Você já se perguntou o que é feito com as frutas e verduras que sobram na Ceasa-MS (Central de Abastecimento de Mato Grosso do Sul) em , local que conta com cerca de 250 empresas e 1,5 mil funcionários. São doadas? Quem pode entrar para pegar? E como fazer para se cadastrar? O Jornal Midiamax conversou com o diretor de abastecimento e mercado da empresa para sanar essas dúvidas.

Conforme explicado pelo diretor Fernando Begana, de 43 anos, o descarte de alimentos na Ceasa-MS gira em torno de 8% de tudo que entra. Esses 8% são divididos em duas categorias:

  • Produtos não comercializáveis, que são aqueles produtos esteticamente abaixo do padrão, e que o mercado ou revendedor não leva, mas que estão em condições de consumo.
  • E o resíduo que sobra na preparação do repolho ou seleção de um tomate, por exemplo. Coisas que não são comercializáveis e nem aproveitáveis para consumo humano.

Por que a entrada de pessoas está suspensa na Ceasa-MS?

Desde 2020, o recolhimento dos alimentos não comercializáveis foi suspenso para pessoa física. “Em 2020, nós tivemos uma notificação da vigilância sanitária, recomendado para que nós mantivéssemos somente as pessoas essenciais dentro da Ceasa. Justamente pra evitar o surto de pandemia no local, que prejudicaria o abastecimento no Estado todo”, disse ele.

Ceasa-MS, doação de alimentos, Campo Grande
Movimentação de caminhões é rotineira na Ceasa-MS (Foto: Marcos Ermínio / Jornal Midiamax)

Outro fator importante foi o risco à segurança de quem entrava, e problemas de logística que a presença de pessoas de fora causavam.

“Tivemos muitos problemas de famílias vindo com crianças. Como a movimentação de caminhões é bastante intensa, era muito perigoso. Algumas pessoas atrapalhavam a logística dos comerciantes, incomodando e pedindo o tempo todo. Saía um e entrava outro. Então, infelizmente a maneira que nós tivemos para continuar a ação social de doações foi suspender a entrada de pessoas, e fazer as doações através das entidades”, disse ele.

Como os alimentos são doados hoje?

Para manter a doação de alimentos e continuar ajudando famílias carentes, a Ceasa desenvolveu o método de intermediação entre entidades e vendedores. “A entidade ou ONG [Organização não governamental] deve vir com um ofício explicando quem são e a sua proposta ao Ceasa, e nós vamos direcioná-los para conversar com o permissionário [vendedor] que está com interesse em doar alimentos. Se algum permissionário tiver o interesse em doar para essa entidade, será efetuado o cadastramento pra que essas pessoas tenham autorização pra vir somente nesse vendedor, pegar a doação e ir embora”, explicou.

Outra possibilidade é a compra de alimentos com um desconto considerável. “Alguns permissionários fecham acordo com entidades para que elas possam comprar os produtos de segunda (não comercializáveis, mas em condições de consumo), com um preço mais barato”, disse Fernando Begana.

Ceasa-MS, doação de alimentos, Campo Grande
Entrada de pessoas foi suspensa por medida da vigilância sanitária e questões de segurança (Foto: Marcos Ermínio / Jornal Midiamax)

Logo, as pessoas que querem receber doações de frutas e verduras devem fazer contato direto com as entidades. “Recomendamos que as famílias que necessitam de doação procurem somente as Ongs e entidades de Campo Grande. Estamos aqui pra fazer o intermédio, temos mais de 100 entidades cadastradas. Dessas, 60% vêm efetivamente toda semana para pegar doações. Sendo o FAC (Fundo de Apoio à Comunidade) e o Mesa Brasil as mais expressivas”, disse ele.

Nada vai para o lixo

Segundo Fernando Begana, nada é desperdiçado na Ceasa. “São cerca de 250 empresas dentro da Ceasa e 1,5 mil funcionários. Hoje, podemos considerar que o desperdiço é zero. Aquilo que não se reaproveita e que seria considerado lixo, vai para nossa central de gerenciamento de resíduos. Ali ele é acumulado por alguns dias, recolhido e levado para a Organoeste”.

O diretor ainda explica que o que vai para o lixo acaba sendo transformado em adubo por meio da técnica de compostagem. O material volta para o Ceasa que junto com a (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) distribui o adubo para pequenos produtores de Campo Grande.