Secretário abre sindicância para apurar ‘fura filas’ de cirurgias na Capital

Denúncia foi feita pelo Jornal Midiamax

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Denúncia foi feita pelo Jornal Midiamax

O secretário de saúde de Campo Grande Ivandro Fonseca anunciou nesta segunda-feira (15) uma sindicância para poder investigar regulação clandestina da saúde, denunciada pelo Jornal Midiamax, para furar filas de consultas e cirurgias na Capital.

 “Após a sindicância, vamos procurar a polícia. Pessoas estão tomando a iniciativa de furar fila e a investigação apontará o motivo da superlotação nas unidades de saúde. Pessoas não conseguem leitos e esperam por cirurgias anos e anos”.

Ivandro disse que a investigação está em fase inicial. “Temos suspeitas de que existam agenciadores cobrando de pessoas do interior por consultas e cirurgias já pagas pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

O esquema foi mostrado por meio de sindicância já concluída na Santa Casa de Campo Grande e divulgada pelo Jornal Midiamax, quando o médico Jaime Oshiro foi demitido. sob suspeita de cobrar R$ 1,5 mil de uma trabalhadora rural analfabeta vinda de Fátima do Sul para fazer procedimento de retirada de vesícula, no dia 22 de dezembro. A existência do esquema está sob investigação sigilosa do MPE (Ministério Público Estadual).

A situação foi descoberta quando a operação estava por acontecer, pelo sistema público de saúde, apesar do valor repassado ao médico, conforme o relato da paciente. Depois de ouvir 10 pessoas – entre médicos, profissionais de enfermagem, o próprio cirurgião, o defensor dele, a paciente e a filha dela – os quatro profissionais a cargo da sindicância concluem, em seu relatório, que a história da denunciante indica que o processo pelo qual ela chegou até à mesa de cirurgia “assegura um mecanismo mais ágil para a realização do procedimento cirúrgico, sugerindo a configuração de uma rede para que a ação tivesse êxito”.

Em outro caso de 2013, por exemplo, um dos médicos mais conhecidos da Santa Casa, o cirurgião cardíaco João Jasbik esteve envolvido em uma denúncia do tipo. Ele continua atuando.

Na sindicância, os profissionais afirmam que a apuração não seria de competência deles, e que fica a “cargo de outras instâncias a avaliação do cenário externo”.

O depoimento paciente, como anota a análise final da sindicância, indica que a tal “rede” começa ainda na cidade de origem. A trabalhadora afirma ter vindo do hospital em Sete Quedas, a 465 quilômetros de Campo Grande, onde estava internada com diagnóstico de pedra na vesícula, já com a indicação de procurar o “dr Jaime” e ficar na “pensão do Sidney”, localizada na Rua Rui Barbosa, em frente ao hospital.

Segundo ela, no dia 21 de dezembro, um funcionário da pensão a levou ao consultório do médico, na Rua Abraão Júlio Rahe, na mesma região, em um veículo do estabelecimento. Lá, diz ter pago R$ 800 pela consulta e mais R$ 1,5 mil pelo procedimento de retirada da vesícula, uma cirurgia que, particular, custa pelo menos o triplo, sem considerar os gastos com internação.

O combinado com o médico, conforme a paciente, foi de ir para a Santa Casa à noite, durante o plantão, e de não falar com ninguém até que o encontrasse. A sindicância registra que o médico descumpriu o fluxo normal do hospital, pois ela deveria ter sido internada pelo plantonista e não por Oshiro, que não estava atuando na cirurgia neste dia. Ainda assim, ele marcou o procedimento para o dia seguinte, 22 de dezembro, quando tudo foi descoberto pelo anestesista, quando a trabalhadora revelou haver pago por um procedimento particular. A operação foi suspensa, e o caso passou a investigado. A trabalhadora só fez o procedimento dois dias depois, com outro profissional.

A forma como a paciente chegou ao hospital também ignora o sistema de regulação de vagas estadual, que define a distribuição de vagas para pacientes do interior. Em sua conclusão, a comissão de sindicância sugere à Santa Casa que a Santa Casa analise “o critério de encaixe de cirurgias de urgência ou crie um sistema de auditoria para avaliar a procedência dos encaixes das cirurgias”.

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