#CG119 anos: Mais de 28 mil famílias vivem na miséria em Campo Grande

Mato Grosso do Sul tem pelo menos 124 mil famílias vivendo na miséria. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), o estado ocupava em 2015 o 24º lugar no ranking da pobreza. Roraima, Acre e Amapá lideravam a estatística.  Citando dados do IBGE de 2011, a prefeitura de Campo Grande traçou o mapa da […]

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Mato Grosso do Sul tem pelo menos 124 mil famílias vivendo na miséria. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), o estado ocupava em 2015 o 24º lugar no ranking da pobreza. Roraima, Acre e Amapá lideravam a estatística.  Citando dados do IBGE de 2011, a prefeitura de Campo Grande traçou o mapa da miséria na Capital: Los Angeles, Núcleo Industrial, Lageado, Nova Lima, e Centro Oeste estão entre as regiões mais pobres. Nos últimos anos, regiões como Parque do Sol e Portelinha passaram a integrar esse mapa.

Em bairros com baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), medido por padrão de vida digna, conhecimento e risco juvenil, não é raro encontrar famílias com pelo menos quatro integrantes que sobrevivem com R$ 195 por mês. Pode parecer impossível imaginar que uma família com quatro pessoas consiga sobreviver com esse valor, mas essa é a realidade de muita gente.

Na casa de Rosinete Rodrigues Menezes de 32 anos, a pouca comida na mesa é garantida pela verba que vem do Bolsa Família, programa do governo federal que beneficia mais de 13 milhões de famílias brasileiras. Em Campo Grande mais de 28 mil recebem o benefício. O desemprego é uma constante e o pouco dinheiro que entra vem dos bicos. A falta de qualificação profissional nesses bairros dificulta a conquista de uma vaga no mercado de trabalho.

Nesses bairros o cenário é o mesmo: ruas sem asfalto, muita poeira, mato alto, e falta de equipamentos sociais como praças esportivas e escolas. No Residencial José Teruel Filho, na região do Parque do Sol, um dos locais onde se concentra maiores índices de extrema pobreza em Campo Grande, a situação não é diferente.

 

#CG119 anos: Mais de 28 mil famílias vivem na miséria em Campo Grande
Foto: Henrique Kawaminami

Para sustentar os cinco filhos, Rosimeire Cardoso de Freitas de 36 anos, montou um depósito de lixo em frente ao barraco onde mora. O marido dela cata todo tipo de lixo reciclável na expectativa de conseguir um dinheiro extra. Mas ainda assim é pouco. “Vivemos no limite e para completar, minha filha de 15 anos está gravida. Não sei como vamos fazer para sustentar essa criança que vai nascer. ”

 

#CG119 anos: Mais de 28 mil famílias vivem na miséria em Campo Grande
Foto: Henrique Kawaminami

Em outro ponto do residencial, mora uma boliviana de Puerto Quijarro, que, por estar no Brasil de maneira irregular, vai ser identificada como L.S.S. Ela veio para Campo Grande acompanhar o marido brasileiro. L.S.S já tinha um filho nascido na Bolívia e teve mais três com o atual companheiro.  Ela não recebe nenhum benefício do governo, por não ter permanência definitiva no Brasil e sustenta a família com a pequena renda do marido. “Ele está desempregado no momento. Sustentamos as crianças com o que ele consegue levantar através de trabalhos paralelos. Mas minha maior preocupação é meu filho mais velho, de 14 anos, que não tem nem carteira de identidade”, lamenta.

L.S.S diz que o filho de 14 anos perdeu muitas oportunidades por não ter documentos. Para solicitar permanência definitiva, ela e o menino precisam voltar para a Bolívia e a mulher não tem dinheiro nem para comprar as passagens.

Todas as famílias que moram lá foram retiradas de seus barracos, na antiga favela Cidade de Deus e colocadas em um local parecido, mas com outro nome.  Rosinete Rodrigues Menezes tem cinco filhos e junto com o marido, sustenta a família com R$375. Ela consegue pagar as contas de água e luz, mas de acordo com Rosinete não sobra dinheiro para a compra de remédios. “Quando uma das crianças fica doente, as outras vão ficando também e eu me desespero. Com o que a gente ganha não dá para comprar remédios. ”

 

#CG119 anos: Mais de 28 mil famílias vivem na miséria em Campo Grande
Foto: Henrique Kawaminami

 

 

Benefícios

O governo federal disponibiliza alguns benefícios para pessoas que vivem em situação de extrema pobreza: bolsa família, minha casa, minha vida, aposentadoria para pessoa de baixa renda e isenção de taxas em concursos públicos.

Para receber esses benefícios é necessário atender pré-requisitos e ter o Cadastro Único, que é um conjunto de informações sobre as famílias brasileiras em situação de pobreza e extrema pobreza. Campo Grande tem em seu registro, 118.651 famílias e indivíduos no Cadastro Único, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento Social. Essas informações são utilizadas pelo governo federal, estados e municípios, para implementação de políticas públicas, capazes de promover melhor condição de vida para essas famílias. Para saber se você tem direito a algum benefício clique aqui.

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Foto: Henrique Kawaminami

 

Sem esperanças

Rosimeire, L.S.S e Rosinete, não acreditam em mudança se depender das autoridades públicas. “Esse ano começa a aparecer um monte de político aqui pedindo voto. Eu acho uma tremenda vergonha esse pessoal vir prometer coisas que não vão cumprir. Alimentar qualquer esperança é perda de tempo”, lamenta Rosinete.

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