Cansado de esperar por reformas, Conselho Comunitário revitaliza mais um ponto de ônibus

Cansados de esperar a chegada de melhorias, moradores da região do Pioneiros decidiram se unir e por conta própria revitalizaram no domingo (19) um ponto de ônibus na Rua Mirai, no bairro Porto Galo. Com sacas de cimento, pedra, areia, tinta e muito trabalho colaborativo, o grupo de cerca de dez pessoas passou o dia com a “mão na massa”.

O ponto revitalizado é apenas mais um de vários outros equipamentos reformados a partir de trabalho coletivo iniciado há cerca de dois anos, quando foi fundado o “Conselho Comunitário de Segurança Pioneiros e Região”.

Com cerca de 30 bairros, a região tem população estimada atualmente em 30 mil habitantes. É, também, uma das que mais cresce na Capital – parte disso devido à construção de diversos conjuntos habitacionais no entorno, que incham a densidade demográfica.

O Conselho atua justamente neste quesito. Para seus integrantes, o olhar da Prefeitura sobre o bairro está relacionado ao interesse que os moradores têm por onde vivem. Assim, com o objetivo de despertar interessa da população no próprio cotidiano, principalmente em relação à segurança pública, o grupo já devolveu ao entorno seis pontos de ônibus, que agora contam com calçada acessível, banco e proteção contra a luz solar.

“Essas ações são importantes para que o cidadão venha se conscientizar e dar valor à sua comunidade e possa cobrar atitude do poder público. Queremos despertar o interesse pelo cuidado desses equipamentos. E o Conselho tem ajudado as pessoas a tomarem frente disso, pois a gente cansou de esperar”, conta o empresário e profissional de educação física Rander Nelly, de 33 anos, que atendeu a reportagem.

Integrante do Conselho Comunitário, Rander fez questão de enfatizar que as revitalizações encabeçadas pelo grupo são esforço de ações coletivas. “A gente procura comerciantes e a população. Conversamos sobre o que podemos fazer, toda decisão é tomada de forma democrática. Os recursos vêm de doações”, destaca.

Mãos à obra

Para a revitalização ocorrida no domingo, cerca de R$ 300 foram investidos em material de construção, parte deles doados pela Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), mas não o suficiente. A mão de obra foi 100% colaborativa.

No domingo, o trabalho começou cedinho. Enquanto uns livravam a calçada de vegetação e faziam o desenho das intervenções, outros já trabalhavam no canteiro e misturavam o cimento com a pedra e a areia, para em seguida darem início à execução do projeto.

Na metade do dia, a estrutura já estava transformada, mesmo sem ainda receber a pintura final.

“É complicado ficar esperando o poder público agir. De acordo com a Prefeitura, temos até uma praça no bairro. Só que essa ‘praça’ é um terreno que não tem nem banco, nem nada. Somos uma comunidade de mais de 30 mil habitantes. Se todo mundo se interessar por fazer, a gente consegue melhorar nossa qualidade de vida. Hoje devolvemos à comunidade um ponto de ônibus acessível e mais confortável”, conta Rander.

O Conselho

A estratégia de reformar pontos de ônibus deu tão certo que o Conselho cresceu. Com mais membros, só de março a agosto do ano passado, foram três equipamentos revitalizados a partir da atividade coletiva.

Presidido por Aldinei Francisco dos Santos, o Conselho Comunitário de Segurança da região surgiu há cerca de dois anos com o objetivo de integrar a comunidade com as autoridades policiais e com ações que resultem na melhoria da qualidade de vida da população. A integração entre a população e as forças de policiamento também avançaram. De acordo com Rander Nelly, eles observam uma mudança.

“Existe esse medo de policiais. Por conta disso, muitos deixam de denunciar crimes ou pessoas com atividades suspeitas. O que queremos é romper com isso, estabelecer uma relação mais transparente, para que os moradores se sintam mais à vontade de fazer denúncias. Atualmente, temos até grupos para comerciantes, para acionar viaturas, etc. E também fiscalizamos se a polícia está cumprindo adequadamente o papel dela”, aponta.

Comemorando o sexto equipamento entregue, uma próxima revitalização ainda não tem data marcada.

“Vai depender da comunidade. E a gente deve esperar a campanha eleitoral acabar, para não aparecer ‘padrinho’ do nada. Depois disso, voltaremos a trabalhar. Mas temos que destacar que tudo isso vai depender do envolvimento da comunidade: se todo mundo se unir, a gente faz. Inclusive, estamos sempre procurando doações, como cimento, pedra, areia, mesmo para quem é de fora da região”, conclui.

Entre em contato com o Conselho Comunitário de Segurança Pioneiros e Região pelo Facebook.