Quebrar barreira entre ciência e pessoas na pandemia fez pesquisador da UFMS ficar entre os mais citados do país
Uma referência em estudos sobre o coronavírus no Mato Grosso do Sul, o infectologista Julio Croda foi reconhecido como um dos pesquisadores mais publicados e citados sobre a doença. Dividido entre pesquisas e reuniões em casa e aulas na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), ele dedica quase todo o seu tempo para […]
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Uma referência em estudos sobre o coronavírus no Mato Grosso do Sul, o infectologista Julio Croda foi reconhecido como um dos pesquisadores mais publicados e citados sobre a doença. Dividido entre pesquisas e reuniões em casa e aulas na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), ele dedica quase todo o seu tempo para estudar uma doença nova, mas que tem feito muitas vítimas. Com a pandemia, ele conta que aprendeu a quebrar a barreira entre a universidade e a população, utilizando uma linguagem simples para evitar a desinformação.
Um levantamento sobre publicações científicas relacionadas com a Covid-19 em todo o mundo apontou que Croda é o segundo pesquisador brasileiro mais publicado. Só sobre o coronavírus, foram 20 publicações científicas e 475 citações. As informações foram divulgadas após um levantamento realizado pela Agência USP (Universidade de São Paulo) de Gestão da Informação Acadêmica a partir das informações da plataforma Dimensions.
Você já deve tê-lo visto em uma reportagem sobre o coronavírus, já que o professor da UFMS e pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) se tornou uma referência sobre a doença. A relação entre o médico soteropolitano e o Mato Grosso do Sul começou há mais de dez anos, quando ele se tornou professor da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados). Depois, Croda se tornou professor na UFMS e passou pelo Ministério da Saúde.
O infectologista explica que se dedicou às pesquisas sobre o coronavírus quando retornou à universidade, logo no início da pandemia em março. “Eu retornei às atividades de pesquisa e ensino na UFMS e na Fiocruz em março. Eu já lidava com a pandemia como gestor do SUS (Sistema Único de Saúde), mas aí passei a me dedicar como pesquisador”, conta.
A rotina começa logo às 5 horas da manhã, quando o pesquisador tira um tempo para os exercícios físicos. Depois, a loucura começa e os estudos sobre o coronavírus não param nem mesmo aos feriados e fins de semana. O trabalho é dividido entre a casa e a universidade.
“Eu fico metade em casa e metade na universidade. Às quintas-feiras dou aulas práticas na faculdade de Medicina, quando o aluno tem o primeiro contato com os pacientes”, explica. O pesquisador conta que com o distanciamento social, as atividades foram otimizadas com o trabalho e as reuniões remotas. “Com esse trabalho remoto a gente ganha mais tempo para pesquisas, menos tempo de deslocamento para viagens e reuniões”, comenta.
Pandemia intensificou interesse pela comunicação
Assim como a vida de todos, a pandemia também mudou o trabalho do pesquisador. Julio Croda explica que um momento crítico como este o levou a aprimorar a comunicação, para quebrar a barreira entre a universidade e a população.
“Eu senti a necessidade de comunicar com a sociedade, de os professores se comunicarem com uma linguagem simples, para desmistificar as fake news, que têm um interesse político e econômico”, ressalta.
Além das entrevistas que dá sobre a pandemia, Croda também criou um podcast sobre o coronavírus. Gravado às segundas e divulgado toda terça-feira, o Covid Café chegou ao 27º episódio.
“Como funcionário público, eu tenho obrigação de me comunicar melhor, foi um grande desafio, que tem sido repercutido na conscientização da população, com prevenção e alertas. Poder influenciar e impactar, ajudar controle da doença pela comunicação é fundamental”, diz.
O interesse pela pesquisa sobre o coronavírus não acaba no fim do expediente. A esposa do professor também é uma referência sobre a doença no Estado. A também infectologista Mariana Croda é integrante do COE (Comitê de Operações de Emergência) da SES (Secretaria de Estado de Saúde).
Julio Croda explica que as discussões sobre a doença continuam em casa. “É um privilégio ter Mariana como esposa, a gente conversa muito tecnicamente sobre a doença, temos uma visão muito parecida, mas a gente também diverge e debate. É um estímulo importante, nossa dedicação ao tema é intensa”.
Prevenção para evitar a segunda onda
Com a rotina intensa de trabalho e pesquisa sobre a Covid-19, o pesquisador sonha com o fim da pandemia e com as férias. Porém, para que isso aconteça, ele diz que a população deve colaborar. Países da Europa já enfrentam uma segunda onda da doença e, para que isso seja evitado no Brasil, é preciso manter as medidas preventivas enquanto a vacina não sai.
O infectologista explica que mesmo em um momento de queda de casos em Mato Grosso do Sul, usar máscaras, manter o distanciamento social e evitar aglomerações são medidas cruciais.
“É importante manter esse alerta, enquanto não tiver vacina, não vai ter solução. O ano de 2021 pode ser muito complicado, o ressurgimento da doença pode acontecer no país. Na Europa temos uma segunda onda clara, espero que população siga em alerta, mantenha medidas preventivas, isso vai evitar o aumento de casos e mortes à medida que vírus se dissemina no estado”.
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