No primeiro dia do ano, família chora perda de empresário morto por PRF

Com 7 irmãos, Adriano batalhou até se tornar empresário

“A família acabou”. Essas foram as palavras de um dos sete irmãos de Adriano Correia do Nascimento durante o velório do caçula, que foi assassinado na manhã de sábado (31). Neste domingo, primeiro dia de 2017, familiares e amigos se reúnem para se despedir do empresário, que batalhou para dar aos irmãos a oportunidade de trabalhar.

O velório de Adriano acontece na Pax Mundial, na Vila Moreninha II, onde a maior parte da família do empresário morava. Edmilson Dias do Nascimento, de 51 anos, irmão de Adriano, disse que todos estão muito abalados e chocados com o ocorrido. “A família está arrasada. Ele era o caçula, o filho que deu certo”, disse.

A mãe de Adriano, de 69 anos, tentou ir ao velório por duas vezes, mas, inconsolável, passou mal e precisou ser levada embora e medicada. Amigo de Adriano há mais de 7 anos, Jocemar Gutierres contou que todos estão revoltados. “Não vamos deixar o caso ser esquecido. Ao contrário do que o policial alega, não foi legítima defesa”, disse.

Outro amigo de Adriano, que preferiu não se identificar, se revolta com a justificativa do policial, que alegou legítima defesa. “Ele matou o Adriano, não foi legítima defesa, foi homicídio”. O enterro do empresário será às 15 horas deste domingo, no Cemitério Nacional Parque da Vila Moreninha IV.

Relembre o caso

No sábado (31), o policial Ricardo Hyun Su Moon foi preso após matar Adriano a tiros. O caso aconteceu na Avenida Ernesto Geisel, nas proximidades da Rua 26 de Agosto. O crime teria começado com uma briga de trânsito.

Conforme o relato do policial, Adriano conduzia a camionete Hilux quando teria ‘fechado’ o policial, que seguia em uma Pajero. A partir daí, ainda segundo o relato do policial, ele teria feito abordagem aos ocupantes da Hilux, que não teriam parado.

O policial ainda disse que teria feito abordagem por suspeitar que os ocupantes da Hilux estivessem embriagados, mas como o motorista decidiu ir embora, ele atirou. Ao contrário dos comuns acompanhamentos táticos feitos pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) nas estradas, em que os policiais atiram nos pneus para que os veículos parem, o policial atirou na camionete.

Adriano foi atingido por tiros e morreu no local, colidindo a camionete em um poste, que caiu em cima do veículo. O primo de 17 anos foi atingido por tiros nas pernas e o tio dele sofreu ferimentos no braço por conta do acidente. O policial não chegou a ser preso no local, foi levado para a delegacia e prestou depoimento. Ele recebeu voz de prisão do delegado, por homicídio e tentativa de homicídio, e deve passar por audiência de custódia na segunda-feira (2).

*Foto: Thatiana Melo