‘Não dá pra ficar lá dentro’: comunidades convivem com aguaceiro e barro após chuvas

Moradores convivem com medo de perder moradia, além de possíveis deslizamentos de terra

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Água da chuva sempre entrar nas casas dos moradores
Água da chuva sempre entrar nas casas dos moradores

Há semanas a chuva não tem dado trégua para Campo Grande e o que para muitos é uma benção, ‘renovação de energias’ ou prosperidade, para outros é sinônimo de dor de cabeça. Para quem mora em barracos de comunidades carentes da Capital, além de água do céu, a chuva também traz insegurança e falta de conforto. 

Na comunidade do Mandela, os moradores têm que lidar com a água entrando nos barracos em 100% das vezes que chove. “Tem um problema comum que é molhar dentro dos barracos. É melhor quando chove um pouco todo dia do que chover forte um dia só”, disse a líder do local, Greiciele Ferreira, de 27 anos. 

Durante as pancadas de chuvas, que têm acontecido nos últimos dias, é comum molhar dentro dos barracos, que são cobertos por lona ou telha eternit, e a água atingindo camas,  móveis e até eletrodomésticos. Greiciele explicou a reportagem do Jornal Midiamax que as moradias não aguentam uma chuva forte, que geralmente vem acompanhada por ventos.

Por serem mais frágeis, um temporal pode destelhar as casas e levar madeiras e papelões que servem de paredes, por isso é preferível uma chuva mais amena todos os dias do que um temporal em um dia só, como a mesma disse. Para tentar amenizar o ‘caos’ que uma precipitação pode trazer, a líder disse que lonas foram distribuídas para os moradores do local no intuito de reforçar os telhados e evitar que a água entre nas moradias. 

‘Não dá para ficar lá dentro’

Apesar das chuvas mais fracas, há cerca de duas semanas atrás, a moradora Andreza de Santana foi pega de surpresa no meio de um temporal, que destruiu parcialmente o barraco onde ela mora com o marido e dois filhos. “Eu peguei os meus filhos e corri para a vizinha. Não dá para ficar lá dentro que molha tudo”, contou ela á reportagem. 

Barraco da Andreza foi destruído no temporal. (Foto: Leonardo de França/ Jornal Midiamax)

 

O barraco de Andreza ficou destelhado e, além disso, as madeiras que fazem as paredes absorveram a água e acabaram ficando tortas e abertas. A mulher teve que se mudar e está ficando na casa da mãe, em outra comunidade. A família está arrecadando materiais para reconstruir o barraco. Quem quiser ajudar e doar telhas, madeira e outros itens, pode entrar em contato com o número (67) 99108-6055.

Medo e insegurança

No Mandela, oito famílias moram na base de um morro que há no meio da comunidade. Além dos problemas já comuns de toda ‘chuvarada’, esses moradores também convivem com o medo de deslizamento de terra e quedas de árvores.

Conforme Greiciele, quando chove entra muito barro nas casas dessas oito famílias. “Além do perigo, a pessoa ainda tem que limpar o barro todo dia. Às vezes o morador quer colocar um tapete e não consegue por causa disso”, comentou ela.

Como tem chovido, a terra fica mais úmida e o risco de deslizamento aumenta, assim como da raiz das árvores se desprender e elas caírem, acabam com um lar, em um piscar de olhos. 

Moradores convivem com medo de deslizamento de terra. (Foto: Leonardo de França/ Jornal Midiamax)

 

Semana chuvosa

A trégua para o fim dos dias chuvosos aconteceu nesta semana em todo Mato Grosso do Sul, de acordo com o Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima). Embora a permanência da frente fria, alguns municípios já registraram tempo firme.

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