Carne vermelha vira ‘raridade’ na mesa dos campo-grandenses e procura nos açougues cai até 60%

Moradores têm optado por carnes brancas e miúdos para fugir dos aumentos

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Moradores da Capital têm comprado carne vermelha em um volume menor
Moradores da Capital têm comprado carne vermelha em um volume menor

Com o preço da carne vermelha cada vez ‘mais salgado’, uma parcela significativa dos campo-grandenses tem optado por proteínas mais em conta, como carne de porco, frango e miúdos. Em diferentes açougues da Capital, a mudança de comportamento com a diminuição do consumo é nítida para comerciantes e clientes, com uma queda de até 60%.

Em um mercado no bairro Jardim Imá, o açougueiro Júlio Cesar, de 48 anos, sentiu uma mudança não só nas vendas, mas no comportamento dos clientes. “As vendas de carne de segunda abaixaram bem. As pessoas começaram a comprar mais carne de frango e porco.  Nós não trabalhávamos com miúdos, trouxemos no começo do ano porque os clientes começaram a pedir bastante”, detalhou.

Dependendo da localização do açougue, o profissional explica que era comum sentir uma mudança econômica — no volume da compra de carne — da região central para os bairros, mas nada comparado com o atual momento. “Tenho 15 anos de profissão, sempre existiu um padrão. Mudava o perfil do cliente dependendo da região, centro e bairro. Agora mudou o consumo geral. A exceção é na venda da carne de primeira, que não abaixou as vendas”, disse ele. No local, o quilo do miúdo é comercializado por R$ 9,89, da coxa e sobrecoxa por R$ 15,99 e da carne suína por R$ 12,99.

Frango e porco têm substituído a carne vermelha (Foto: Stephanie Dias / Jornal Midiamax)

 

O proprietário de um mercado na vila planalto, José Roberto, de 50 anos, compartilha de uma perspectiva semelhante quando o assunto é venda de carnes. “A procura por carne de primeira não mudou, por conta da região. Já a venda da carne de segunda diminuiu em torno de 30% se comparada com antes da pandemia”, explicou.

Com 21 anos de tradição no mesmo estabelecimento, o comerciante também percebeu uma mudança no perfil dos clientes. “Eles têm subsistido. Vendemos muita salsicha, frango e verduras, que seriam uma segunda opção, mas agora está subindo por conta da alta do adubo. O cliente comprava mais antes, ele fazia uma compra de carne: moída, bife, isca e de panela. Agora ele só vem buscar o kg para o dia”, detalhou.

Procura caiu em até 60%

A funcionária de uma casa de carne na Vila Almeida, Priscila da Gama, de 30 anos, testemunhou uma mudança abrupta no consumo de carne vermelha. “Depois que começou a pandemia a procura caiu entre 50% e 60%. Não é todo mundo que consegue acompanhar os aumentos. O auxílio emergencial ajudou, mas esse ano já piorou. Chega a ser triste, o pobre está comendo o mínimo”, exclamou.

Vivenciando o balcão do açougue diariamente, ela notou o efeito dos aumentos de uma forma muito prática. “Estão usando mais frango, carnes brancas em geral e consumindo menos. São as mais em conta por enquanto, porque o frango subiu de novo. O churrasco que antes era só um que comprava a carne, agora é divido em três”, finalizou. No estabelecimento, o quilo da coxa e sobrecoxa é vendido por R$ 10,50, a carne de porco por R$ 14,99 e o miúdo mais vendido sai por R$ 17,50.

O que muda na panela?

A professora Divanete Oliveira, de 52 anos, foi abordada pela equipe do Jornal Midiamax enquanto saía de um mercado. Ela foi uma das moradoras da Capital que tiveram que adequar o cardápio, devido ao preço da carne vermelha, em suas residências. “Comprei só frango, a carne está muito cara. Estou fazendo diferentes molhos, de calabresa e linguiça. Carne só no final de semana. Até o preço da fruta aumentou, plantei um pé de mamão em casa porque encareceu muito”, explicou.

 

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