Ações por falta de medicamentos aumentam na Defensoria e expõem desabastecimento em MS

Remédios são usados em tratamentos para epilepsia e fibrose cística, entre outras doenças

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Distribuição estava suspensa após período de desabastecimento
Distribuição estava suspensa após período de desabastecimento

As ações ajuizadas por falta de medicamentos no SUS (Sistema Único de Saúde) em Mato Grosso do Sul expõem uma problemática no Estado: o desabastecimento de remédios essenciais para a saúde de pacientes. A Defensoria Pública de MS entra com processos para pessoas em vulnerabilidade econômica. 

Conforme a coordenadora do Núcleo de Saúde, a defensoria pública Eni Maria Diniz, o órgão tem recebido solicitações que estão na lista de medicamentos padronizados do SUS e que deveriam ser entregues pelo governo estadual, na Casa da Saúde. “De uns 8 a 6 meses para cá, nós estamos percebendo esse desabastecimento de medicamentos devido às ações que estão sendo ajuizadas”, disse ela ao Jornal Midiamax.

A defensora explicou que o sistema de saúde público tem duas listas diferentes para medicamentos: os padronizados, que são aqueles fornecidos pelo SUS, e o não padronizados, sendo os que ainda não são distribuídos pelo SUS. 

No caso dos padronizados, uma parte é fornecida pelos municípios, nas unidades de saúde e hospitais. Outra parcela é de competência do Estado fornecer — em Campo Grande, essa distribuição é feita na Casa da Saúde. “E tem os que são responsabilidade da União, que geralmente são os medicamentos oncológicos, mais caros”, citou ela à reportagem. 

Segundo ela, não é possível estimar em números as ações movidas pela procura por medicamentos em falta, mas a profissional garante que “são feitos diariamente”. Os medicamentos que são mais solicitados são para doenças de tratamento de uso contínuo:

  • Epilepsia;
  • Puberdade precoce;
  • Tratamentos psiquiátricos;
  • Fibrose cística (paralisia cerebral; microcefalia).

Como solicitar?

A defensoria atende pessoas em vulnerabilidade econômica e que não podem contratar um advogado. De acordo com a defensora, há casos em que a pessoa tem determinada patologia que não está na lista que o medicamento cobre. Nesse caso, o paciente pode procurar a Defensoria Pública, assim como nas vezes em que o remédio prescrito pelo médico está em falta. 

O paciente, então, vai agendar um horário (clique aqui) no órgão e reunir documentos que comprovem a necessidade de tal medicamento, como laudos, protocolos e prescrições médicas. Assim que os documentos foram entregues e o juiz analisar e dar um parecer favorável, uma liminar vai ser expedida para que a administração pública responsável forneça o remédio. 

Defensoria garante medicamento à base de canabidiol

Sofrendo com crises de epilepsia refratária, um adolescente de 12 anos diagnosticado com trissomia do cromossomo 11 obteve o direito ao tratamento com medicamento à base de canabidiol, após atuação da Defensoria Pública.

A mãe do jovem, moradora da zona rural de Anaurilândia, procurou a instituição, após constatar que outras linhas terapêuticas e medicamentos fornecidos pelo SUS não vinham garantindo êxito.

O defensor público Natanael Claudino de Araújo Junior, responsável pela ação inicial, na época, em meados de 2021, reiterou que o menino já fez uso de vários esquemas terapêuticos fornecidos pelo SUS, conforme demonstrado em laudo médico. Entretanto, mantém cerca de uma a duas crises convulsivas ao dia, em decorrência da epilepsia.

O pedido de fornecimento da medicação foi julgado improcedente no primeiro grau, apesar do parecer favorável do Ministério Público. Com isso, a defensora pública Sara Zam Segura Marçal entrou com o pedido autônomo de concessão de tutela recursal antecipada para o fornecimento do medicamento, conforme prescrição médica.

Trata-se de um adolescente gravemente doente, tendo em vista que a Trissomia do Cromossomo 11 evoluiu para o atraso global do desenvolvimento neuropsicomotor e para epilepsia refratária. Além disso, é portador de hipotireoidismo.

“Com a falta da medicação, as convulsões são cada vez mais recorrentes. Após as crises, o adolescente fica muito choroso, o que, inclusive, tem dificultado sua alimentação, motivo pelo qual está com 19 quilos, necessitando fazer acompanhamento gástrico”, disse Marçal. A Justiça acatou o pedido de tutela provisória e determinou o fornecimento do medicamento.

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