Sem resolver problema, Prefeitura espalha favela em Campo Grande

Moradores do Cidade de Deus contam com lona para recomeçar

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Moradores do Cidade de Deus contam com lona para recomeçar

As famílias removidas da Cidade de Deus na manhã desta segunda-feira (7) nem sequer chegaram ao terreno localizado na Rua Renato Nasser, no Vespasiano Martins, próximo do Los Angeles, na região sul de Campo Grande e já são alvos de questionamentos dos vizinhos. Os moradores acreditam que a transferência não resolve o problema e vai apenas espalhar a favela.  

“Vai ser apenas a mudança de um lugar para outro, mas vai continuar sendo favela”, afirma Solange Matos, de 43 anos, que mora na região com a família há 14 anos. “Não somos contra a vinda deles para cá, mas não queremos barracos”, diz Joselina Chimendes, que também mora há 14 anos na região.

Estela Maris Rocha, de 30 anos, ressalta que não é contra os futuros vizinhos. Ela afirma que a preocupação é quanto às condições da nova área. “Eu creio que todos têm direito a moradia, mas esse terreno fica atrás de um Centro de Educação Infantil que teve a obra paralisada há três anos. Se a Prefeitura não terminou de construir o Ceinf, também não vai construir as casas para essas famílias”, observa.

Carmem Farias também critica as condições do local. “A nossa preocupação é com a forma com que essas famílias serão instaladas. Não dá para tirar de um lugar o jogar em outro. Aqui não tem posto de saúde, não tem estrutura adequada e ainda vão deixá-los em barraco”, afirma. 

Equipes da Emha (Agência Municipal de Habitação de Campo Grande), SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social), Guarda Civil Municipal e um grupo de demolição orientaram os moradores durante a remoção. Conforme as informações, a equipe de demolição deve desmanchar os barracos, no entanto, sem danificar materiais que podem ser reutilizados na construção de novos barracos, que a princípio serão montados nas áreas de transferência.

Os moradores vão receber alimentação e nesta terça-feira (8), a Prefeitura vai disponibilizar cesta básica para as famílias. Nesta manhã, os moradores cadastrados receberam lonas para que possam se instalar na nova área. 

Em dezembro de 2015, o diretor-presidente da Emha, Dirceu Peters, disse que as famílias iriam receber um lote de no mínimo 10 por 20, próximo da Cidade de Deus. Hoje ele informou que os terrenos terão metragens diferenciadas e a distribuição irá obedecer as informações contidas no cadastro.

Peters informou ainda que as equipes da Secretaria vão ajudar a levantar os novos barracos. Conforme a assessoria de comunicação da Prefeitura, as famílias terão crédito no Banco Canindé para poder comprar materiais de construção para poderem construir casas de alvenaria. Ainda segundo as informações, o Município vai subsidiar os terrenos e o valor será dividido entre a Prefeitura e os moradores.

Funcionários da Energisa e da Águas Guariroba estiveram na Cidade de Deus para fazer o desligamento dos serviços nos locais que foram desocupados nesta manhã. O serviço será regularizado nas áreas de transferência. 

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