Pagamento de atrasados da Minerworld será parcelado e pode demorar até 2 anos

Quitação à vista será somente em mcash, moeda criada pela empresa

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Quitação à vista será somente em mcash, moeda criada pela empresa

Empresa que afirma minerar bitcoins no Paraguai e na China, a Minerworld anunciou a seus associados, no último dia 31 de janeiro, o plano de liquidez que promete quitar os atrasos de repasses de lucros, reportados desde outubro. No entanto, quem optar por receber os valores à vista terá que se contentar com o ‘mcash’, a criptomoeda criada pela empresa, conforme comunicado enviado pela empresa a seus associados.

De acordo com a Minerworld, foram disponibilizadas três modalidades de quitação possíveis, com início de pagamento da primeira parcela a partir do próximo dia 16 e até o dia 23 de fevereiro. O primeiro deles, com liquidação à vista do contrato, pagará valor integral dos lucros, porém, somente em mcash, e não em bitcoin.

Pagamento de atrasados da Minerworld será parcelado e pode demorar até 2 anos

O comunicado também informa que “o pagamento será feito de acordo com as parcelas em dólar, de acordo a cotação do bitcoin no dia”, mas não deixa claro se a cotação do bitcoin adotada será a do dia em que o associado optar por um plano de pagamento ou se a cotação levará em conta o valor do bitcoin em dólar no dia em que o pagamento da parcela for executado.

A reportagem questionou a empresa sobre esta informação, mas até o momento não recebeu resposta.

Nova plataforma e polêmica

Para receber os valores atrasados, a empresa criou uma nova plataforma – a Miner.360 – que, segundo a Minerworld, permitiria o auditamento das quantias a serem pagas, processo que deve ser concluído até o dia 12 de fevereiro. Quem não fez o registro na Miner.360 até o último dia 31 de janeiro, no entanto, só terá acesso novamente para a área de cadastro a partir do dia 13, conforme anúncio da empresa, e terão pagamento da primeira parcela ou do valor único no mês subsequente.

O plano de liquidez também reacende a polêmica em torno da credibilidade da empresa – que é investigada pela PF sob supeita de funcionar em esquema de pirâmide financeira – já que prevê pagamento em mcash. É que a criptomoeda criada pela empresa não tem relevância ou valor cambial significativo no mercado de moedas virtuais. Além disso, a estratégia de pagamento dos passivos anunciada nas última semanas é apontado por especialistas em crimes contra a economia popular como um ‘restart’, ou seja, tentativa de dar sobrevida ao suposto golpe, bastante comum em esquemas de pirâmide.

Instalações da mineradora em Hernandarias, no PY, inaugurada no último dia 28 (Reprodução/Youtube)

Vale destacar que a empresa também sofreu parecer desfavorável do CVM (Comitê de Valores Mobiliários) após a entidade identificar indícios de crime contra a economia popular. A Minerworld afirma não ter sido notificada pelo MPF (Ministério Público Federal) acerca de qualquer investigação que eventualmente esteja sendo executada. O plano de liquidez da empresa é anunciado poucos dias depois do que teria sido a inauguração da primeira fazenda de mineração da Minerworld em Hernandarias, no Paraguai – a Minertech – no último dia 28. Além dessa, haveria mais quatro unidades – não comprovadas – na China, totalizando cinco fazendas de mineração vinculadas à empresa.

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