Indicado por Marun, coronel aguarda fim de ocupação para assumir Funai em MS
Índios não aceitam nomeação e pressionam Funai
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Índios não aceitam nomeação e pressionam Funai
O coronel da reserva Renato Vidall Sant’anna, nomeado na quinta-feira (10) para a CR (Coordenação Regional) da Funai (Fundação nacional do índio) em Campo Grande, afirma que foi indicado pelo deputado federal Carlos Marun (PMDB). O coronel também explica que aguarda orientação da Funai para assumir o cargo, já que a nomeação não foi bem recebida pelos índios, que ocuparam a sede da Fundação em protesto.
“Eu recebi uma ligação de Brasília perguntando se eu poderia… que o meu nome tinha sido selecionado pra uma missão, militar usa muito esse termo missão”, afirmou. Questionado sobre a ligação – feita de acordo com o coronel, há um mês e meio -, declarou que foi o deputado Carlos Marun. “Ele falou que meu nome tinha sido indicado e se eu aceitaria essa incumbência e explicou mais ou menos o que seria”, explicou.
O coronel não tem previsão para assumir o posto. “Eu não sei, depende deles [Funai]. Está havendo essa reação e a Funai pediu pra que eu esperasse”.
O coronel é natural do Estado de São Paulo. Casado com uma corumbaense, conforme explicou, vive na cidade há oito anos. Na reserva militar há seis anos, contou que já serviu em São Paulo, Pará e Mato Grosso do Sul, onde atuou em Corumbá, na Capital e em Porto Murtinho, no Forte Coimbra.
“A gente nessa vida militar conhece muitas pessoas, foram 36 anos de serviço ativo. Queriam alguém e lembraram de mim”, afirmou. O coronel negou que seja proprietário rural, e afirmou que a reportagem no site do PSDB que afirma que possui uma propriedade em Marabá não é verdade. “Eu fui o oficial que foi apurar o inquérito militar no local à época. Ela colocou eu como sendo proprietário. Gostaria muito de ser proprietário rural, mas infelizmente não sou”, contou.
Questionado sobre a reação dos índios à nomeação, o coronel declarou que ‘está pronto para pronto para trabalhar, e vestir a camisa da causa indígena’. Sobre ‘vestir a camisa’ ele explicou que fará “o que está previsto no site da Funai”. “A gente vê essas matérias dos problemas indígenas. Tudo que eu puder fazer pra colaborar eu farei”, disse.
O contato com povos indígenas, de acordo com ele, se deu na Amazônia e em Porto Murtinho. “Quando eu servi na Amazônia eu tive contato com atividades cívico-sociais junto aos povos indígenas e em Forte Coimbra também tive contatos”.
“Sozinho você não consegue fazer absolutamente nada”, declarou, afirmando que irá pedir auxílio de pessoas com experiência na área.
Ocupação
Indígenas continuam ocupando a coordenação regional da Funai (Fundação Nacional do Índio), em Campo Grande. As lideranças começaram a chegar ao órgão federal na tarde da quinta-feira (10), após o presidente Michel Temer (PMDB) publicar, no DOU (Diário Oficial da União), a exoneração o então coordenador, Evair Borges, que é indígena da etnia Terena.
No local, estão cerca de 50 indígenas. Hekeré Terena, liderança da Aldeia Aldeinha, de Anastácio a 134 quilômetros de Campo Grande, informou que lideranças de todo o Estado são esperadas, totalizando pelo menos 90 pessoas.
“O Governo Federal desrespeitou todas as barreiras. Não conversou com a comunidade para nomear um coronel ruralista. Queremos a reintegração do antigo coordenador, que é indígena”. Ainda conforme a liderança, a Funai de Dourados, a 225 quilômetros de Campo Grande, também está ocupada.
Para lideranças e índios ouvidos pelo Jornal Midiamax, a nomeação de um militar para a função de coordenador, é um ‘retrocesso aos avanços conquistados’. Desde 1980, conforme explicaram, a coordenação da Funai vem sendo ocupado por indígenas.
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