratória, fluidos corporais ou animais contaminados, os casos atuais de monkeypox têm gerado debates sobre a possibilidade de uma transmissão via relação sexual.
De acordo com informações do Instituto Butantan, existem dois clados (linhagens) do vírus da varíola dos macacos: o da África Ocidental e o da Bacia do Congo (África Central). As infecções humanas com o clado da África Ocidental parecem causar doenças menos graves em comparação com o clado da Bacia do Congo, com uma taxa de mortalidade de 3,6% em comparação com 10,6% para o clado da Bacia do Congo, segundo a OMS
A varíola geralmente é autolimitada, ou seja, pode ser curada com o tempo e sem tratamento, mas pode ser grave em alguns indivíduos, como crianças, mulheres grávidas ou pessoas com imunossupressão devido a outras condições de saúde.
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