Fábrica diz que compra de ônibus que livrou Consórcio Guaicurus de multa não está fechada

A suposta compra de 55 ônibus para repor veículos velhos que circulam vencidos em Campo Grande ainda não foi fechada pelo Consórcio Guaicurus, segundo informou oficialmente a fábrica. De acordo com a Marcopolo, a aquisição, que foi anunciada publicamente como efetivada, e livrou as empresas de ônibus de uma multa de R$ 2,7 milhões, ainda […]

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Ônibus do transporte coletivo de Campo Grande (Divulgação)
Ônibus do transporte coletivo de Campo Grande (Divulgação)

A suposta compra de 55 ônibus para repor veículos velhos que circulam vencidos em Campo Grande ainda não foi fechada pelo Consórcio Guaicurus, segundo informou oficialmente a fábrica. De acordo com a Marcopolo, a aquisição, que foi anunciada publicamente como efetivada, e livrou as empresas de ônibus de uma multa de R$ 2,7 milhões, ainda está em fase de negociação com os empresários que exploram o transporte coletivo urbano campo-grandense.

Já em nota enviada na noite desta sexta, a empresa confirma que a negociação está fechada, porém, admite que dados básicos sobre os ônibus ainda sequer foram definidos. Por esse motivo, ainda segundo a empresa, não houve início da fabricação das carrocerias e, com isso, a ordem de produção não foi lançada no sistema, gerando assim o desencontro nas informações repassadas.

A Marcopolo fabrica carrocerias de ônibus e foi confirmada pelo diretor-presidente da Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos), Vinícius Leite Campos, como a responsável pela fabricação dos veículos que teriam sido comprados para livrar as empresas de multa prevista em contrato.

No entanto, de acordo com a assessoria de imprensa da Marcopolo em contato do Jornal Midiamax, a compra ainda não foi fechada entre empresa e Consórcio. “A negociação está em andamento, mas ainda não foi fechada”, informa a fabricante em ligação telefônica gravada na manhã desta sexta.

Consórcio nunca foi multado

Não é a primeira vez que os empresários são flagrados descumprindo as regras da concessão milionária e deixando ônibus velhos rodando em Campo Grande. Mesmo assim, nunca uma multa prevista contratualmente foi aplicada por nenhum prefeito ao Consórcio Guaicurus.

Ante a insistência da reportagem, já que a compra foi anunciada oficialmente em Campo Grande como efetivada, a empresa foi taxativa e ainda informou que o negócio está “conversado, mas assinado ainda não”.

Apesar do desencontro de informações, a Agereg, órgão municipal que deveria zelar pelo cumprimento dos contratos de concessão, se limitou a repetir que o Consórcio confirmou que os chassis já estariam na Mercedes-Benz e seriam encaminhados a Marcopolo em 30 dias.

Ainda conforme a Prefeitura de Campo Grande, como Consórcio havia apresentado um ofício confirmando a aquisição de mais 55 ônibus, a multa de R$ 2,7 milhões imposta ao Consórcio foi suspensa pela Agereg por 90 dias.

“O Consórcio nos apresentou o documento de aquisição dos veículos, mas a empresa responsável pela venda pede 90 dias para entregar. Após isso, vamos reavaliar o caso”, disse o diretor-presidente em entrevista ao Jornal Midiamax na terça-feira (28).

A Marcopolo, confirmou, por meio de sua assessoria, que estabeleceu um prazo para a entrega dos veículos, mas ainda espera que nos próximos dias a compra seja oficializada pelo Consórcio.

A Agereg não estranha. Nesta sexta-feira (31), Leite afirmou que não teria motivos para duvidar da comprovação entregue pelo Consórcio, porém caso o documento não for verídico, ele indicou que aplicaria novamente a multa de R$ 2,7 milhões.

90 dias esticados até outubro

Já em conversa com o prefeito Marquinhos Trad (PSD), durante agenda no final da manhã desta sexta-feira, ele afirmou que é “otimista” em relação a aquisição dos ônibus pelo Consórcio Guaicurus. “Nos foi apresentado o ofício do Consórcio com a aquisição de 55 novos ônibus. Não sou pessimista, como o Midiamax está sendo. Sempre fui positivo, inclusive estou crente de que o Vasco não vai cair”, brincou.

Assim como a suposta compra dos ônibus que estão vencidos há tempos, não é certa a permanência do time carioca na primeira divisão do Campeonato Brasileiro de Futebol.

Inicialmente, o prazo de 90 dias concedido para suspender a multa milionária terminaria exatamente em agosto, mês do aniversário de Campo Grande. Mas, a Prefeitura já admite ‘esticar’ esses três meses até outubro.

Marquinhos ainda declarou que os novos veículos devem começar a circular pelas ruas de Campo Grande a partir de outubro, prazo maior que os 90 dias que o diretor-presidente havia passado. “Só não vai chegar em agosto porque a própria fábrica assumiu a impossibilidade, diante de tantos pedidos, para entrega em agosto, mas em outubro 55 novos ônibus”.

Descaso com cláusulas da concessão

No total, estão em circulação 550 ônibus e 57 na reserva, desses, pelo menos estão 48 vencidos e 80 prestes a vencer. Por conta dessa situação, no início deste mês a Agência deu o prazo de 15 dias para que o Consórcio renovasse a frota, sob a pena de multa por desobediência ao contrato, no valor de R$ 2,7 milhões.

O Consórcio chegou a recorrer à Justiça para solicitar que uma perícia seja feita no contrato de concessão do transporte público da Capital. Na ação, a empresa alega enfrentar dificuldades econômicas causadas por “desajustes/fatos novos ocorridos após o contrato”.

Em entrevista no início da semana o diretor-presidente da Ageref afirmou que a prefeitura aguarda a decisão judicial para fazer uma possível revisão. O responsável por julgar o processo é o juiz Marcelo Andrade Campos da Silva, da 1ª Vara de Fazenda Pública e Registrou Públicos, que já determinou a notificação à Prefeitura.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do Consórcio Guaicurus e aguarda manifestação dos empresários sobre a suposta compra.

Leia nota da empresa:

A Marcopolo esclarece que, diferentemente do que foi publicado no portal Midiamax, a compra de 55 novos ônibus efetuada pelo Consórcio Guaicurus está confirmada. Apenas a empresa está aguardando do cliente as definições técnicas dos veículos para que os mesmos possam entrar em produção. Sem essas configurações técnicas, tais como cores e revestimentos internos, prefixos de frota e esquema de pintura detalhado, entre outros, os veículos não entram na ordem de produção da fábrica e, então, não são lançados no sistema, o que gerou o desencontro na informação passada nesta manhã de sexta-feira (31/05) pelo assessor de imprensa da fabricante, em conversa telefônica com a repórter da referida publicação.

Atualizada para acréscimo de informações às 22h01

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