Fique em casa ou ‘fique sem casa’? Famílias são retiradas de área invadida no Jardim Noroeste

Notificados no último dia 11 de junho, os moradores da Comunidade Casa do Rei Davi estão sendo retirados do local nesta quinta-feira (25). Das mais de 20 famílias, cinco não conseguiram sair por conta própria e nesta manhã equipe do Batalhão de Choque e um oficial de Justiça cumprem a ordem de reintegração de posse. […]

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Notificados no último dia 11 de junho, os moradores da Comunidade Casa do Rei Davi estão sendo retirados do local nesta quinta-feira (25). Das mais de 20 famílias, cinco não conseguiram sair por conta própria e nesta manhã equipe do Batalhão de Choque e um oficial de Justiça cumprem a ordem de reintegração de posse.

A área localizada no final da rua Ubatuba, na quadra 437, no jardim Noroeste, é de propriedade privada e o processo de reintegração está ocorrendo desde fevereiro de 2020 na 12ª Vara Cível de Campo Grande.

Logo após serem notificadas no dia 11, muitas famílias saíram do local, mas as últimas cinco famílias não conseguiram lugar para ir e ficaram ‘à espera da patrola’, que passa no local nesta manhã.

De acordo com o oficial de Justiça, Fábio Batista de Oliveira, os moradores estão sendo citados desde fevereiro tanto pessoalmente quanto por edital e nesta quinta está sendo cumprida a reintegração.

Moradores

Líder da comunidade Agnaldo José de Oliveira, 28 anos, disse ao Jornal Midiamax que no local ficaram 5 famílias que realmente não tem para onde ir. Por volta das 6h desta quinta, a Energisa esteve no local retiram a energia e por volta das 7h a equipe da PM deu o prazo de 1h para saírem.

Fique em casa ou 'fique sem casa'? Famílias são retiradas de área invadida no Jardim Noroeste
Equipe do Batalhão de Choque esteve o local. (Leonardo de França)

“Tinhamos 1h para retirar as coisas. Vou colocar tudo na rua. Eu e meus filhos, um de 26 dias e outro de 4 anos, vamos para a rua. Nos deram prazo, mas não conseguimos lugar para ficar. É uma mistura de tristeza e raiva. Parece que as pessoas não têm coração”, desabafa.

Segundo ele, os outros moradores desmontaram o barraco e saíram por conta própria, mas as famílias que ficaram não sabem o que vão fazer.

“Ficaram 5 famílias que não tem para onde ir, como vamos deixar crianças no sereno? Vou ter que fazer meu barraco na rua. Queria um dia para desmontar pelo menos. Nos forneceram uma camionete para tirar as coisas, mas vamos levar para onde? Para baixo do pontilhão? ”, diz.

Sem ter quem desmontasse o barraco, a avó de 3 crianças, Eliane de Souza, 45 anos, acredita que a retirada seja um ato de crueldade. “Vou ter que colocar tudo na rua. Onde esse povo todo vai ficar? É muita crueldade. ”, desabafou.

Jesus da Silva, 77 anos, já foi morador de rua e há pouco conseguiu construir um barraco no local, mas agora se vê voltando novamente para as ruas. “Eu morava embaixo da ponte, não tenho para onde ir, vou ter que voltar para lá”, diz.

Reintegração

Vencido o prazo da 1h, por voltadas 8h30 o Batalhão de Choque entrou na Comunidade e começou a retirada das famílias de forma coercitiva. No local participam da ação aproximadamente 20 policiais cumprindo a ordem judicial e por volta das 09h08 a patrola entrou para derrubar os barracos que sobraram.

Por se tratar de área particular, a ação não compete à Prefeitura de Campo Grande, sendo de responsabilidade do proprietário da área.

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Marinete Pinheiro
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