Especialistas em catástrofes ambientais reforçam resgate de animais no Pantanal
O resgate a animais vítimas dos incêndios que já destruíram cerca de 2,9 milhões de hectares do Pantanal ganha reforço esta semana. Dois médicos veterinários especializados em resgate a animais vítimas de tragédias ambientais se unem a entidades públicas e privadas para atuarem na linha de frente. A ação coordenada pelo CRMV-MS (Conselho Regional de […]
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O resgate a animais vítimas dos incêndios que já destruíram cerca de 2,9 milhões de hectares do Pantanal ganha reforço esta semana. Dois médicos veterinários especializados em resgate a animais vítimas de tragédias ambientais se unem a entidades públicas e privadas para atuarem na linha de frente.
A ação coordenada pelo CRMV-MS (Conselho Regional de Medicina Veterinária de Mato Grosso do Sul) teve reunião nesse fim de semana para detalhar as ações que serão realizadas. A entidade convoca ainda profissionais e estudantes voluntários para auxiliar nos trabalhos. O planejamento deve ser finalizado ainda nessa segunda-feira (21).
Especialistas em resgate de animais em situação de catástrofe ambiental, os médicos veterinários Cláudio Zago Júnior e Aldair Junior Woyames Pinto estão em Campo Grande planejando as ações antes de partir para o trabalho em campo. Eles atuaram no resgate de animais nas tragédias de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais.
“Estou aqui para que possamos traçar um plano de trabalho de resgate e assistencialismo aos animais do Pantanal vítimas dessas queimadas”, declarou o Dr. Aldair Pinto.
Segundo o presidente do CRMV-MS, Rodrigo Piva, o intuito é utilizar as experiências desses médicos veterinários em desastres para elaborar um planejamento de ações. “Queremos otimizar os esforços de todos os envolvidos”, avaliou.
Plano
O veterinário Aldair Junior quer triangular o perímetro dos focos de incêndio. “O ideal é fazer três bases para triagem e primeiro atendimento desses animais, para que posteriormente, se houver a necessidade, sejam removidos para hospitais veterinários ou locais onde esses animais possam se recuperar e serem devolvidos para a fauna”.
A presidente da Comissão Estadual de Animais Silvestres (CEAS), Dra. Paula Helena Santa Rita informou que o CRMV-MS, em conjunto com o IMASUL, fez o levantamento de equipamentos e veículos necessários para transporte dos animais resgatados. “Temos conversas em andamento com a Base Aérea e também com o CMO para que, se houver necessidade, possamos transportar os animais de grande porte para serem atendidos”.
Apoio
Também colaboram com o planejamento de ações Gizelly Bandeira (conselheira efetiva do CRMV-MS), Magyda Arabia Moussa (presidente da Comissão Estadual de Meio Ambiente – CEMA), Ana Paula Felício (membro da CEMA), Thyara de Deco Souza e Araújo (UFMS e REPROCON), Patricia Medici (Projeto Tatu), Fernanda Mussi Foutoura (Arara Azul), Débora Yougui (Projeto Bandeira & Rodovias), Danilo Kluyber e Arnaud Desbiez (ambos do Instituto de Conservação de Animais Silvestres – ICAS).
Voluntários
Profissionais e estudantes que queiram se voluntariar para ajudar nas ações podem fazer o cadastramento por este link: https://linktr.ee/crmvms
Destruição no Pantanal
Somente no Parque Estadual Encontro das Águas, que abriga grande concentração de onças-pintadas, a destruição alcançou 85% dos cerca de 108 mil hectares, segundo cálculos do Instituto Centro de Vida, que monitora queimadas no País. Fundamental para a preservação do felino, a área atrai milhares de turistas ao Pantanal todos os anos.
No Pantanal, ONGs trabalham tanto para conter as chamas quanto para resgatar animais feridos e providenciar alimentos aos que conseguiram sobreviver. A ONG Panthera tem uma fazenda de cerca de 10 mil hectares. Da área, cerca de 6 mil hectares são acessíveis e poderiam ser poupados do fogo para servir de moradia para a fauna. Cerca de metade desta parte foi salva, o que para a entidade foi uma vitória.
Biólogos afirmam que ainda é cedo para descartar impactos e, caso eles ocorram, pode haver severo desequilíbrio no ecossistema. Como exemplo, o professor da UFMT Victor Landeira destaca que o fogo deixa pelo caminho nutrientes que deveriam estar presos à vegetação. Com as chuvas, o material vai parar dentro de rios e alagados, criando outra vegetação que tomará o oxigênio que deveria ser dos peixes. “O Pantanal pode vir a ter uma cara diferente nos próximos anos.”
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