Estado vai duplicar testagem para identificar casos de coronavírus, afirma secretário
Geraldo Resende utilizou live do Governo do Estado para fazer anúncio e também cobrar responsabilidade da população.
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Mato Grosso do Sul deve, a partir desta semana, dobrar as testagens para identificar novos casos de coronavírus (Covid-19), feitas em unidades de saúde e no sistema drive-trhu nas cidades de Campo Grande, Dourados, Três Lagoas e Corumbá. A intenção é permitir um maior acesso à confirmação da doença para que seja iniciado o tratamento e isolamento de infectados.
O anúncio foi feito pelo secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, neste domingo (21), quando ele voltou a cobrar da população responsabilidade nas ações contra a Covid-19, diante do abandono cada vez maior da população das medidas de isolamento social.
“Determinamos a nossa equipe e, a partir desta semana, vamos duplicar a feitura dos chamados testes rápidos e dos testes convencionais de biologia molecular, o RT-PCR, para oportunizar à nossa gente que tenham os exames na hora da procura”, afirmou Geraldo, sinalizando que, com o aumento no volume de casos, a procura pela testagem também aumenta.
O secretário reforçou que, com a medida, a população não precisará “disponibilizar enormes quantias para pagar exames na rede particular. Mato Grosso do Sul é um dos Estados que mais têm feito testagem e devemos procurar suprir com testes as cidades que necessitarem. É somente os gestores municipais, secretários de Saúde e prefeitos, solicitarem a melhor opção de disponibilizar mais testes para que nossa gente tenha acesso”.
Secretário critica aumento das festas com aglomerações durante pandemia de coronavírus
Na abertura da transmissão virtual deste domingo, na qual foram anunciados mais de 5 mil casos e 47 mortes por Covid-19 desde o início da pandemia no Estado, Geraldo se disse “estarrecido” ao constatar, em Campo Grande, que “a população não parece querer contribuir para que, de fato, possamos vencer a luta contra o Covid-19”. Segundo ele, ao passar pela Avenida Afonso Pena e por ruas do bairro onde vive, o Chácara Cachoeira, festas e aglomerações, inclusive em condomínios fechados.
Conforme o titular da SES, tais fatos, registrados em bairros nobres, servem para mostrar também um “apartheid social” em relação à doença e na percepção de muitas pessoas de melhor condição financeira de que o coronavírus não chegará às suas famílias.
“Em Mato Grosso do Sul a doença está confinada, com mortes acontecendo entre a população mais pobre, os indígenas e, principalmente, portadores de doenças crônicas”, afirmou o secretário, apontando que “as camadas mais abastadas da nossa população não estão, de forma nenhuma, dando qualquer contribuição [para o combate à Covid-19]”.
“Eles acreditam que a doença está muito longe, quando ela está muito perto. Tivemos um crescimento exagerado, exponencial, no último mês”, advertiu o secretário, destacando o anúncio de mais 2 mortes –ao longo da transmissão, outras 2 foram confirmadas e serão incluídas no boletim de segunda-feira (22).
A secretária-adjunta de Saúde, Christinne Maymone, reforçou a fala. Ela afirma ter recebido muitas denúncias de festas, campeonatos de futebol com dezenas de participantes e de estabelecimentos comerciais –inclusive bares– com filas para entrar. Ela fez um apelo para os empresários gerenciarem essas situações e impedirem aglomerações antes que se chegue à outra etapa da questão, com formalização de denúncias contra quem descumprir os decretos sobre aglomerações.
“Não é possível que a população não se sensibilize com o quadro que está acontecendo. Teremos, sim, um maior número de mortes e em poucos dias vai aumentar muito a taxa de ocupação [de hospitais]. Em poucos dias, com certeza, você terá um conhecido que veio a óbito pela Covid-19 e vamos lembrar dos churrascos e festas, mas estaremos impedidos até de sepultar [as vítimas] como fazíamos”.
“Se a população não tiver compaixão, não tiver solidariedade com os outros, haveremos de ter dias terríveis em Mato Grosso do Sul, principalmente quando a gente também vê a taxa de ocupação de leitos clínicos e de UTI aumentando a cada dia que passa. Em algumas cidades, já está se chegando no limite prudencial, ou seja, não temos mais como expandir os leitos clínicos e de UTI porque não encontramos sequer profissionais habilitados para irem para essas cidades ou regiões”, alertou Geraldo.
O boletim deste domingo apontou que a taxa de ocupação de leitos de UTI exclusivos para coronavírus no Estado é de 25%, contudo, o uso desses leitos em geral nas cidades segue um ritmo localizado. Em Campo Grande, por exemplo, 68% das vagas totais já foram usadas.
A taxa de fatalidade da Covid-19 no Estado é de 0,9%, segundo o secretário. “Vai ser fundamental, primeiro, a contribuição de cada um na população. Festinhas, bares lotados, o não uso de máscaras e das regras de higiene, as aglomerações que estamos enxergando e vendo todos os dias na Capital e, certamente no interior, vão fazer com que tenhamos um número de maior de casos e, consequentemente, de óbitos”, destacou.
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